“Os guaranis não têm um termo para a palavra natureza porque esse termo implica em uma divisão entre os seres. Nós dividimos os seres vivos em pensantes e não-pensantes. (…) A história desses seres são os relatos que eles geraram, ou seja, são os seus mitos. Esses seres têm uma Palavra alma, que é a sua fundação (…)”.
(Pesquisadora Graciela Chamorro – http://bit.ly/15fEABw)
No dia a dia, não mais enxergamos a identidade linguística de nossos ameríndios. Mas ela está em nomes nos mais diversos campos lexicais.
O tupi é um tronco linguístico – pelo lado colonizador pertencemos às línguas neolatinas já mescladas de inserções de palavras ameríndias. Aqui existe uma diglossia, ou seja, para efeito do poder e da governança, utiliza-se o português. Entretanto, no interior familiar das aldeias, fala-se a língua mãe, como é o caso do guarani e seus subtroncos, como o kaiowá.
Há dois grandes troncos, o macro-jê e o tupi. O primeiro com nove famílias linguísticas e o segundo com dez. Nossos indígenas têm origens de migrações de povos asiáticos que adentram a América, possivelmente via o Alasca. Dessa migração, surge uma genealogia da língua prototupi (Amazônia, nas imediações de Rondônia).
Desse tronco prototupi, surgiriam as línguas (na oralidade) tupinambás, potiguares, tabajaras, temiminós, tupiniquins, caetés, carijós, guaranis, chiriguanos, etc.
Gabriela Chamorro, professora doutora da Universidade Federal da Grande Dourados (UFDG), em Mato Grosso do Sul, realizou um trabalho com os guaranis, por reivindicação dos professores e professoras guarani/kaiowá para o ensino e a disseminação da língua desses povos.
“Para esses povos, ver e ouvir sua língua é compreender-se a si e aos outros, assim como ter uma cartografia de seu mundo e a de outros. A língua é sua identidade.”
(http://bit.ly/SYnLTQ)
Sem determinar o tronco e subtronco, temos tupi-guarani:
Lugares
Arapiraca, Atibaia, Itaipu, Itambé, Itu, Itatiaia, Jundiaí, Pará, Ceará, Piauí, Paraíba, Sergipe, Paraná, Goiás, Amapá, Roraima, Aracaju, Butantã, Guaratinguetá, Igaraçu, Iguaçu, Itaberaba, Itaim, Itaquera, Ituiutaba, Jacutinga, Pacaembu, Paracatu, Paraíba, Paraná, Piracanjuba, Piracicaba, Piraí, Piratuba, Taguatinga, Tucuruvi.
Habitantes e fenômenos
Capixaba, carioca, potiguar, caatinga, capoeira, coivara, piracema, pororoca, tapera, toca, toró, voçoroca, etc.
Baías, rios, lagos, lagoas e serras
Araguaia, Guanabara, Guajará, Itabapoana, Piratininga, Jacuí, Paraguai, Paranapanema, Ivaí, Uruguai, Jequitinhonha, Mirim, Mojiguaçu, Paranoá, Sapucaí, Paranaíba, Tapajós, Xingu, Taquari, Anhangabaú, Ibirapuera, Tamanduateí, Tibaji, Borborema, Cariri, Ibiapaba, Parima, Paracaima, etc.
Flora
Abacaxi, araçá, buriti, cabiúna/caviúna, caju, capim, carnaúba, caroba, cipó, cupuaçu, guabiroba/gabiroba (e outras variantes), imbuia, ingá, ipê, jabuticaba, jacarandá, jatobá, jequitibá, mandioca, peroba, sapé, taioba, taquara, timbó, tiririca, umbaúba, etc.
(Elia, apud http://bit.ly/YtITCI)
*É paraibano, mestre e doutor pela ECA-USP. Professor de Teoria Literária na Anhembi Morumbi, professor colaborador da ECA-USP, Fundação Escola de Sociologia e Política-FESP, além de contista e poeta com livros publicados (paulo@brasileiros.com.br).
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