A alma que alimenta o futebol

o time do Noroeste
o time do Noroeste

Em 2014, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo de Futebol, um dos maiores eventos esportivos do planeta, e a cidade de São Paulo vai receber seis jogos da competição. Entre eles, a partida de abertura. Não muito longe de onde se ergue o Estádio do Itaquerão, o palco paulistano da Copa, está instalada a comunidade de Vila Formosa, zona leste da capital. Ali nasceu, em 1964, o Esporte Clube Noroeste, um autêntico representante da várzea brasileira, que terá sua rotina relatada no canal a cabo ESPN Brasil, por meio de um documentário dividido em três capítulos de 30 minutos cada, que irão ao ar neste mês de dezembro.

Várzea, o Futebol da Minha Quebrada, do diretor francês Stephane Darmani, retrata a alma do futebol amador, acompanhando um ano de campanha do Noroeste, desde o torcedor até o craque da comunidade, o Rildo, que hoje atua na Ponte Preta. Mostra as vitórias e derrotas, as perdas e ganhos: uma aventura coletiva de sentimentos fortes e profundas identificações.

Quem guia o telespectador através dos estreitos becos do local e narra a história é Barba, diretor da bateria da torcida organizada e um dos mais fanáticos pelo time. A trajetória começa no final de 2012, na partida semifinal da Copa Kaiser, considerada a “Copa do Mundo da várzea”, na qual o Noroeste foi eliminado nos pênaltis e segue durante todo o ano de 2013, acompanhando a comunidade e a equipe em mais uma campanha no torneio.

Apesar do caráter amador, em casa ou fora, é comum o Noroeste levar até duas mil pessoas aos campos, transformando seus jogos em festas que atravessam o apito final. Muitos dos personagens entrevistados aparecem com camisas do Corinthians, São Paulo, Santos e Palmeiras. Porém, no domingo à tarde, é pelo Noroeste que eles gritam.

Apesar de o futebol nortear todo o programa, muitas vezes ele apenas serve como pano de fundo para se mergulhar, explicar e entender a vida em uma comunidade carente no Brasil e como, às vezes, sem qualquer apoio por parte de autoridades, o futebol pode ser, ao mesmo tempo, a solução para alguns e a alegria para outros. Além da Copa do Mundo, 2014 vai ser também o ano da última edição da Copa Kaiser, competição disputada desde 1995, que já revelou craques como Leandro Damião, Ricardo Oliveira e Elias. Enquanto bilhões são “investidos” em reformas públicas e estádios, o futebol de várzea sobrevive capengando, bancado basicamente pelo amor de seus entusiastas.

Além da direção de Stephane Darmani, a fotografia do filme também é de um francês: Eliot Fritel. Os dois, radicados em São Paulo, são apaixonados pelo futebol amador da França e ficaram curiosos em conhecer a realidade dos amadores no Brasil. Com trilha sonora da Produtora Ultrassom (Binho Feffer) e Lion Man, de Criolo, como música-tema, o documentário independente da La Vista Produções para o canal ESPN faz um retrato fiel e emocionante do futebol de várzea e explica o motivo de o Brasil ser considerado o País do Futebol, um lugar onde, apesar de adversidades, a bola nunca para de rolar.

Várzea, o Futebol da Minha Quebrada
ESPN Brasil. Dias 18, 19 e 20 de dezembro, às 20h. 
E dias 19, 20 e 21 de dezembro, às 13h30.


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