Preconceito: uma praga que divide o Brasil (Leia aqui)
Julho de 2007, edição 1. O ator Lázaro Ramos inaugurou a Brasileiros em reportagem que discutiu o preconceito no País. Nos oito anos, desde essa estreia, ele afirma que a paternidade foi, sem dúvida, o papel mais transformador que assumiu. Casado com a atriz Taís Araújo, tem com ela João Vicente, 4 anos, e Maria Antônia, que completará 1 ano em janeiro. Mas ele voltou a brilhar por aqui na edição 42, em janeiro de 2011, quando lançou seu primeiro livro infanto-juvenil, A Velha Sentada. No final de setembro, Lázaro e Taís estrearam na grade da Rede Globo a série Mister Brau, em que interpretam o casal de artistas pop Brau e Michelle. Também emplacam outro sucesso atual, a peça O Topo da Montanha, em cartaz no Teatro Faap, em São Paulo. Baseado em texto original da dramaturga norte-americana Katori Hall, o espetáculo, que marca a estreia do ator na direção, celebra o legado de Martin Luther King. Em dezembro, Lázaro estará nos cinemas em Tudo Que Aprendemos Juntos, o mais recente filme de Sérgio Machado. Voltamos a conversar com Lázaro para saber se ele considera que houve avanços no combate ao preconceito. Ele enaltece avanços, mas condena lacunas históricas. “Pensar sobre isso é um exercício difícil, mas acho que merecem destaque os benefícios que as cotas trouxeram. Elas abriram – e abrirão – espaço para uma galera que vem com novo pensamento, nova formação e, espero e torço, novo engajamento político. As cotas foram importantes, mas mesmo com elas ainda é pequena, por exemplo, a diversidade de cursos escolhidos por negros nas universidades. Há também milhões de pessoas que ascenderam socialmente à chamada Nova Classe C e – acho que temos de dar nome aos bois – a maioria desses brasileiros é negra. Esse também foi um passo fundamental. Mas há mudanças que ainda não aconteceram. No Brasil, negros ainda são as maiores vítimas de homicídio, ainda ocupam pouquíssimos postos de comando. Na política quase não há representatividade para o tamanho da população que, nós negros, somos.”
Profissão repórter (Leia aqui)
Setembro de 2007, edição 3. Apesar de não gostar de falar de si, o jornalista William Waack, apresentador do Jornal da Globo, falou à reportagem sobre suas aventuras. “Só mesmo Hélio Campos Mello, meu irmão de muitas aventuras, para me convencer a fazer isso. Não o perdoo até hoje.” Na época, ele deu detalhes de sua vida e carreira, contou sobre sua paixão pela aviação e não poupou líderes latino-americanos. Seu fascínio por passeios aéreos segue intacto. Só que Waack mudou de aeronave. “Do inesquecível Charlie 172, passei para um Bonanza G36 (monomotor asa baixa) e atualmente piloto com muito orgulho e entusiasmo um bimotor leve a pistão, um Baron G58.” Na ocasião da entrevista, ele não poupou líderes latino-americanos. Aqui, ele atualiza: “Minha indignação sempre foi voltada contra políticos mentirosos. O Brasil parece ser um grande celeiro deles.”
Buemba! Buemba! (Leia aqui)
Outubro de 2007, edição 4. Naquela época, o colunista José Simão dizia que, em seu dicionário lulês, amazona é quem adora gandaia e, no tucanês, seca é desconforto hídrico. Ele já tinha criado Renan Avacaheiros e o Galvão Urubueno. Dizia, inclusive, que jamais perdeu uma piada. Depois de oito anos, ele continua fazendo a gente rir. José Simão afirma que a essência de seu humor não mudou, mas a forma sim. “Com a tecnologia e as redes sociais, a linguagem fica mais rápida, mais ágil, mais viva! E o melhor do humor que a tecnologia inventou: os memes! Estamos vivendo a era dos nudes e dos memes! Hahahaha!”. Também surgiram novos personagens e apelidos: “Dilma é a Granda Chefa Toura Sentada, Aécio é o Tiozinho da Balada e a Marina é a Tartaruga Sem Casca! O Roberto Justus é o Jacaré Empalhado e o Cunha: Deus Nos Acunha! E por aí vai! Gosto de todo tipo de humor. Que não seja baseado em preconceitos”.
O verão de Cristina e Janaína (Leia aqui)
Fevereiro de 2008, edição 7. Elas trocaram o calor do Rio de Janeiro por uma temporada no gelo da Antártica, onde integraram por um ano o grupo da Marinha que administrou a Estação Antártica Comandante Ferraz, a base brasileira no continente polar. Quem relembra essa história é Janaína Silvestre (à direita na foto de capa), hoje capitã-de-mar-e-guerra. “Foi a experiência mais incrível da minha vida, tanto do ponto de vista pessoal quanto profissional. Além das obras, do inverno rigoroso, ficamos sem abastecimento de água por mais de três meses por causa do congelamento dos lagos da estação. Tivemos de ser criativos para suprir a ausência de água corrente de setembro a dezembro daquele ano, quando finalmente veio o degelo. Ainda sonho com um retorno à Antártica para conhecer a nova Ferraz, que começa a ser construída em substituição à anterior, que pegou fogo em 2012.”
