Os 30 discos brasileiros que você deveria ter ouvido este ano

Coluna_Luiz_Chagas

30-Mosaico
O ano de 2013 chega ao fim e deixa um belo legado para a música popular brasileira. Seja na música instrumental ou nas canções letradas, seja no samba, no rap, no rock ou no pop, seja com artistas novos ou já consagrados, o fato é que a produção foi vasta. 

Sem a pretensão de eleger os melhores do ano e consciente de que muita coisa boa ficou de fora, a Brasileiros apresenta uma lista de 30 trabalhos de grande qualidade produzidos ao longo deste 2013. Quase todos estão com links para os sites dos artistas ou para páginas onde é possível ouvir e baixar os trabalhos.

Divirta-se, e que venha 2014!

PASSO TORTO – “PASSO ELÉTRICO” 
“Eles estão aí outra vez: Romulo Fróes, Rodrigo Campos, Marcelo Cabral (Criolo) e Kiko Dinucci (Metá-Metá). O segundo disco do supergrupo paulistano mantém a combinação invenção/tradição sempre sob as vistas e dedos de Carlos (Cacá) Lima, o mago técnico da YB – ouvir Anvil FX. Cavaquinhos e violões abriram caminho para guitarras cheias de efeitos. A novíssima tradução de São Paulo.” – Luiz Chagas
NANÁ VASCONCELOS – “4 ELEMENTOS”
“Mestre Vasconcelos, em plena forma, continua fazendo trilha sonora para o universo. A partir de Légua Tirana, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, que cantava quando criança enfeitada com rabeca e violoncelo, o músico ilustra com sons os elementos Terra, Fogo, Água e Ar – ‘Astronautas africanos coreografando uma dança nos anéis de Saturno’, explica.” – Luiz Chagas
DO AMOR – “PIRACEMA”
O segundo disco da banda carioca, concebido em uma fazenda no RJ, segue dialogando com estilos que vão do rock inglês ao carimbó. Gustavo Benjão, Marcelo Callado, Gabriel Bubu e Ricardo Dias Gomes mostram mais uma vez grande talento tanto como instrumentistas quanto como compositores. Leia aqui a matéria publicada na Brasileiros.
DJ TUDO E SUA GENTE DE TODO LUGAR – “PANCADA MOTOR – MANIFESTO DA FESTA”
“Mix Global – Misto de músico, produtor, pesquisador e peregrino, Alfredo Bello, o DJ Tudo, roda o mundo, Brasil principalmente, coletando cultura que devolve em um mix fascinante. Exemplo: Pancada Motor é ritmo alagoano, mas a produção foi dividida com Mad Professor e Dr. Da, ingleses do dub. Trabalho iniciado em 2009, entre seus dois primeiros CDs.” – Luiz Chagas
GUILHERME KASTRUP – “KASTRUPISMO”
Ctrl C + Ctrl V – Partindo de colagens de “células” musicais produzidas em seu estúdio, a Toca do Tatu, o baterista, percussionista e produtor carioca radicado em São Paulo obteve resultado de grande personalidade. Leia a matéria publicada na Brasileiros.

