Há exatos 44 anos, no dia 4 de novembro de 1969, o Brasil perdeu um de seus principais líderes políticos do século 20. Assassinado em São Paulo, em uma emboscada comandada pelo então delegado do Departamento de Ordem Política e Social, Sérgio Fleury (um dos criadores do Esquadrão da Morte), Carlos Marighella era considerado o inimigo número 1 da Ditadura Militar, contra a qual decidira combater por meio da luta armada. Líder da ALN (Ação Libertadora Nacional), ele era, naquele período, a caça mais cobiçada.
Até o fim do regime militar, o nome de Marighella foi praticamente proibido no País. Quando usado, referia-se ao “terrorista sanguinário, aventureiro irresponsável e violento”. Aos poucos, no entanto, a história começou a ser contada de modo mais fiel à realidade, o nome do “comandante” começou a sair do esquecimento, e a complexidade de sua trajetória começou a ser reconhecida.
Na manhã desta segunda-feira, dia 4, quando foi realizado o já tradicional ato de homenagem a Marighella na Alameda Casa Branca (onde ele foi assassinado) – realizado pela Comissão da Verdade do Estado de SP e pela viúva do líder, Clara Charf –, certamente o sentimento de todos ali era de que Marighella saiu, definitivamente do esquecimento.
Isso porque, em cerca de dois anos, entre o final de 2011 e 2013, documentário, livro e músicas sobre o líder comunista trouxeram à tona sua história e investigaram, como ainda não se havia feito, sua vida e importância para história do País. Clara Charf e os membros da Comissão ressaltaram que muito ainda precisa ser feito, investigado. Marighella é apenas um dos muitos que deram a vida pela mesma causa, contra um regime autoritário e violento.
“Ninguém pode ficar de braços cruzados achando que está tudo no bem-bom. (…) As bandeiras continuam de pé, apesar de se ter conquistado muito”, disse Clara. Gregório Gomes da Silva, filho de um desaparecido político durante a ditadura, disse que o dia 4 de novembro está se tornando um marco nas homenagens à resistência da juventude nas décadas de 60 e 70. “Esta data também se torna um marco de reencontro e reforço dos compromissos que eles firmaram no passado e nós reassumimos agora”.
Para quem quer conhecer mais, a Brasileiros destaca aqui os trabalhos que deram luz, nos últimos anos, à história de Carlos Marighella:
Marighella, de Isa Grinspum Ferraz – O documentário dirigido pela sobrinha do comunista conta a trajetória de Marighella desde a infância na Bahia até a morte. Revela também como o guerrilheiro era carinhoso e atencioso em seu convívio familiar:
Marighella, Racionais MCs – Composta por Mano Brown para o documentário, a música ganhou clipe, que foi vencedor do VMB 2012. Assista:
Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães – Resultado da maior pesquisa já feita sobre o líder comunista, a biografia escrita pelo jornalista foi um sucesso de vendas e de crítica, e venceu recentemente o Prêmio Jabuti. Veja o teaser da Cia. das Letras:
Um comunista, de Caetano Veloso – Sintonizado, como sempre, o músico também prestou homenagem a Carlos Marighella em canção de mais de 8 minutos do disco Abraçaço:
Além de tudo isso, o ator Wagner Moura e a produtora O2 compraram os direitos do livro de Magalhães para produzir um filme de ficção sobre Marighella, que deve sair em 2014.
Deixe um comentário