“Esse gringo é muito burro!” (Leia aqui)
Abril de 2008, edição 9. O jornalista e escritor Ruy Castro foi o autor da reportagem que conta os bastidores da gravação de Getz/Gilberto, artífice do sucesso mundial da Bossa Nova. Duas edições adiante, ele voltou a colaborar, assinando uma grande reportagem sobre Bellini, o capitão da Seleção campeã do mundo em 1958, na Suécia, e o homem que inventou o gesto de levantar a taça. “Sempre defendi a importância de matérias bem trabalhadas. Se as publicações não acreditarem na possibilidade de os leitores se interessarem por textos maiores, para que continuar publicando revistas?”
Além da calçada (Leia aqui)
Maio de 2008, edição 10. Bruna Bianchi, personagem de capa, contou que cursar uma faculdade com nome masculino e aparência feminina foi uma dos momentos mais difíceis de sua vida, desde que se assumiu como travesti. Apesar das dificuldades, conseguiu se formar em Administração de Empresas. De lá para cá, sua vida mudou para melhor. Bruna ainda mantém o negócio da família, uma autoescola em Mauá, no ABC paulista, mas voltou a estudar. Agora ela também é sócia de um escritório de design de interiores. “Poder entrar na casa das pessoas e interagir com suas particularidades é um crescimento pessoal muito grande. Existe hoje uma visão melhor do meu comportamento.”
Dois magos (Leia aqui)
Junho de 2008, edição 11. O escritor Fernando Morais falava sobre o lançamento do livro O Mago, biografia de Paulo Coelho assinada por ele. Depois desse, Morais lançou Os Últimos Soldados da Guerra Fria (2011), sobre agentes secretos de Cuba nos Estados Unidos, e atualmente escreve um livro sobre o ex-presidente Lula. Segundo ele, o último que irá publicar. Morais agora comenta a situação política brasileira: “Não acredito que o impeachment vá acontecer por razões muito óbvias. Dilma não cometeu nenhum delito que pudesse justificar a abertura de um processo de impeachment. Ela, no máximo, com relação às contas de campanha, pode ter incorrido em alguma objeção eleitoral, não penal. E isso é uma responsabilidade do partido. Além dos dados objetivos, a oposição está desmilinguida, fragmentada demais para articular um golpe. Não há duas maneiras de enxergar isso, há apenas uma: eles não se conformaram com a derrota”.
Viagem aos campos do Pré-Sal (Leia aqui)
Setembro de 2008, edição 14. Sete anos depois de Eduardo Hollanda e Hélio Campos Mello terem percorrido centenas de milhas náuticas em navios de guerra da Marinha para ver como o Brasil procura proteger seus campos de petróleo em alto-mar, especialmente os megacampos do Pré-Sal, o panorama, em termos de volume da produção, mostra que o Pré-Sal é mesmo o futuro do País. O recorde diário de produção, alcançado em agosto deste ano, de nada menos que 2,547 milhões de barris/dia de petróleo (mais de meio milhão de barris diários acima dos números de 2008) se deve principalmente aos 859,8 mil barris/dia de petróleo dos campos do pré-sal, com destaque para o megacampo de Lula (antigo Tupi), com 368 mil barris diários. Na vigilância feita pela Marinha, a grande novidade é a presença de três modernos navios patrulha oceânicos, da Classe Amazonas, com cerca de 1,9 mil toneladas. Dentro do plano de modernização da esquadra, mais sete navios do tipo serão construídos no Brasil, nos próximos anos, com capacidade de patrulhar as 200 milhas da ZEE (Zona Econômica Exclusiva) do Brasil, a chamada Amazônia Azul.
Olho no lance! (Leia aqui)
Janeiro de 2009, edição 18. Silvio Luiz, radialista, apresentador de TV, comentarista e locutor esportivo que ficou famoso por seus bordões, continua a usar e abusar das palavras com alegria. “Desde essa capa, minha trajetória profissional seguiu com altos e baixos, como com todo mundo. Fui contratado pela Rádio Transamérica para participar como comentarista. Gravei alguns comerciais, mas não consegui trabalhar no que seria a minha décima Copa do Mundo, apesar de ter recebido um convite da FOX, o que muito me aborreceu. Vida que segue. De lá para cá, o futebol não evoluiu nada. Pelo contrário, não conseguiu até hoje acertar o passo. Exemplo disso foi a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa. Aqui o que antigamente era um es-porte acabou virando um grande balcão de negócios. Exemplo disso é o escândalo de corrupção em que a Fifa se envolveu, logo ela tão preocupada em demonstrar ‘honestidade de lisura’ em seus atos. O futebol está tão podre que foi preciso o FBI intervir e prender os corruptos e corruptores.”
