A ciência como um objetivo global

Francis Collins se despede de Miguel Nicolelis no laboratório do Projeto Walk Again, em São Paulo
Francis Collins se despede de Miguel Nicolelis no laboratório do Projeto Walk Again, em São Paulo


Do lado de fora do laboratório do cientista Miguel Nicolelis, instalado em uma ruazinha de Moema, zona Sul de São Paulo, um grupo de pessoas assiste a uma despedida solene e colaborativa. Nicolelis se despede de Francis Collins, geneticista conhecido internacionalmente por liderar o Projeto Genoma e por dirigir desde 2009 o National Institute of Healt – NIH, agência norte-americana que financia pesquisas científicas mundo afora. Acompanhado de sua equipe, um simpático Collins deixa Moema rumo ao Butantã, onde encontraria professores e pesquisadores na Universidade São Paulo (USP).

Nicolelis, cientista brasileiro que tem colocado o Brasil em destaque no campo da ciência e inovação, afirma calmamente para o mesmo grupo de pessoas, a maioria jornalistas, que “Dr. Collins não tem o costume de realizar essas visitas”. Era a primeira vez que Nicolelis e Collins se conheciam pessoalmente e o encontro não era só importante pelo seu ineditismo. A instituição  que Collins representa, o NIH, financiou durante 25 anos a pesquisa básica do Projeto Walk Again, cujos resultados permitirão que um brasileiro paralisado da cintura para baixo experimente novamente a sensação de andar e uma tarefa cercada de expectativa: a de dar o chute inicial da Copa do Mundo, no dia 12 de junho, no Estádio Arena Corinthians, em São Paulo.

Em uma das salas do laboratório, vestida com o exoesqueleto, uma voluntária do projeto caminha na esteira elétrica. Collins escuta atentamente a explicação de Nicolelis sobre o funcionamento da veste robótica e se diz “encantado”. Para ele, o projeto Walk Again é um exemplo de como a neurociência pode ajudar o homem. O diretor do NIH ainda destaca a importância das pesquisas básicas de todo projeto científico antes de atingir a fase clínica. “Eu estou absolutamente encantado, e é um bom exemplo de como a ciência funciona. Quando você ouve sobre um avanço em aplicações clínicas, seja neste notável feito que é o exoesqueleto ou seja no desenvolvimento de uma vacina que pode curar ou prevenir a AIDS ou uma nova descoberta que permitirá que mais pessoas possam viver mais e melhor, quase inevitavelmente esta descoberta foi baseada em pesquisas básicas”, afirma.

Entender como o cérebro funciona

Anunciado pelo presidente Barack Obama em abril de 2013 como o presidente do BRAIN, sigla paraBrain Research through Advancing Innovative Neurotechnologies, Collins tem uma missão de peso pela frente. Segundo ele, na primeira semana de junho deste ano um encontro público anunciará novas diretrizes e objetivos para o projeto e um investimento que chegará a casa de 100 milhões de dólares no próximo ano. A iniciativa BRAIN é uma das frentes do National Institute of Health, que possui um amplo histórico de investir em neurociência. De acordo com Collins, o governo americano gasta 5.5 billhões de dólares com pesquisas destinadas à neurociência, incluindo desde a ciência básica às aplicações clínicas. “É uma iniciativa bastante ambiciosa, que envolve esforços de alta tecnologia e outras organizações privadas. É certamente um esforço internacional”, explica.

O principal objetivo do BRAIN é tentar entender em um nível minucioso como o cérebro funciona. “Esta estrutura que temos entre nossas orelhas é a mais complicada estrutura que existe no mundo”, diz. “Se você esta interessado em entender o que é o autismo, esquizofrenia, Alzheimer, epilepsia, depressão, todas essas condições que ainda somos limitados em entender; se conhecermos a complexidade de como nosso cérebro funciona, nós teremos melhores chances de oferecer soluções para esses pacientes. Eu estou realmente animado com isso, como vocês podem ver”, completa entre risos.

Para ler a matéria completa sobre o encontro de Francis Collins e Miguel Nicolelis, acesse a nova plataforma da Brasileiros Editora, a iNOVA!Br


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