As primeiras fileiras do anfiteatro no centro de Macapá, capital do Amapá, estavam ocupadas por mulheres e homens com uma característica comum. Todos usavam acessórios sobre a cabeça: lenços, bonés, chapéus, gorros de crochê ou perucas. Alguns ainda encobriam a parte superior do rosto com óculos escuros. Não importa o acessório escolhido, eram mulheres e homens preocupados em deixar menos visíveis as marcas de um acidente traumático para os ribeirinhos da Amazônia: o escalpelamento. A tragédia está associada às pequenas embarcações que permitem aos moradores da beira de rios e igarapés se locomoverem de um lado a outro. O eixo que transfere a força do motor à hélice passa pelo meio dessas embarcações e, em algumas delas, não é coberto por nenhum tipo de proteção. O escalpelamento acontece quando os cabelos da pessoa se enroscam no eixo, que continua a girar, arrancando o couro cabeludo. Nesse tipo de acidente, além de escalpelar, as partes móveis do motor do barco podem também arrancar sobrancelhas, orelhas e partes da face. As mulheres e homens reunidos no final de fevereiro em Macapá aguardavam o começo de um mutirão médico com 15 especialistas para avaliar o caso de cada um deles. Há menos de cinco anos, estavam isolados em suas comunidades. O cenário começou a mudar em 2007, quando quatro mulheres decidiram participar de um encontro no teatro da cidade. Representantes do movimento negro e das lésbicas se digladiavam quando uma das quatro mulheres pegou o microfone, criticou a irrelevância do debate, tirou a peruca e disse: “Olhem para mim. Eu não nasci assim”.
Maria do Socorro Damasceno, mais conhecida como Socorro, lembra que ficou tremendo na cadeira enquanto Trindade Gomes exibia as sequelas do escalpelamento no palco. “A gente não sabia nada sobre movimento de mulheres”, conta. “Nem sabia o que era lésbica, falava era sapatão.” O fato é que o ato de Trindade chamou a atenção para o problema e para a organização que elas haviam criado em novembro do ano anterior: a Associação de Mulheres Ribeirinhas e Vítimas de Escalpelamento da Amazônia. Na prática, a associação tinha apenas quatro integrantes e não existia formalmente, mas ganhou visibilidade. Escalpelados dos mais distantes pontos do Amapá e do Pará, Estado vizinho, começaram a aparecer. Algumas portas se abriram no mundo da política e da assitência social.
Ainda em 2007, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP), apresentou na Câmara dos Deputados um projeto de lei que obriga a proteção das partes móveis do motor das embarcações ribeirinhas, aprovado dois anos depois. Em uma região onde os rios são as estradas, a cobertura do motor representa o primeiro passo para a prevenção de acidentes. Estima-se que 20 mil embarcações circulem pelo Amapá, embora apenas cinco mil estejam registradas na Capitania dos Portos.
“A população ribeirinha se locomove de barco, a maioria de dois remos”, afirma o capitão dos Portos do Amapá, Carlos Rodrigo Neves de Oliveira. “Quem tem um pouco mais de recurso, compra uma embarcação a motor.” Oficial da Marinha, Oliveira recorre aos resultados de inspeções náuticas realizadas nos últimos dois anos para demonstrar que o problema vem sendo combatido. Em 2010, foram encontradas 560 embarcações com o eixo do motor descoberto. O número de barcos flagrados nas mesmas condições em 2011 caiu para 226. Em todos os casos, a Marinha providenciou a proteção das peças expostas.
Nas embarcações precárias, o agravante é que até pela conexão do eixo à hélice ocorre entrada de água no barco, que se acumula na parte interna do casco. A retirada dessa água precisa ser feita durante a navegação. Boa parte dos acidentes ocorre quando passageiros estão “secando” a água do barco em movimento. Basta um momento de distração para acabar com os cabelos presos no eixo. Não por acaso, a força-tarefa reunida pelo governo do Amapá para o mutirão de avaliações médicas contou com representantes da Defensoria Pública da União. A partir de um cadastramento das vítimas de escalpelamento na região, a defensora pública Luciene Strada atua na prevenção e investigação dos acidentes. Ela também está atenta à inclusão social das vítimas. “O que precisa é capacitar, dar oportunidade de trabalho a elas”, defende Strada. A deputada Janete Capiberibe concorda, ponderando que os escalpelados enfrentam dificuldades muito específicas. Além de discriminados por causa das marcas do acidente, não podem, por exemplo, se expor ao sol.