Uma mulher de garra (Leia aqui)
Março de 2009, edição 20. Maria Victoria Benevides, socióloga, educadora e cientista política, recebeu a reportagem para contar um pouco sobre sua vida profissional e pessoal – tinha acabado de se indignar com editorial da Folha de S.Paulo que se referia ao período da ditadura brasileira como “ditabranda”. De lá para cá, muita coisa aconteceu e, segundo Maria Victoria, “infelizmente mais de ruim do que de bom”. Mas ela comemora o nosso número 100: “Parabéns! Cada mês que passa gosto mais da revista, a melhor do País, e também sofro mais com a situação política no Brasil e no mundo. Aqui falo só do Brasil. Os primeiros anos do governo Dilma foram ótimos, com programas sociais como Minha Casa Minha Vida e alto apoio. A Comissão da Verdade funcionou e deu um recado importante à sociedade. A participação dos jovens nos “escrachos” contra torturadores foi uma novidade alvissareira, assim como o MPL e a Raiz. Houve um aumento considerável de projetos bem-sucedidos de Educação em Direitos Humanos, principalmente em São Paulo. A manifestação de 2013 teve aspectos bons (o povo na rua) e ruins (intolerância, generalização contra “os males” da política, etc.). Aumenta o número de mortos pela polícia, com grande maioria de jovens negros e pobres. Em 2010, o STF vota pela interpretação da Lei de Anistia de 1979 que inclui perdão aos torturadores do regime militar. O tema da corrupção e sua divulgação seletiva passam a dominar – e contaminar! – toda a cena política e, junto com os efeitos da crise econômica, alimenta um tipo de ódio nunca visto em nossa história. As redes sociais viram canais de agressões e calúnias inconcebíveis. O fundamentalismo dos evangélicos pentecostais cresce como força política a ponto de termos um pastor declaradamente homofóbico – e tudo que vem junto – a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Instituições como TSE e TCU atuam de forma antirrepublicana, com membros movidos por interesses partidários em julgamentos parciais. E, apesar das políticas de inclusão que tiraram milhões da miséria, a desigualdade cresce e não se veem mudanças que levem à reforma tributária. O ajuste fiscal do governo ‘corta na carne’ de Educação e Saúde, e protege os beneficiários da dívida pública. Finalmente, o movimento pelo impeachment da presidenta revela o que há de mais medonho em nosso sistema político, tanto no golpismo da oposição quanto no toma lá dá cá da situação. Mas sigo Gramsci e sou pessimista no diagnóstico e otimista na ação. Há que reagir e avançar”.
O maestro do povo (Leia aqui)
Abril de 2009, edição 21. Em reportagem de 19 páginas repletas de relatos emocionantes, João Carlos Martins contou fatos de sua trajetória na música clássica mundial. Também lembrou provações que enfrentou, como as complicações motoras decorrentes da violência sofrida em um assalto, e momentos de superação, como a transição do piano para a batuta e o belo trabalho como regente do projeto Fundação Bachiana Filarmônica, no qual continua atuando. “Tenho orgulho dessa capa. Foi um dos momentos mais emocionantes da história da Bachiana e da minha história. Era o começo de uma nova fase em minha vida. Mantenho a rotina de exercícios diários e as canjas ao piano. Mas aumentou o trabalho na Bachiana, assim como o carinho do público. Corremos o Brasil inteiro, das periferias aos presídios, de unidades da Fundação Casa a cidades onde até hoje somente o circo chegou, com 90% das apresentações gratuitas.”
Cinema contra a fome. Garapa (Leia aqui)
Julho de 2009, edição 23. Quatro anos depois das filmagens de Garapa, José Padilha, diretor do documentário que retrata a fome de três famílias em uma cidade do Ceará, voltava ao sertão do Estado acompanhado dos repórteres Ricardo Kotscho e Manoel Marques. Padilha volta a falar sobre a viagem e os tempos atuais: “Quando fui com Ricardo a Choró, estávamos em um momento singular da história do Brasil.Tínhamos um programa, o Bolsa Família, que prometia ajudar a diminuir a desigualdade social e de fato o fez. Havia ainda o argumento de que a fome inexistia no País. Ricardo e minha família conheceram a realidade das famílias que filmei e viram de perto o quão necessitadas elas eram. Viram também outras famílias e descobriram, como eu, que a fome de fato existia nas favelas e no interior do País. O que não sabíamos era que o mesmo governo do PT, que ampliava o Bolsa Família, estava promovendo um processo de corrupção e destruição das finanças públicas que começaria a corroer, via inflação, a renda dos mais pobres. A fome em breve vai estar de volta ao País. Um desfecho trágico. Os brasileiros mais pobres foram enganados”.
Quem é Malana (Leia aqui)
Julho de 2009, edição 24. A modelo foi, naquele ano, sensação de uma das edições da São Paulo Fashion Week. De lá para cá, sua vida profissional avançou muito. Depois de temporadas em Nova York, nos Estados Unidos, e Buenos Aires, na Argentina, agora ela está trabalhando na Malásia. É de lá que Malana volta a falar com a reportagem. “Amei a repercussão dessa capa, quando coloquei meu nome e imagem na mídia. Foi o início de um reconhecimento da minha carreira. Vejo como o resultado de um empenho que eu vinha realizando. A Ásia é um mercado muito promissor e estou sendo bem aceita por aqui. Existem algumas dificuldades, como ficar longe da família, dos amigos e do namorado. Mas, entre os modelos profissionais, rola uma união muito grande por aqui.”
Sebastiana (Leia aqui)
Março de 2010, edição 32. A mato-grossense de Guimarães foi retratada em 1827 pelo francês Adrien Taunay e personagem de capa, em texto assinado pelo jornalista e escritor Jorge Caldeira. “Sebastiana foi a primeira capa dos sonhos. Sertaneja, mameluca, bonita a ponto de impressionar um pintor de talento. Com o detalhe de que Adrien Taunay encontrou-a em 1827, viajando Brasil adentro, no momento em que o País começava a se organizar. Esse frescor vence o tempo: Sebastiana é a cara da brasileira de hoje, seu traje bem que poderia fazer sucesso num desfile de estilista atual. Tal é nossa permanência: aquela que parecia distante do mundo civilizado, que possivelmente jamais chamou a atenção da elite local ou nacional, que criou com aquilo que havia em torno para alegrar a vida – eis o centro contínuo. Curioso é que, para ver uma imagem como essa, foi preciso trazer a aquarela da Rússia e montar exposições país afora – para permitir uma visada passageira daquilo que nos é tão essencial a ponto de merecer uma capa da Brasileiros.”