LUZ MARINA – “LUZ MARINA”
“O jeito suave de Luz Marina, sem “h”, se adequa perfeitamente ao som do piano Rhodes, pilotado por Du Moreira. Curumin e Bruno Buarque se revezam na bateria, e Marcelo Dworecki, na guitarra, enfeita os espaços. A mãe Alzira E., a prima Anelis Assumpção, o tio Maurício Pereira e o parceiro Daniel Viana cuidam para a viagem tranquila. O resultado aponta para uma direção segura. A irmã Iara, do Rio, aprovou. Gostoso.” – Luiz Chagas
NÁ OZZETTI – “EMBALAR”
“O grupo de Ná Ozzetti, formado pelo irmão Dante, Zé Alexandre, Mário Manga e Sérgio Reze, é o protagonista do novo disco da cantora, com as presenças de Kiko Dinucci, Mônica Salmaso e Juçara Marçal, entre outros. Além das parcerias habituais (Dante/Luiz Tatit), Ná agora dividiu canções com Luis de Camões, Alice Ruiz e Tulipa Ruiz (não são parentes). Sempre que Ná sai da casinha o mundo fica melhor.” – Luiz Chagas
MARCELO JENECI – “DE GRAÇA”
“Parafreseando Caetano, Jeneci sempre quis muito, mesmo parecendo ser modesto. Em seu aguardado segundo disco, trocou os arranjos de Artur Verocai pelos de Eumir Deodato e dividiu a produção entre Kassin e Adriano Cintra. Para melhor falar sobre um amor que acabou conquistou outro, Isabel Lenza, coautora de seis das canções, assinando as restantes – exceção para uma parceira com Luiz Tatit e outra com Arnaldo Antunes. E mandou ver com competência. Por que não, por que não?” – Luiz Chagas
MENO DEL PICCHIA – “MACACO SEM PELO”
O segundo disco solo do multi-instrumentista e compositor, que também é mestre em Antropologia, investiga as fronteiras entre humano e animal. O CD traz um belo time de músicos e participações de André Abujamra e Tatá Aeroplano, entre outros. Leia aqui a matéria publicada pela Brasileiros.
PÉRICLES CAVALCANTI – “FREVOX”
“Depois do tributo que ganhou de admiradoras mulheres, o carioca mais pernambucano-baiano-paulistano-inglês-globalizado deste mundo nos brinda com um disco cheio de novas canções. Elas continuam a seu lado, (Juliana Kehl, Tulipa, Lurdes da Luz, Tiê, Karina Buhr, Iara Rennó, Luisa Maita, Lucia Turnbull e a filha Nina, por exemplo), mas ele criou espaço para Cachorro Grande, Arrigo, Lanny e Romulo Fróes, entre outros, enquanto compôs, cantou, tocou e ainda recriou maravilhas. Ave Péricles!” – Luiz Chagas
TOM ZÉ – “TRIBUNAL DO FEICEBUQUI”
Após ser xingado nas redes sociais por ter participado de uma propaganda da Coca-Cola, Tom Zé transformou a polêmica em arte. Idealizado junto ao jornalista Marcus Preto, o EP conta com participações de músicos da nova geração: Trupe Chá de Boldo, Filarmônica de Pasárgada, O Terno, Tatá Aeroplano e Emicida. Leia aqui a matéria publicada na Brasileiros.
CACÁ MACHADO – ESLAVOSAMBA
