A contemporaneidade do cinema mundial

Se eu pudesse presentear cada pessoa que conheço, certamente eu iria dar uma “Permanente Integral” (pacote vendido pela Mostra, que possibilita a seu detentor ver qualquer filme, durante as duas semanas de “maratona”), para que pudesse mergulhar no maior evento cinematográfico de São Paulo e do Brasil. Para que a pessoa pudesse constatar a diversidade e a riqueza cultural ao redor do planeta com outros olhares sobre nossa frágil condição humana. Hoje acontece o “pontapé” inicial da 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com a exibição do filme À procura da Eric (Looking for Eric), de Ken Loach, apenas para convidados no Auditório Ibirapuera. A partir de amanhã até o dia 5 de novembro, em 15 salas de cinema da cidade e dois pontos alternativos (Vão Livre do MASP e Matilha Cultural, no Centro). Neste ano, o número de inscrições de filmes foi recorde, em torno de 700 inscritos, entre longas, curtas, médias, ficcionais e documentários nacionais e estrangeiros.
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“Apesar de não achar nenhum filme ruim, tivemos, eu e a Renata de Almeida, de fazer uma seleção, pois o evento não comporta crescer mais”, declarou Leon Cakoff, diretor da Mostra, juntamente com sua mulher Renata de Almeida. Mesmo não comportando a expansão, o evento cresce um pouco a cada ano, mas a intenção dos dois diretores é permanecer nesse formato.

Durante as duas semanas da Mostra, serão exibidos em torno de 300 filmes, entre nacionais e estrangeiros e alguns, como acontece todos os anos, são muito esperados pelos amantes da sétima arte. Entre os filmes mais aguardados, além de À procura de Eric, estão: A fita branca, de Michael Haneke, ganhador da Palma de Ouro deste ano; Ervas daninhas, do mestre Alain Resnais; Lebanon, do diretor israelense Samuel Maoz, que venceu o Festival de Veneza; além dos filmes de diretores já consagrados e cultuados pela Mostra, como Fatih Akin (Soul Kitchen), Pedro Almodóvar (Abraços partidos), Andrzej Wajda (Alga doce), Takeshi Kitano (Aquiles e a Tartaruga). Mas não só de diretores consagrados e cultuados vive a Mostra e as surpresas dão o sabor especial a esse tipo de evento. A maioria dos filmes chega à Mostra sem causar nenhum furor, e eles vão acontecendo aos poucos, por meio do boca a boca do público , que comenta os filmes quando estão na fila de espera (quem for marinheiro de primeira viagem da Mostra preste atenção nesses comentários, quando estiverem na fila de espera).

Questionado pela reportagem do site da Brasileiros, sobre alguma novidade na exibição dos filmes brasileiros, já que o Festival do Rio vem se consolidando como a principal vitrine do cinema nacional, Leon Cakoff rebateu: “Não temos nenhuma intenção de competir como o Festival do Rio, porque afinal de contas somos uma Mostra e não competimos com ninguém”. Entendimentos a parte, o que importa frisar é que o cinema nacional vem ganhando espaço e atenção do público desses dois eventos, a cada ano. Os filmes brasileiros mais esperados deste ano são: Cabeça a prêmio, do ator, agora diretor, Marco Ricca; Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz; Hotel Atlântico, da veterana diretora Suzana Amaral; Insolação, de Daniela Thomas e Felipe Hirsch; e Sol do meio-dia, de Eliane Caffé. Não podemos nos esquecer dos filmes de Beto Brant (O amor segundo B. Schianberg), Paulo Machline (O natimorto), que foi exibido no Festival do Rio e muitos o consideraram como o melhor filme brasileiro, além do filme que venceu o festival Os famosos e Duendes da morte, de Esmir Filho.

Vale citar as homenagens que a Mostra fará: para a atriz Fanny Ardant, que vem para São Paulo e terá alguns filmes exibidos, além da projeção do seu primeiro filme como diretora, Cinzas e sangue, e uma justa homenagem ao diretor grego Theo Angelopoulos. O último lembrete, mesmo que você não possa assistir ao filme À procura de Eric, hoje no Auditório Ibirapuera, é não perder esse sensível e humano filme de Ken Loach, que será exibido durante o evento.

Trailer de À Procura de Eric:

Quando colocamos no início do texto a palavra “pontapé”, fizemos uma alusão ao futebol, já que um dos protagonistas do filme é o ex-jogador francês do Manchester United, Eric Cantona, que se consagrou nos anos 1990, no time inglês. Uma história que trata da solidariedade e do “começar de novo” e resgata a importância da coletividade entre as pessoas, coisa cada vez menos em voga nos dias do individualismo da vida pós-moderna.

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