Raí, um exemplo (Leia aqui)
Agosto de 2010, edição 37. O jogador falou sobre família, futebol, casamento, elegância e engajamento, além da Fundação Gol de Letra, entidade reconhecida pela Unesco que atende garotos no Rio e em São Paulo. Cinco anos depois, Raí voltou às páginas da Brasileiros para contar e falar sobre seu novo livro, desta vez de memórias, cinema e ampliação da atuação da Gol de Letra. “Mais do que nunca, temos de nos redescobrir. Quem somos nós, brasileiros? Este número 100 mostra o quanto esta revista é pertinente, consistente e consolidada. O momento do País, com o qual este número coincide, é um enorme exemplo da conjunção dificuldade e oportunidade. A Brasileiros 100 em diante tem muito a colaborar com a oportunidade de sermos um pouco mais – por que não, muito mais? – os brasileiros que queremos ser. Bon courrage!”
MPB (Leia aqui)
Janeiro de 2012, edição 54. Naquele primeiro mês de 2012, havia muitas motivações para celebrar a MPB. O mês seria marcado pelos 70 anos de nascimento de Nara Leão, os 85 do maestro Tom Jobim e os 30 da despedida de Elis Regina. Além de enaltecer o legado do trio, publicamos resenhas da biografia A Bossa do Lobo: Ronaldo Bôscoli, de Denílson Monteiro, e do livro-reportagem Oh-Ba-La-Lá – À Procura de João Gilberto, do jornalista alemão Marc Fisher. Mas o grande destaque da edição foi mesmo a musa Gal Costa, que acabava de lançar o álbum Recanto, com repertório inédito de Caetano Veloso. Quase quatro anos depois, Gal começa a cair na estrada para divulgar o recém-lançado Estratosférica, que reúne canções de, entre outros, Tom Zé, Céu, João Donato e Criolo. Parafraseando Pontos de Luz, gravada por Gal em 1973, ela se sente muito contente: “O show é um sucesso. As pessoas e a crítica gostam muito. Estou feliz com o trabalho. Seguimos no rumo das mudanças e da ousadia. Seguimos mudando como deve ser. O repertório do disco é lindo e os arranjos também. Juntamos uma turma muito boa. Estratosférica é hoje um trabalho vencedor”.
Alegria e arte no futebol (Leia aqui)
“É bem legal reler algo que escreveram sobre mim há algum tempo. Gosto bastante desse perfil que fizeram porque mostra uma época muito marcante na minha vida. Espero continuar ‘fazendo arte’ com meu futebol e gerar mais histórias como essa na minha carreira.”
“E o Maluf não ficou no colo do Serra” (Leia aqui)
Julho de 2012, edição 60. A deputada Luiza Erundina despertou em todo o País o debate sobre o pragmatismo político ao renunciar à vaga de vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad, então candidato a prefeito de São Paulo. Ela deixou a chapa depois de ver uma fotografia de Haddad e de Lula junto com Paulo Maluf, que antes parecia propenso a apoiar outro candidato, José Serra. “Desde então, piorou muito. O cenário político do País se agravou enormemente, porque medidas que deveriam ter sido tomadas não o foram, como é o caso da reforma política. O sistema político brasileiro está absolutamente ultrapassado, obsoleto. Basta ver o quadro partidário. Se naquele momento a gente já se queixava da falta de coerência e de critério dos partidos em relação a seus princípios, a seus projetos políticos, hoje ainda mais. Com esse governo presidencialista de coalizão, a preocupação com a governabilidade a partir do Congresso fez com que as relações políticas se deteriorassem ainda mais. O problema ético não é apenas moral. É um problema político. A falta de ética não é causa. É efeito. A causa está exatamente nas reformas estruturais que o País não enfrenta. Está faltando lideranças, não individualmente, mas forças políticas capazes de trazer perspectivas e saídas para essa crise, pensar o País como um todo, em uma perspectiva estratégica. Não ficar na disputa a cada dois anos, do poder pelo poder. Chegar lá e fazer igualzinho o que o outro fazia.”
