A história dos Jogos (e da arte) nos posteres olímpicos

Os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna aconteceram há 116, em Atenas, na Grécia. De lá para cá foram 27 edições (30 para o Movimento Olímpico, que conta os Jogos de 1916, 1940 e 1944, cancelados pela 1ª e a 2ª Guerra Mundiais) e muita história e tradições se criaram. Poucas são tão antigas quanto os posteres olímpicos, material de propaganda que ajuda a contar parte história, dos ideais e do momento artístico durante a realização de cada um dos Jogos. Confira todos os 27 cartazes de todos as Olimpíadas (e mais um bônus de uma edição que não foi realizado)

Os Jogos da I Olimpíada – Atenas 1896

Realizados em Atenas, na Grécia, os primeiros Jogos foram o berço do Movimento Olímpico. Seu pôster reflete o classicismo que permeavam o ideal do Barão Pierre de Coubertin, principal incentivador do renascimento das Olimpíadas.

Os Jogos da II Olimpíada – Paris 1900

Ainda em seu embrião, a segunda edição dos Jogos foi diluída por 4 meses durante a Feira Mundial parisiense  e “rebatizada” de Concurso Internacional de Exercícios Físicos. O cartaz mostra uma das modalidades do Concurso, a esgrima, e uma coquete francesa, simbolo da mulher moderna de então.

Os Jogos da III Olimpíada – Saint Louis 1904

Outra edição que se misturou a uma Feira Mundial. O cartaz mostra a principal preocupação dos organizadores: divulgar a cidade de Saint Louis, no meio-oeste americano.

Os Jogos da IV Olimpíada – Londres 1908

Os jogos voltam a ser realizados de forma independente em Londres, que anunciava com toda a pompa seu The Great Stadium, estádio com capacidade para impressionantes 93 mil pessoas. O cartaz também faz propaganda do livreto com a programação olímpica, que custava 6 pence, ou seja 6/240 de uma Libra no sistema pré-decimal britânico.

Os Jogos da V Olimpíada – Estocolmo 1912

Os Jogos de Estocolmo marcam a maioridade das Olimpíadas, com a primeira cerimônia de abertura coreografada e organização impecável.  Foi também a primeira vez em que houveram representantes dos cinco continentes em um edição. A grandiosidade destes Jogos ficam latente na arte do pôster, que traz a bandeira de diversos países, conclamando a união das nações, ideal que permeia os Jogos até hoje.

Os Jogos da VII Olimpíada, Antuérpia 1920

Depois dos horrores da 1ª Guerra Mundial, as Olimpíadas voltaram a ser realizadas em 1920, na Bélgica (em uma homenagem do Comitê Olímpico Internacional ao povo belga que, espremido entre duas das potências beligerantes, a Alemanha e a França, sofreu diversas agruras). Os Jogos de 1920 marcam o inicio da participação brasileira em Olimpíadas e o pôster traz elementos que se tornariam comuns, como a representação do atleta idealizado. Há também uma visão do horizonte da Antuérpia, repetindo Saint Louis, 1904.

Os Jogos da VIII Olimpíada – Paris 1924

A imagem do ideal Olímpico, com profunda influência grega, volta a aparecer, e a “receita” dos pôsteres começa a tomar uma forma: o ideário esportivo do movimento aliado à referência patriotescas, neste caso a bandeira da França e o escudo de Paris.

Os Jogos da IX Olimpíada – Amsterdã 1928

Em Amsterdã se repete a fórmula do pôster de Paris: elementos patrióticos (a bandeira Holandesa) e do movimento Olímpico (o atleta seminu carrega um ramo de arruda).

Os Jogos da X Olimpíada – Los Angeles 1932

Um pôster profundamente Olímpico, cheio de elementos ligados ao ideário do Movimento. Talvez reflexo da crise que assolava ao mundo pós-queda da bolsa de Nova York, em 1929. Eram tempos que clamavam pela união dos povos. Este é o primeiro pôster a trazer os anéis Olímpicos, 36 anos depois dos primeiros Jogos, em Atenas.

Os Jogos da XI Olimpíada – Berlim 1936

Um dos jogos mais famoso — e infames — de todos os tempos. Realizados na Alemanha em pleno período nazista, foram instrumento de propaganda do regime. O cartaz traz uma figura olímpica fazendo a saudação hitlerista e retoma os anéis, que nunca mais seriam esquecidos. Curiosamente parte da propaganda nazista usada em 1936, como o revezamento da tocha Olímpico e  o desfile de abertura, foram incorporados para sempre aos Jogos.

