A Astrologia é o estudo das estrelas e planetas, além de sua influência sobre o comportamento humano. Ela surge com a percepção de que existe uma relação entre o Céu e a Terra – e que essa relação é previsível. A crença de que o Céu era um registro da vida na Terra foi sustentada pela maioria das civilizações antigas e pré-modernas, dos maias e astecas até os povos do Egito, Índia, China e sudeste da Ásia. Há 30 mil anos (talvez até antes), os povos da Idade da Pedra criavam calendários lunares. A interdependência entre o Céu e a Terra foi registrada pela primeira vez por um astrólogo babilônio, em uma tábua de argila (cerca de 800 a.C.): “Os sinais na Terra, assim como aqueles no Céu, nos mostram indícios”.
Os caldeus já faziam observações metódicas e cálculos para prever o tempo. No reinado de Assurbanipal, tabelas mostravam a posição dos astros em certa época do ano, que permitiram a produção de um calendário agrícola e de cerimônias religiosas, além de prever a sorte do soberano e do Estado. Essa Astrologia nascida na Mesopotâmia propagou-se por Pérsia, Índia, Arábia, Egito, Grécia. Na Tábua de Esmeralda, texto árabe atribuído ao deus egípcio Hermes Trimegistro, está escrito: “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima, realizando os milagres do todo. Pois todas as coisas vieram do todo”.
Platão e o aluno Aristóteles lançaram a base para uma justificativa filosófica da Astrologia. No trabalho clássico sobre a criação do cosmo, Timeu, Platão afirmava que tudo estava disposto segundo proporções matemáticas e geométricas perfeitas, e o propósito da Astrologia era harmonizar o indivíduo sábio com o universo. Ptolomeu escreveu o Tetrabiblos, uma enciclopédia que se tornou o livro-texto astrológico mais importante na Europa até o século 17 – um complemento técnico ao Timeu.
Hipócrates, Pai da Medicina, observava no organismo humano correspondência com os ritmos da natureza – o médico que desconhecesse a Astrologia não poderia tocar em um doente. Em Roma, Virgílio deixou a Astrologia guiar sua obra poética e Sêneca lhe consagrou parte de suas Questões Naturais, fundamentando suas razões para acreditar em ciência astral.
Após o colapso dos Impérios Grego e Romano, a Astrologia se transportou para o Império Islâmico e voltou à Europa, na Idade Média, pelos mouros. Nesse momento, entrou nas universidades. Dante e Shakespeare fazem alusões à ciência em suas obras e os principais envolvidos na revolução científica estiveram engajados no tema – Tycho Brahe foi mestre astrólogo; Galileu, fundador da moderna Astronomia, a estudou por toda a vida; e o físico e matemático Isaac Newton foi criticado por ter interesse nela. Mas respondeu: “Eu a estudei, o senhor, não”.
O declínio da Astrologia não se deveu tanto ao progresso da ciência moderna, mas a bula do papa Inocêncio III, no século 13, decretando que a busca de Deus no interior do indivíduo era pura heresia e só dentro e por intermédio da Igreja Católica o homem conseguiria alcançar a transcendência, estabelecendo uma divisão entre a ciência sagrada e a ciência profana. Quatro séculos depois, na França de Luiz XIV, a Astrologia foi banida das universidades pelo ministro Colbert, por julgar que o sistema heliocêntrico de Copérnico destruía os fundamentos da disciplina. A partir daí, a Astrologia entrou em ostracismo.
Depois de um hiato de 200 anos, o psicanalista Carl Jung promoveu um estudo estatístico de comprovação entre destino humano e configurações astrais. Foi também o criador de uma teoria para explicar tais correlações fora do princípio de causa e efeito. Reafirmando a validade da Astrologia, Jung permitiu que ela voltasse a ser estudada e os antigos conceitos passaram a ser revistos, despertando interesse das mais variadas áreas.
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