Um guerreiro contra o horror (Leia aqui)
Agosto de 2012, edição 61. Deflagrada em 2011, a Guerra da Síria estava em seus já assustadores primórdios e Paulo Sérgio Pinheiro, um carioca formado em Direito com doutorado em Ciências Políticas, foi encarregado pelas Nações Unidas para comandar as investigações sobre as violações dos direitos humanos naquele país em conflito. Na entrevista que nos concedeu, ele defendia uma solução diplomática para a questão. “Se houver intervenção externa, se houver invasão, será o horror! As mortes serão em centenas de milhares”, disse ele. Naquele momento se contabilizavam 20 mil mortes. Hoje os mortos já são 215 mil. Passados mais de três anos, Paulo Sérgio Pinheiro, como responsável pela Comissão Independente Humanitária de Inquérito das Nações Unidas sobre a República Árabe Síria, assina um relatório sob o título de Guerra, Desastre Humanitário e Fracasso Diplomático – O Caso da República Árabe Síria. Nele, terríveis constatações, entre as quais a de que dos 22 milhões de habitantes da Síria “um número estimado de 7,6 milhões de pessoas foi desalojado dentro da Síria,” ou seja, elas abandonaram suas casas, “enquanto mais de 4 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos e 441.240 pedidos de asilo na Europa foram feitos entre abril de 2011 e agosto de 2015.” A conclusão do relatório de Paulo Sérgio Pinheiro é mais que incisiva: “Os estados que fornecem armas têm obrigações tanto legais como morais. Se a responsabilidade pelos crimes é de quem empunha as armas, quem as fornece, sejam estados ou não, é cúmplice. A ilusão de uma vitória militar ainda não se dissipou. A única solução para o conflito é politica. Países não podem continuar a apoiar uma solução política enquanto continuam a armar os beligerantes. Egoísmos e interesses nacionais e regionais têm de ser colocados de lado. Isso é o mínimo que as vítimas sírias merecem”. Quando o horror é mais forte que o guerreiro.
Algo de novo na política (Leia aqui)
Novembro de 2012, edição 64. Com 55% de votos no segundo turno – e mais uma derrota de José Serra (PSDB) – Fernando Haddad (PT) era eleito prefeito de São Paulo. Após três anos, sua gestão divide o eleitorado. É aprovada por progressistas, e rechaçada por conservadores, devido a ações polêmicas como a implementação do programa De Braços Abertos, na Cracolândia, a construção de ciclovias e corredores de ônibus, e a ocupação de espaços públicos como a avenida Paulista, que recentemente foi fechada para veículos nas tardes de domingo. Com repercussão quase nula na grande imprensa, Haddad atendeu demanda histórica da cidade: o funcionamento do sistema de ônibus nas madrugadas. Para a conquista de sua reeleição, o atual prefeito terá de enfrentar embate ainda mais polarizado do que o de 2012, quando a principal ameaça conservadora era a candidatura de Celso Russomanno. Além do “Xerife do Consumidor”, a eleição promete adversários como José Luiz Datena e João Doria Júnior.
Operação Condor (Leia aqui)
Dezembro de 2012, edição 65. A reportagem O primeiro voo do Condor, do jornalista Wagner William, revela detalhes do sequestro do coronel brasileiro Jefferson Cardim em Buenos Aires. Foi o primeiro movimento da operação clandestina que uniu ditaduras militares do Cone Sul para perseguir, capturar e até eliminar dissidentes políticos. Em 2013, ganhou o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos e menção hors-concours no 30º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo. Wagner William escreve sobre essas experiências: “Logo após ser publicada, a reportagem alcançou grande repercussão. Jeffinho, o filho do coronel Jefferson Cardim, foi chamado para dar seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que utilizou essa matéria como referência para os grupos que se dedicaram aos temas relativos ao coronel Jefferson e à Guerra de Três Passos. Outro reconhecimento veio através do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog e da menção hors-concours no Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo. Entre pesquisa e redação final, foram seis meses de trabalho, com a fundamental ajuda de Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, de Luiz Cláudio Cunha, o jornalista que ‘olhou nos olhos’ da Condor e da professora Daniela Cademartori. É preciso agradecer a Hélio Campos Mello, um diretor de redação que banca a publicação de um artigo com mais de 70 mil toques, e de toda a redação da Brasileiros, uma revista que insiste em caminhar contra a onda. Pelo sucesso desta edição 100 e pelo reconhecimento alcançado, essa opção se mostrou uma saudável e importante ousadia”.
Uma voz contra o linchamento (Leia aqui)
Fevereiro de 2013. Edição 67
O senhor foi entrevistado em 2013. De lá para cá o que mudou?
Em 2013 estava sendo gestada a recessão em que estamos hoje, mas não sabíamos. Naquele momento, o Brasil vinha crescendo pouco e o baixo crescimento, que eu chamava de semi-estagnação, era aquilo que acontecia desde 1980 por causa de uma grande crise financeira, que foi chamada de crise da dívida externa e da alta inflação. A partir de 1990, o Brasil faz sua abertura comercial e desmantela o mecanismo de neutralização da doença holandesa, que estava embutida no sistema. Ao não neutralizar a doença holandesa, provoca-se uma desvantagem competitiva para o País, que causa uma desindustrialização, que começa nos anos 1980 e continua nos 1990. O fato de conseguir estabilidade de preços em 1994 não muda isso. O governo FHC não muda isso, nem o de Lula. O Brasil continuou crescendo pouco. Em 2013, quando dei a entrevista, a presidenta Dilma iria cometer seu grande erro econômico. A partir do segundo semestre de 2013, que a presidenta, vendo que suas políticas não faziam retomar o crescimento, decide fazer uma política industrial agressiva. Essa política vai ser a desoneração de impostos de um grande número de setores industriais. Essa política não compensou o câmbio fortemente apreciado e a taxa de juros que voltara a ser muito alta, de forma que continuava a não levar os empresários a investirem. E levou a uma crise fiscal porque em um ano e pouco o Brasil saiu de um superávit primário de 1,7% do PIB em 2013 para um déficit primário de 0,4%. Quando a presidenta Dilma estava começando seu segundo mandato, ela se viu diante de uma grande recessão. Essa recessão não foi causada principalmente por esse erro dela, mas pela violenta queda dos preços das commodities, que aconteceu em agosto e setembro de 2014. Os preços da soja e do minério de ferro caíram pela metade. A economia brasileira, que já estava crescendo muito pouco, caiu para o negativo. Os outros países da América Latina que também dependem das commodities sofreram uma queda de crescimento, mas menor que a do Brasil.