Os Jogos da XIV Olimpíada – Londres 1948

Um cartaz simples e clássico que reflete o momento vivido pelo mundo, a Europa e, em especial, por Londres em 1948. A cidade ainda sofria os reflexos da 2ª Guerra, quando foi fortemente bombardeada pela Luftwaffe alemã. Organizar os Jogos, para os londrinos, foi um exercício de honra.

Os Jogos da XV Olimpíada – Helsinque 1952

Outro cartaz clássico com os elementos Olímpicos em primeiro plano e uma pequena referência à Finlândia, país organizador dos Jogos.

Os Jogos da XVI Olimpíada – Melbourne 1956

Realizados pela primeira vez fora da Europa ou dos Estados Unidos, o cartaz dos Jogos de Melbourne, na Austrália, trazem elementos novos à composição, com a imagem abstrata no centro da composição. A ideia de inovar nos posteres seria constante a partir de então

Os Jogos da XVII Olimpíada – 1960

As Olimpíadas chegam à Roma, cidade profundamente influenciada pelos classicismos que reviveram os Jogos em 1896. O pôster lembra este passado, contando a história de Romulo, Remulo, a loba e o rei de Roma, mitos fundadores da cidade,  mas tazendo elementos gráficos modernosos. Sinal dos tempos.

Os Jogos da XVIII Olimpíada – Tóquio 1964

Um design simples e eficiente, moderno e que ao mesmo tempo traz os elementos básicos de um pôster clássico dos Jogos: uma referência ao país sede (o sol nascente da bandeira japonesa) e outra à Olimpíada (os aros Olímpicos).

Os Jogos da XIX Olimpíada – México 1968

Uma viagem visual bem adequada aos psicodélicos anos 1960. Meio hipnótica, meio confusa, e totalmente revolucionária.

Os Jogos da XX Olimpíada – Munique 1972

Um cartaz metalinguístico, com profunda referência à Olimpíada de Munique, trazendo imagens que remetem ao complexo construído pelos alemães para os Jogos.

Os Jogos da XXI Olimpíada – 1976

Minimalista, mostra a importância que tomaram os anéis Olímpicos nos anos do pós-guerra

Os Jogos da XXII Olimpíada – Moscou 1980

Outro cartaz minimalista, que faz referência à arquitetura, a cultura e o ideário da antiga União Soviética.

Os Jogos da XXIII Olimpíada – Los Angeles 1984

Uma mistura dinâmica de star and stripes, “antídoto” ao retilíneo e concreto cartaz soviético

Os Jogos da XXIV Olimpíada, Seul 1988

Os anos 1980 atingem seu ápice e com eles as ombreiras, os blazers dobrados na manga, os mullets e os cartazes pirados coreanos.

Os Jogos da XXV Olimpíada – Barcelona 1992

Na surrealista cidade de Joan Miró, Gaudi, e Dali,  o simbolo simples e representativo de uma das melhores Olimpíadas de todos os tempos marcou época

Os Jogos da XXVI Olimpíada – Atlanta 1996

O pôster é clássico e não por acaso remete os primeiros Jogos. Em 1996 o Movimento Olímpico comemorou 100 anos da primeira Olimpíada em uma edição que deveria ser em Atenas, mas acabou em Atlanta por pressão dos patrocinadores (a cidade do sul dos Estados Unidos é sede da Coca-Cola).

Os Jogos da XXVII Olimpíada – Sidney 2000

Três bumerangues e um estilo pictórico aborígene. Nada podia representar melhor a maior cidade da Austrália, país que esperou 44 anos para receber os Jogos pela segunda vez.

Os Jogos da XXVIII Olimpíada – Atenas 2004

Os Jogos “voltaram” para casa em 2004. em seu retorno, Atenas apresentou ao mundo um pôster minimalista, calcado na exploração do branco e bastante inspirado no cartaz de Barcelona, estilo que se firmaria nos Jogos seguintes

Os Jogos da XXIX Olimpíada – Pequim 2008

Basicamente um repeteco de Barcelona 1992 e Atenas 2004, com destaque ao símbolo daquelas Olimpíadas, que remete um ideograma chinês

Os Jogos da XXX Olimpíada – Londres 2012

Vários copos manchando uma toalha? Anéis Olímpicos esparramados? Ainda não temos palavras para descrever o cartaz de Londres 2012

BÔNUS

Os Jogos (que não aconteceram) da XII Olimpíada – Tóquio 1940

A 12ª Olimpíada estava prevista para acontecer em Tóquio, mas foi cancelada por causa da 2ª Guerra Mundial, que estourou em 1939, na Europa, e rapidamente se espalhou como rastilho de pólvora. Este teria sido seu pôster


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