“O pessoal finge que não vê, mas existe um novo samba escorrendo por Sampa. Vide Romulo Fróes, Rodrigo Campos e Kiko Dinucci, todos presentes no disco de estreia de Cacá Machado. O som é irreverente e global. O título, uma brincadeira com os afro-sambas, uma vez que São Paulo é rica em sobrenomes da área. No CD tem Kastrup, Amback, Nestrovski, Nikitin, Stolarski e Wisnik – este último abre o disco em dueto com Elza Soares.” – Luiz Chagas
ANDREIA DIAS – “PELOS TRÓPICOS” 
Na estrada: Andreia Dias, paulistana, cofundadora do Dona Zica e a única menina entre os garotos do Peter Pan, apresenta em seu terceiro CD o resultado de parcerias com músicos de dez capitais –  Thalma de Freitas e Do Amor (Rio de Janeiro), Felipe Cordeiro e Léo Chermont (Belém), Zé Cafofinho (Recife), Cabruêra (João Pessoa), Talma&Gadelha (Natal), Vitoriano (Fortaleza), Criolina (São Luís), Eek (Maceió), Baiana System (Salvador) e The Baggios (Aracaju). Um disco rodado.” – Luiz Chagas
ARISMAR DO ESPÍRITO SANTO – “ROUPA NA CORDA”
“Comemorando 40 anos de carreira, Arismar do Espírito Santo, um dos maiores bateristas, baixistas, guitarristas, violonistas, pianistas, compositores, arranjadores e sabe-se lá o que mais, brasileiro, lança seu décimo CD, agora em parceria com a flautista Léa Freire e a revelação do bandolim Fábio Peron. Os filhos Thiago e Bia dão uma aparecida. Mar de notas”. – Luiz Chagas. Leia matéria publicada na Brasileiros.
ARNALDO ANTUNES – “DISCO”
Mais um belo CD de Arnaldo. A diversidade presente nas 15 faixas – que passam por diferentes ritmos, trazem parceiros de diferentes gerações e têm formações instrumentais variadas – não faz do álbum um trabalho sem unidade. Ao contrário, é a própria diversidade, conduzida pela poesia e a voz de Arnaldo e pela produção musical de Betão Aguiar e Gabriel Leite, que se torna a marca de Disco. Leia a matéria publicada pela Brasileiros.
BIA GOES – “BIA GOES”
O disco, que tem direção musical de Ricardo Valverde e a maioria dos arranjos de Sílvia Goes, passeia pela colcha de retalhos que é o forró, composta por chula, baião, xote, xaxado, arrasta-pé, para nomear alguns dos ritmos. Forró, mas fugindo do óbvio, calcado em pesquisa, voltado para o acréscimo – no bom sentido. Leia aqui a matéria publicada na Brasileiros.
BOCATO – “ESCULTURAS DE VENTO”
“No estúdio: O trombonista Itacyr Bocato Jr. é único. Quando explodiu na vanguarda paulista à frente da banda Metalurgia, já havia tocado com Elis Regina e Hermeto Pascoal. Nessas três décadas, lançou inúmeros discos solo, tocou com e para todo mundo, já foi até ator sob a direção da atriz portuguesa Maria de Medeiros. Apresentado à informática, passou, freneticamente, a escrever partituras agora executadas em um magnífico álbum duplo com direito a orquestra. Bocatão.” – Luiz Chagas
DUOFEL – “PULSANDO MPB”
A dupla, formada por Fernando Melo e Luiz Bueno, completa 35 anos de estrada. No novo disco, foca em repertório de clássicos da música popular brasileira – com escolhas certeiras -, mas mostra que suas influências vêm de vários pontos do mundo. Leia a matéria publicada na Brasileiros.

