O Banco Central anunciou nesta manhã mais uma medida para tentar conter a valorização do dólar ante o real, depois que a cotação voltou a se aproximar de 2,10. Aumentou de R$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões o limite das operações em que os bancos ficam vendidos em dólar sem recolher depósito compulsório. Na prática, isso quer dizer que as instituições financeiras vão poder aumentar as apostas na queda da cotação da moeda americana, favorecendo quem apostar a favor no BC na contenção do câmbio.
A regra faz parte do arsenal de medidas macroprudenciais de que o governo deverá, cada vez mais, lançar mão para realizar eventuais correções na economia – reduzindo a necessidade de elevar a taxa de juros a cada sinal de que algo não está em ordem.
A expectativa é de que o fim deste ano seja marcado por fortes pressões pela elevação do dólar. Além da instabilidade da economia internacional, que leva grandes investidores a se retraírem, há um movimento esperado de envio de recursos de empresas estrangeiras para suas matrizes. Tudo isso colabora para que haja saída de recursos do Brasil, o que força a alta da moeda americana em relação à divisa brasileira.
O dólar valorizado – ou o real enfraquecido – tende a ser um fator positivo para as empresas brasileiras, em especial as exportadoras, porque seus produtos ficam mais baratos (na conversão do preço de reais para dólares) em relação aos concorrentes estrangeiros. Também no mercado doméstico, o encarecimento, em reais, dos produtos importados favorece a venda de similares nacionais. O problema é que a alta de preço dos bens provenientes do exterior, a partir de certo ponto, passa a afetar a inflação. Há um entendimento informal, por parte da equipe econômica, de que R$ 2,10 por dólar é o ponto em que a valorização começa a incomodar.
A regra que obrigava os bancos a deixar parada (na forma de depósitos compulsórios) uma parte do dinheiro usado para apostar na valorização do real foi adotada no momento em que a cotação se aproximava de R$ 1,60 por dólar. Agora, o BC dá mais uma demonstração de que as medidas são flexíveis, e não só podem, como devem, ser usadas nos dois sentidos.
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