50 anos do golpe de 64

O general Olímpio Mourão Filho amanheceu ao telefone na terça-feira 31 de março de 1964, na cidade mineira de Juiz de Fora. “Minhas tropas estão nas ruas”, avisava Mourão Filho a colegas de farda.

Mais tarde, ele registrou em seu diário: “Eu estava de pijama e roupão de seda vermelho. Posso dizer com orgulho de originalidade: creio ter sido o único homem que desencadeou uma revolução de pijama”. Não era uma revolução. Era um golpe civil-militar, que começou a ser articulado antes mesmo da posse do presidente João Goulart, em 7 de setembro de 1961.

O golpe foi concretizado no dia seguinte, 1o de abril. Em princípio, os militares ocupariam o poder por pouco tempo. Ficaram 21 tenebrosos anos. 

A edição de número 80 da Revista Brasileiros abriga um especial com 29 páginas sobre os 50 anos do golpe militar. Coordenado pela nossa repórter especial Luiza Villaméa, ele traz uma boa e simbólica amostra dos personagens desse evento da História do Brasil. São visões múltiplas do período.

Há um guerrilheiro, Joaquim Câmara Ferreira, dirigente e fundador da ALN, a Aliança Libertadora Nacional, companheiro de Carlos Marighella, descrito e escrito por seu neto, um consistente e respeitado filósofo que hoje mora no Canadá e dá aula em Oxford.

Do outro lado, há também um delegado, Carlos Alberto Augusto, o Carteira Preta, companheiro de trabalho de outro delegado, o sanguinário e torturador Sérgio Paranhos Fleury, de triste memória. Carteira Preta, envergando um smoking, conversou com Luiza no salão de beleza em que é chamado de Carteirinha.

Além disso, Luiza Villaméa usou preciosos documentos que compõem seu arquivo e conversou com a filha do Capitão Sérgio Carvalho para contar como esse militar evitou um banho de sangue. Disponibilizamos estes três textos para você ler aqui, no nosso site. Na versão impressa, há também o relato de Eduardo Hollanda, nosso editor especial em Brasília, sobre como foi iniciar seu curso na Escola Naval da Marinha, no Rio de Janeiro, nos dias que antecederam o golpe. Marcos Napolitano, professor de História na USP e autor do recém-lançado 1964 – História do Regime Militar Brasileiro, descreve, especialmente para esta edição, sua visão sobre o significado do golpe para o Brasil de hoje. 

Se essa data é importante pelo didatismo da história, nada há nela a se comemorar. No ano que vem sim, 2015, é o aniversário de 30 anos do fim da ditadura militar. Clique nos títulos e leia as reportagens.

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Um guerrilheiro gentleman

 

Carlos Fraenkel, professor de Filosofia e Estudos Comparados, revela como seu avô, o jornalista Câmara Ferreira, trocou a máquina de escrever pela metralhadora

O carteira preta

O delegado Carlos Alberto Augusto ganhou o apelido do título na ditadura, quando era investigador do Dops de São Paulo. Ele garante que não foi torturador, mas seus três heróis são de lascar…


O paraquedista que evitou um banho de sangue

Como o capitão Sérgio Carvalho recusou a ordem de matar e denunciou o brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, que queria explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, dinamitar uma represa e jogar 40 líderes políticos no oceano


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