Subversivos (Leia aqui)
Março de 2013, edição 68. A reportagem Quando Meninos São Fichados Como Terroristas contou a história de quatro crianças que foram presas e banidas do Brasil em junho de 1970. O mais novo tinha 2 anos e 3 meses. O mais velho estava para completar 9 anos. Mais de 40 anos depois, eles contaram como sobreviveram. O trabalho ganhou o Prêmio Esso de Reportagem Região Sudeste de 2013 e o 30º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, Categoria Especial. É a primeira de uma série de reportagens da jornalista Luiza Villaméa sobre o impacto da ditadura na vida de crianças e adolescentes. Fala sobre a reportagem o advogado Jair Krischke, presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos: “O trabalho é importantíssimo. Evidenciou o nível do aparelho repressivo brasileiro na ditadura. Prender e fichar crianças como subversivos. Um absurdo que aconteceu durante os anos de chumbo. A imprensa brasileira fez bastante, mas esse resgate relativo às crianças é histórico. Foi recuperada uma documentação valiosa. E as crianças localizadas e entrevistadas décadas depois de fichadas. O que pode nos defender de acontecimentos graves no futuro é a memória. Vivemos em um País desmemoriado. A Comissão Nacional da Verdade entregou relatório final em dezembro de 2014, com recomendações importantes, e o assunto foi sepultado. Toca ao governo tomar uma atitude. Temos agora um cenário golpista. O ministro Aldo Rebelo teve de exonerar o general Antonio Mourão do Comando Militar do Sul (por criticar o governo e apoiar com homenagem póstuma o torturador que chefiou unidade da repressão na ditadura). Ele não estava sozinho. Há um grupo que se move nesse sentido. O general não tem que dar palpite. É militar, deve cumprir ordens. A comandante-chefe se chama Dilma Rousseff.”
Por que existem os Felicianos (Leia aqui)
Abril de 2013, edição 69. O editorial daquele número deixava claro: “O significado de laicidade é simples. Trata-se da qualidade do que é laico. Laico, por sua vez, significa não pertencer a nenhum tipo de religião. Portanto, não obedecer, não ser regido, não ser governado e, principalmente, ter o direito de se negar a ser influenciado por qualquer religião. O Brasil é um Estado Laico.” No entanto, o anúncio do deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara colocava em xeque a perspectiva de manutenção da laicidade do Estado de Direito. Para entender a ascensão do conservadorismo em nosso sistema político, avaliamos a conversão cada vez maior de brasileiros ao neopentecostalismo e ouvimos personagens como o cyber-ativista Pedro Markun, autor do artigo Feliciano te Representa, em que alertava para o crescimento da “Bancada da Bíblia”, e parlamentares de posicionamento oposto, como o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ), defensor da teoria de que Feliciano também atuava em nome de um projeto pessoal de poder. “Ele representa um grupo fundamentalista, que não cabe em um partido só e é a base do governo”, disse Freixo. Dois anos e meio depois, o poder de fogo do grupo é cada vez maior. Baseado em princípios religiosos, intervém em questões que deveriam ser pautadas pela laicidade, como o Estatuto da Família e o atendimento às vítimas de estupro.
Autoridade em serial killer (Leia aqui)
Maio de 2013, edição 70. Ilana Casoy já esteve frente a frente com Pedrinho Matador, Chico Picadinho, Suzane Von Richthofen. Quando deu entrevista à Brasileiros, ela defendia Gil Rugai, condenado em 2013 pela morte do pai e da madrasta, assassinados em 2004 dentro de casa, na zona oeste de São Paulo. “Essa reportagem deu oportunidade às pessoas de entenderem quem eu sou porque falei de tudo, de conceitos, ideologias, de como me sinto no mundo. Eu, que faço o perfil de tantos assassinos, fui retrato desta importante publicação.”
Somos todos Y (Leia aqui)
Dezembro de 2013, edição 77. Mas, afinal, o que é Geração Y?! Para esclarecer essa dúvida, dedicamos a reportagem de capa da edição 77 aos jovens nascidos entre 1980 e 1995, os chamados millennials. Conversamos com especialistas, institutos de pesquisa e, claro, millennials inspiradores que ganham dinheiro, conquistam o mundo e, melhor, ousam transformá-lo. Dois anos depois, é possível afirmar que a Geração Y deixará heranças comportamentais positivas, como o tratamento normativo para temas, antes, considerados tabus, como a homossexualidade e o ateísmo.
Hilda Hilst pede contato (Leia aqui)
Janeiro de 2014, edição 78. Nos dez anos da morte da genial escritora que falava com os espíritos, ela reaparece na capa da Brasileiros. Mas também em relatos de amigos íntimos e documentário da cineasta Gabriela Greeb. É ela quem fala aqui: “Esse foi um bom encontro, uma troca muito forte. Fazer esse filme é uma batalha porque, infelizmente, nosso País não acolhe experimentações. Então, esse documentário é uma guerrilha, como sempre fiz. Agora não posso parar porque essa história está viva. Vou até o fim. E me sinto acompanhada por vocês”.
