No começo, a entrada do gado zebu no Brasil provocou verdadeira guerra entre mineiros e paulistas – a chamada “guerra do zebu”, que durou mais de duas décadas, com debates acalorados entre pecuaristas e políticos pela imprensa. A campanha contra o gado da Índia era liderada pelo médico fluminense radicado em São Paulo Luis Pereira Barreto, que publicou, entre 1917 e 1921, uma série de artigos no jornal O Estado de S. Paulo desancando a raça.
Dizia que o zebu era “selvagem, impossível de domesticar”; que “a carne tem catinga”; e ainda que “os europeus só a comeram durante a guerra porque tinham fome”. Os mineiros eram chamados de “boiadeiros e não criadores”, “levianos” e “velhacos”, “verdadeiros passadores de notas falsas”. Os defensores do zebu, principalmente os mineiros, contra-atacavam enaltecendo as características da raça adaptadas ao clima tropical.
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E até hoje é lembrada a frase de um velho fazendeiro do Triângulo, o coronel Horácio Lemos: “Deveríamos erguer um monumento a Pereira Barreto. Sua campanha impediu que os campos paulistas se enchessem do gado zebu, trazendo riqueza ao Triângulo, que passou a abastecer os frigoríficos paulistas”. Os números mostram que o zebu venceu a guerra. Na expansão da fronteira agrícola, nos cerrados de Minas, Goiás, Mato Grosso do Sul e até na Amazônia, o nelore se adaptou como uma luva. A boiada se reproduziu com espantosa facilidade.
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