A Cidade do Sol vira a Cidade do Cinema

Quando o Festival Aruanda do Audiovisual Brasileiro começou, em 2003, dentro do curso de Radialismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o seu tamanho e formato eram diferentes do que é hoje. Coordenador-geral do Fest-Aruanda, o professor Lúcio Vilar lembra que naquela primeira edição o público era totalmente formado por alunos, professores e profissionais de cinema das universidades e não passava de 70 pessoas por sessão.”Quando começamos, lá em 2003, não esperava que em tão pouco tempo o festival se transformasse no que ele é atualmente. Desde o ano passado, crescemos muito, não só pelo aumento do público, masp rincipalmente pela produção audiovisual que exibimos durante o festival”, revelou. Na noite desta sexta-feira, quando abrir oficialmente a 6ª edição do Fest-Aruanda, com a homenagem aos 50 anos do documentário Aruanda, de Lindoarte Noronha, e a exibição do documentário Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, o público presente poderá conferir as mudanças no maior e mais importante festival de cinema da Paraíba.Uma tela para a produção nacionalDurante os seis dias do Fest-Aruanda, que também tem uma programação dedicada à criançada, com o Aruandinha (veja programação completa no site do festival, aqui), o público paraibano poderá assistir às produções de curtas feitas pelos alunos de universidades de todo o País e também ter acesso a algumas produções que chegaram ao circuito exibidor brasileiro. A cidade de João Pessoa possui em torno de nove salas de cinema e o espaço é quase exclusivamente dedicado ao cinema comercial americano. Poucas são as produções de filmes nacionais exibidas. As exceções são, geralmente, os longas com a chancela da marca Globo Filmes e/ou filmes que ganharam projeção nacional. [nggallery id=14097] Assim, o Fest-Aruanda acaba servindo também como “tela” de exibição de filmes brasileiros que não chegaram às salas de cinema de João Pessoa, como os documentários Uma Noite em 67 (ver entrevista com o diretor Renato Terra aqui) e Dzi Croquettes, de Tatiana Issa e Raphael Alvarez, que passaram com sucesso pelo circuito exibidor neste ano. “O problema de abertura do mercado exibidor para filmes nacionais não é uma função de um festival de cinema, mas o Fest-Aruanda acaba suprindo essa lacuna, que deveria ser equacionada por outras vias”, reconhece Maria do Rosário Caetano, curadora do festival.Grandes atraçõesNo ano passado, o Fest-Aruanda homenageou o diretor Walter Carvalho, um dos filhos da terra. O material virou um DVD, produzido pelo Centro Cultural do Banco do Nordeste dentro da programação Nomes do Nordeste, e será lançado na segunda-feira (13), às 20h, no Salão Sérgio Bernardes do Tropical Hotel Tambaú. O evento faz parte também da programação.O diretor paraibano Walter Carvalho, que começou a sua atividade como fotógrafo (hoje alterna com a função de diretor), diga-se de passagem, um dos mais talentosos e mais requisitados no Brasil, virou um realizador de documentários (são dele Janela da Alma, com João Jardim, e Moacir Arte Bruta, além de filmes ficcionais, como Cazuza – O Tempo Não Pára, com Sandra Werneck, e Budapeste). Ele estará presente no lançamento do DVD para falar com o público sobre seus principais trabalhos como fotógrafo e diretor (aguarde entrevista durante a cobertura do festival).Outra grande atração dentro do Fest-Aruanda é a presença do diretor e produtor Cacá Diegues, que vai ser homenageado no dia 15, no encerramento do festival, pelo conjunto da obra. O documentário Cinco Vezes Favela, produzido pela CPC-UNE em 1962, será exibido juntamente como o filme 5 X Favela, Agora Por Nós Mesmos, que Cacá Diegues ajudou a produzir com jovens realizadores de comunidades cariocas. O público paraibano poderá assistir às duas produções, que falam sobre os moradores de morros cariocas de ontem e de hoje. Primeiro, uma visão de diretores brancos de classe média (Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Miguel Borges, Leon Hirzman e Marco Farias), que dirigiram os cinco episódios do filme de 1962. Depois, o olhar de sete diretores negros, moradores de favelas, que dirigiram os cinco episódios que compõe 5 X Favela.

Godard, 80 anos


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