Mais um passo da ciência a serviço do homem (Leia aqui)
Abril de 2014, edição 81. Na tarde de 12 de julho de 2014, em meio ao cerimonial de abertura da Copa do Mundo de Futebol do Brasil, a despeito da pífia repercussão na grande imprensa do País, o neurocientista paulistano Miguel Nicolelis fez história. No gramado do recém-inaugurado estádio do Corinthians – maior rival do Palmeiras, time do coração de Nicolelis – ele realizou um sonho que demandou quase três décadas de pesquisas. Com a utilização do exoesqueleto, aparelho robótico criado por ele e uma equipe de 126 cientistas e acionado a partir de estímulos cerebrais, o neurocientista fez o jovem Juliano Pinto, portador de paraplegia completa de tronco inferior e membros inferiores, chutar uma bola de futebol. Três meses antes, Nicolelis foi entrevistado por Brasileiros. Falou sobre sua trajetória, enalteceu o belo trabalho feito pelo Instituo Internacional de Neurociências de Natal, centro de formação e pesquisas idealizado por ele, que forma crianças e jovens na periferia da capital potiguar, e não se privou de fazer comentários sobre política, com críticas à onda de conservadorismo e a usual defesa das transformações sociais do País, segundo ele, decorrentes das gestões petistas, posicionamento que, acredita, motiva censura velada das conquistas de seu trabalho em seu próprio País, na contramão da imprensa mundial, sempre generosa com ele. Um ano e quatro meses depois, o neurocientista paulistano tem boas novas. “Terminamos a análise de dados coletados desde a Copa e tivemos a grata surpresa de descobrir que o treinamento para a utilização do exoesqueleto induziu melhora neurológica abaixo da lesão medular dos nossos pacientes, que estão recuperando funções motoras, algo jamais documentado. Os dados estão sendo revisados para publicação em uma grande revista médica. No momento em que forem anunciados, será uma grande surpresa para a comunidade científica.” Com relação ao Brasil, ele defende que vivemos momento de retrocessos. “Estou assombrado com o que está acontecendo. Viajo pelo mundo e tenho visto países em crises verdadeiras, como Grécia, Espanha, Portugal e Itália. As atitudes de parte da população a esse momento de recessão, no Brasil, têm sido assustadoras e a tentativa de desestabilizar um governo eleito de forma legítima é chocante. Nunca imaginei que ia ver gente reivindicar a volta da ditadura. Não me lembro de ter vivido um grau de animosidade tão grande em nosso País.” Para encerrar a conversa em clima ameno, pedimos a Nicolelis para registrar seu palpite sobre a decisão da Copa do Brasil entre Santos e Palmeiras. “Alviverde campeão, claro, com 1 a 1 na Vila Belmiro e 2 a 0 no Allianz Parque.”
Que Copa! (Leia aqui)
Julho de 2014, edição 84. O Brasil ainda não havia entrado em campo contra a Alemanha, naquela trágica eliminação em 8 de julho, quando a edição em que destacamos o êxito da Copa do Mundo de Futebol no Brasil foi às bancas. Festejamos a alegria dos visitantes, o bom funcionamento das arenas e as grandes partidas. Um ano depois, fora dos gramados, a derrota é ética. Revelado neste ano, o escândalo mundial de corrupção na Fifa também envolveu a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, extraditado no fim de outubro para os EUA.
Contra o império da burrice (Leia aqui)
Janeiro de 2015, edição 90. Deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jean Wyllys se destaca no Congresso Nacional pela defesa de causas difíceis – do parto humanizado aos direitos dos transexuais. Às vésperas de assumir o mandato para o qual tinha sido reeleito com 11 vezes mais votos do que os recebidos nas eleições anteriores, Jean Wyllys mostrou como o acesso à informação não significa conhecimento. Na época, propostas suas eram alvo de campanhas de difamação nas redes sociais. Ex-BBB, jornalista, escritor, professor universitário, o deputado fala sobre o momento político do País. “De quando eu fiz a capa para cá, em minha vida pessoal houve pouca mudança (o montante de trabalho aumentou, continuo solteiro e me dedicando a atividades intelectuais paralelas à atividade parlamentar, mas que dialogam com esta, ampliei um pouco meu círculo de amigos e estou em paz com minhas escolhas), mas na minha vida pública, de homem público, vi o País ser arrastado para uma crise política que agravou o efeito da crise econômica mundial sobre nós. E os responsáveis por essa crise política são o PSDB e as forças políticas que lhe cercam e Eduardo Cunha. O PSDB não aceitou a derrota nas urnas e decidiu, por vingança e ressentimento, mas também por ganância, já que, segundo ele mesmo, está sem a chave do cofre há quase 15 anos, e com apoio maciço da chamada grande mídia, arrastar o País para uma crise política por meio da contestação do resultado das eleições e da conspiração, com apoio do DEM, do PPS e de Eduardo Cunha e dos parlamentares que lhe servem (reacionários e inescrupulosos), para concretizar o impeachment da presidenta Dilma. De lá para cá, o governo Dilma, por sua vez e diante dessa crise, só piorou, cedendo cada vez mais aos ditames do capital financeiro e penalizando os trabalhadores e a classe média com um ajuste fiscal e cortes orçamentários injustos.”