HOMENS CANTAM ÂNGELA RO RO – “COITADINHA BEM FEITO”
“Ângela Maria Diniz Gonçalves – o Ro Ro vem das risadas – estreou em 1979 com um disco de clássicos dela mesma. Para cantar suas músicas precisa ser macho. Daí, o curador Marcus Preto ter escolhido só meninos para interpretá-la dentro do projeto do DJ Zé Pedro. Lira, Leo Cavalcanti, Gui Amabis, Helio Flanders, Gustavo Galo, Dani Black, Otto, Tatá Aeroplano, Pélico, Thiago Pethit, Lucas Santana, o Passo Torto, Adriano Cintra, Rael, Juliano Gauche. Só hits.” – Luiz Chagas
BÁRBARA EUGÊNIA – “É O QUE TEMOS”
“A carioca acertou ao chamar Edgard Scandurra e Clayton Martin (Cidadão Instigado) para produzirem o disco. O apego por Serge Gainsbourg de um e o vintage jovem-guarda de outro permitiram que a garota radicada em São Paulo viajasse por esse mundo de amores perdidos. Coração, de Bárbara, é tão na medida que parece regravação. Caso de Porque Brigamos, versão de Neil Diamond eternizada por Diana. Tatá Aeroplano e Pélico participam, confirmando a paulistanidade.” – Luiz Chagas
EDY ROCK – “CONTRA NÓS NINGUÉM SERÁ”
Novo álbum do rapper, uma das vozes dos Racionais MC’s, é incisivo e preciso e reitera a importância do artista para o rap brasileiro. Um disco repleto de convidados e parcerias musicais: Emicida, Dexter, Marina de La Riva, Flora Matos, Rael da Rima e o veterano Ndee Naldinho. Leia aqui a matéria publicada na Brasileiros.
EMICIDA – “O GLORIOSO RETORNO DE QUEM NUNCA ESTEVE AQUI”
Mais maduro, com experiência na estrada e após período em que “parou para ler, estudar e ouvir música”, como diz, o rapper entrou em estúdio com condições e tempo para preparar um CD com produção cuidadosa e cheio de participações. Apesar de momentos mais leves, o álbum mostra sonoridade pesada na maior parte do tempo, dialogando com ritmos que vão do rock ao samba. A crítica social soa mais sutil do que em trabalhos anteriores, mas não desaparece. Emicida não abandonou a periferia.
GAROTAS SUECAS – “FERAS MÍTICAS”
Após a estreia que conquistou o público norte-americano e arrancou elogios da crítica especializada em 2010, a banda paulistana segue com sua pegada de rock brasileiro, funkeado e suingado, no segundo disco. Dessa vez a produção é do inglês Nick Graham-Smith, e o grupo conta com a participação mais que especial de Paulo Miklos. Leia aqui a matéria publicada na Brasileiros
vanguart VANGUART – “MUITO MAIS QUE O AMOR”
Apesar de ser composta por jovens, a banda comandada por Hélio Flanders já tem mais de dez anos de estrada e alguns álbuns na carreira. Agora, lança um trabalho mais leve e romântico do que os anteriores, e soa mais pop do que nunca – o que não é ruim. O Vanguart sabe ser pop, e emplacou até música na trilha de novela da Globo.
HAMILTON DE HOLANDA – “MUNDO DE PIXINGUINHA”
O talentoso bandolinista visita a obra do mestre do chorinho, acompanhado de um time luxuoso. Entre os participantes, Wynton Marsalis, Stefano Bollani, Chucho Valdés, Omar Sosa e André Mehmari. “Me perguntam se o que eu faço é o novo choro. Novo choro? O choro é como a Monalisa. Você acha que ela precisa de retoques? O que eu faço, na verdade, é uma síntese dessas informações com influência da bossa, do jazz, do rock”, diz.
IARA RENNÓ – “IARA”
“Iara sempre foi considerada a ‘melhor’ de sua geração. Filha de Carlos Rennó e Alzira E., coliderou a banda DonaZica em seus dois discos e lançou outros dois solos. O primeiro baseado no Macunaíma, de Mário de Andrade, e o outro com marchinhas de carnaval. Este Iara é seu aguardado debut. Produzido por Moreno Veloso, o CD traz ela na guitarra, Ricardo Dias Gomes no pocket piano e Léo Monteiro na bateria. De arrepiar!” – Luiz Chagas
VITOR RAMIL – “FOI NO MÊS QUE VEM”
O décimo CD da carreira do compositor, cantor e violonista gaúcho destaca as milongas, gênero meio esquecido que encontrou em Vitor Ramil um criador extraordinariamente fecundo. Sutil, diferenciada, carregada de lirismo meio country/meio cult, a produção é festejada não só no pampa, mas também fora dele. Leia a matéria publicada na Brasileiros
CÉREBRO ELETRÔNICO – “VAMOS PRO QUARTO”
“Há uma década e três discos, Fernando Maranho e Tatá Aeroplano pilotam a banda. Enquanto o primeiro, guitarrista, investe em sonoridade criativa, no que é ajudado pelo tecladista e xará TRZ, o outro, band leader nato e compositor, mistura “Sérgios”, Gainsbourg e Sampaio. O baixista Renato Cortez, o baterista Gustavo Souza, no auge da forma percussiva, e os lendários Peri Pane e Flávio Guaraná completam o quadro que faz a banda continuar a parecer moderna no quarto.” – Luiz Chagas
bixiga BIXIGA 70 – “BIXIGA 70”
Sucessor da celebrada estreia da banda paulistana, o novo álbum homônimo atesta que a big band tem fôlego criativo de sobra. Às matrizes africanas de sempre (o afrobeat), o disco acrescenta sonoridades brasileiras como o carimbó paraense e o ponto de candomblé. Leia a matéria publicada na Brasileiros
apanhador APANHADOR SÓ – “ANTES QUE TU CONTE OUTRA”
O talentoso quarteto de rock experimental, formado no Rio Grande do Sul, chega ao segundo CD de inéditas ainda mais firme e entrosado. O disco, vencedor do prêmio de melhor álbum de música popular pela Associação Paulista de Críticos de Arte, mostra a força dos jovens não só como instrumentistas, mas também como compositores e letristas.

*Além de pai de Tulipa e do multitalentoso Gustavo Ruiz, Luiz almoçou com Chrissie Hynde, jantou com Bo Diddley, tomou Coca-Cola com Caetano e, a partir deste número, passa a integrar o time de colunistas da Brasileiros. A seção Discos está aniversariando. São três anos, centenas de críticas – algumas das quais já lhe renderam inimizades irreversíveis –  mas a ideia sempre foi informar. Nepotismos à parte.


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