Meus caros, já com muito atraso, o Governo do Estado de São Paulo decidiu dar à comunidade homossexual um espaço de destaque e relevância na administração pública, e propôs a formação do Conselho Estadual LGBT. A Prefeitura de São Paulo fez isso em 2005, com a criação do CADS, Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual, e, nas palavras de seu competente Coordenador Geral, Franco Reinaudo, foi quando a comunidade homossexual “Entrou no DNA da administração pública”. Hoje a cidade de São Paulo tem uma entidade voltada aos interesses dos homossexuais que é referência internacional. O governo estadual, certíssimo, decidiu fazer a mesma coisa. Existe um comitê dentro da Secretaria de Justiça voltado às políticas homossexuais, mas é coisa menor, não tem força, acaba de escanteio ou no vazio. O Conselho Estadual LGBT será uma conquista da comunidade, extremamente necessário, ganharemos voz ativa na administração do maior e mais poderoso estado do país, deveríamos auxiliar sua criação. Só que a Secretaria da Justiça cometeu o triste erro de superestimar nossa militância, chamando entidades e organizações representativas do movimento gay para ouvi-las sobre o arcabouço já desenhado para o órgão. Foi aí que parou tudo. Deu até vergonha.
Agindo como se fosse um grêmio universitário, os militantes lá presentes foram incapazes de chegar a um consenso sobre a representatividade, no Conselho, de cada uma das letras da sigla LGBT– que nunca foi oficial, diga-se. Debateram, sem sucesso algum, se um gay pode representar uma lésbica, ou se só as lésbicas devem falar por si, transexuais idem, etc. A coisa é simples: gente capaz e inteligente dá conta do recado, uma lésbica, ou transexual, inteligente e compromissada, poderia sim falar por mim, que sou gay. Mas nem entre si conseguiram dialogar os presentes, que dirá se integrarem um Conselho Estadual. Reclamamos que o legislativo não faz leis que nos protejam, mas, quando somos chamados a ajudar, atrapalhamos. Não entendi bem o que fará o Governo agora, mas acho que quem entende de administração pública deveria resolver. Aluno não faz tarefa de professor.
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