A consulesa Alexandra Baldeh Loras pede a palavra (Leia aqui)
Fevereiro de 2015, edição 91. A jornalista francesa estava em luto pelas vítimas dos episódios de violência ocorridos em janeiro deste ano em Paris, que se iniciaram na redação do jornal Charlie Hebdo. Em novo encontro, Alexandra afirmou: “Essa reportagem mudou minha vida. Com ela, recebi centenas de e-mails com mensagens de apoio, apenas três negativos. Além disso, estar na capa de uma revista em uma banca da Avenida Paulista é algo forte. A manchete, a foto, tudo muito forte. Um privilégio. Meu objetivo é desconstruir o egocentrismo que ainda domina o pensamento intelectual. Antes de eu chegar ao Brasil, tinha uma imagem errada deste País. Agora, acho que é o melhor lugar para viver fora do meu país. Estou em total sintonia com esta terra, que tem uma cultura enraizada do índio e do africano. O maior erro da imprensa internacional é não olhar para o Brasil como este País deve ser visto”.
A perda do discurso ético (Leia aqui)
Março de 2015, edição 92. O filósofo Renato Janine Ribeiro mostrou como os avanços sociais do governo federal se deram principalmente pelo consumo, critica o projeto policialesco da oposição e a presença excessiva do Judiciário no cenário nacional. Professor titular de Ética e Filosofia Política da Universidade de São Paulo, ele criticou ainda a falta de diálogo da presidenta Dilma Rousseff. No final do mês, com a revista ainda nas bancas, Janine Ribeiro foi convidado pela presidenta para ser ministro da Educação, cargo que ocupou até o começo de outubro. “Eu levantei com a presidenta a questão de que, ao frisar o consumo, o PT deixou de lado a questão ética. O PT fez um grande trabalho ético, sem dizer que era ético. Esse ponto chamou particularmente a atenção dela, que tem uma preocupação significativa com a ética. Na verdade, ela está carregando um peso de anos e anos em que o discurso petista deixou de lado a ética. Isso estourou nas suas costas, durante o seu mandato. Quanto à experiência no ministério, foi boa, mas difícil, porque o Brasil está em um momento de muita falta de dinheiro. E anos de avanços sociais e econômicos acostumaram muita gente a só fazer as coisas quando tem dinheiro. Uma boa parte da demanda que eu tinha no ministério era de gente que não queria melhorar a qualidade, mas de gente que queria mais dinheiro. As pessoas ficaram muito acostumadas a só atuar por dinheiro. Melhorar a gestão não era a preocupação. Para dar um exemplo, segundo dados da Secretaria de Ensino Superior, temos 298 cursos à distância de Pedagogia. Não é preciso ter 298. Basta ter um – que seja excelente e funcione em rede. E procurar fazer o melhor possível. Então, o problema do dinheiro teve dois lados. Por um, a falta real de dinheiro, que barrou várias ações boas. Por outro, uma certa adicção ao dinheiro nas políticas públicas. Essa é uma cultura que tem de mudar.”
Um bom retrato de que a redução da maioridade penal não faz sentido (Leia aqui)
Maio de 2015, edição 94 . Herenice Santos Cruz, ex-interna da Febem, recuperou sua liberdade com planos para superar os erros do passado. “Ter relembrado minha história renovou minhas energias. Eu contava meu caso e recebia muitas palavras de ignorância de volta. Eu estava nessa situação quando dei a entrevista. Depois, recebi tantas palavras de carinho e incentivo que me deram força para continuar a lutar pelos meus sonhos. Foi uma grande oportunidade para mim e quem sabe a gente consiga levar um pouco de esperança para quem leu.”
Depois de Mauá, o Brasil de Júlio Mesquita (Leia aqui)
Junho de 2015, edição 95. A capa com a imagem de Júlio Mesquita surge no momento do lançamento de Julio Mesquita e seu Tempo, biografia assinada pelo escritor Jorge Caldeira, sobre o advogado e jornalista. Caldeira diz: “O retrato de Júlio Mesquita na capa da Brasileiros é bastante recente para quem leu a reportagem – mas também uma alegre despedida de uma companhia interessante e duradoura. Por 15 anos o personagem instigou minha imaginação, guiou pesquisas, levou a conhecimentos. Durante cinco deles foi companhia diária na escrita de palavra por palavra dos quatro volumes que compõem a obra. Do momento da impressão em diante, tudo mudou. Até então, dominava tudo, tinha o poder de mudar as palavras de lugar como bem entendesse. No momento em que a tinta se gravou no papel a inversão foi completa: as palavras estavam fixas para mim e livres para a imaginação do leitor. Um brasileiro para a Brasileiros. Ainda olho com carinho a capa, tentando me acostumar com a nova vida da figura. Um democrata para um país que precisa disso, um amante da precisão exposto num momento de imprecisões, um tipo alegre mesmo em meio às maiores barbaridades. Às vezes, confesso, sinto saudades do convívio que hoje é para o leitor”.
“Melhor democracia em crise que ditadura estável” (Leia aqui)
Setembro de 2015, edição 98. Marcelo Rubens Paiva, autor do best-seller Feliz Ano Velho fala, nesta entrevista, sobre seu novo livro, Eu Ainda Estou Aqui, e o assassinato de seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva. Mas é mesmo sua mãe a heroína que emerge desse livro. “Sou fã da revista, do projeto da revista. Os aspectos sociais que ela levanta são essenciais para melhorar o País. Quando me chamaram para essa conversa, eu topei na hora.”
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