Com a presença de 15 médicos especialistas de várias partes do Brasil, no mutirão de Macapá, as vítimas de escalpelamento demonstraram mais preocupação em serem avaliados para fazer uma cirurgia reparadora. “Estamos esperando esta oportunidade há muito tempo”, diz a atual presidente da associação de vítimas, Rosinete Serrão. Hoje, a associação reúne 117 pessoas, entre elas seis homens. Uma das mais ansiosas para passar pelo exame médico era Maria do Socorro Pereira, 23 anos, que mora na cidade de Santana (AP). Acidentada em junho de 2009, ainda no hospital ela recebeu a visita de outras vítimas e logo entrou para a organização. Está interessada principalmente em reconstruir as orelhas e sobrancelhas. No anfiteatro, Maria do Socorro abaixou a cabeça e chorou quando o cirurgião Luciano Ornelas Chaves falou em nome da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), parte fundamental do mutirão: “A Sociedade demorou para chegar. Pedimos desculpas”.
Em trabalho voluntário, 14 cirurgiões plásticos e um anestesista vinculados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, além de dois médicos de Macapá, participaram dessa primeira fase do mutirão. Prometem retornar ao Amapá, ainda neste ano, com a equipe reforçada por mais dez profissionais, para realizar as cirurgias. Ao governo do Estado caberá comprar próteses, extensores capilares e outros materiais necessários para reconstruir couros cabeludos, sobrancelhas e orelhas. No Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, onde a equipe médica se instalou para realizar os exames no decorrer de um sábado, os pacientes checavam uns com os outros a escala das consultas. Não arredavam os pés do saguão sem confirmar com segurança o horário reservado a eles. Como se não bastasse, o clima na unidade de saúde era dos mais acolhedores.
As cirurgias representam um sonho há muito perseguido pelas vítimas de escalpelamento: melhorar a qualidade de vida. Em 2008, um grupo delas já havia feito um curso para aprender a confeccionar perucas com um técnico convocado em Belém pelo governo do Amapá. Na sequência, uma campanha para a doação de cabelos rendeu resultados tão positivos que a maioria dos integrantes da associação usa perucas confeccionadas com cabelo natural. Além de atender à demanda interna, o grupo produz perucas para pacientes em tratamento contra o câncer.
O cabeleireiro Manuel de Medeiros, o Carioca, também faz a sua parte, contribuindo de forma voluntária com cortes e tinturas. Quando começou o trabalho, a associação tinha apenas 38 integrantes. A maioria usava lenço na cabeça. Quem tinha peruca era de cabelo sintético, que irrita a pele, além de esquentar muito, em especial no clima quente do Amapá. “A mudança de visual capilar vem de uns quatro anos para cá”, disse. “E as perucas delas precisam ser mais folgadas que o habitual, para não machucar a cabeça.” Carioca fez questão de participar da abertura dos trabalhos do mutirão.
Ao final da série de consultas, a equipe médica passou horas avaliando cada caso, com base nas fichas dos pacientes e em fotografias tiradas pela polícia científica do Estado. Os diferentes ângulos das vítimas de escalpelamento foram projetados em um telão e discutidos por todo o grupo. Em relação à possibilidade de realizar cirurgias reparadoras no futuro próximo, os resultados foram animadores. Os cirurgiões concluíram que, dos 87 pacientes atendidos, 85% têm condições de se beneficiar de procedimentos cirúrgicos. Deles, 25 devem receber próteses sintéticas para substituir orelhas perdidas no acidente. Quanto ao impacto do escalpelamento na saúde dos pacientes, os exames apontaram um quadro preocupante. “Cabelo é proteção térmica, não é só beleza”, afirma o cirurgião plástico Luciano Ornelas Chaves. “O escalpelamento tira a proteção e cria condições para que um tumor maligno se instale na região craniana.” Uma das pacientes examinadas foi levada imediatamente para o hospital, por apresentar um tumor de grandes proporções na cabeça. Outros 20 pacientes estão com lesão no couro cabeludo e, devido à suspeita de ocorrência de tumores malignos, foram encaminhados para fazer exames de tomografia e biópsia. Com esses resultados, a ameaça de câncer torna ainda mais complexa a triste saga dos escalpelados da Amazônia.
Raiane Amorim Nunes, 12 anos
Muito tímida, Raiane sorri sem mostrar os dentes e se esconde atrás da mãe quando as pessoas tentam conversar com ela.
De vez em quando, ajeita a peruca enfeitada por presilhas. Em seguida, volta a prestar atenção a tudo o que acontece ao seu redor. Há seis anos, ela viajava com os pais de Marabá para o igarapé Uruá, onde moram, quando acordou com vontade de fazer xixi. Junto com a mãe, foi até a popa do barco. Antes de subir no beiral da embarcação, colocou o prendedor de cabelos perto do eixo que transfere a força do motor à hélice. “Depois, ela se abaixou para pegar o prendedor e só ouvi os gritos”, relembra a mãe, Maria José. Eram sete horas, estavam na metade do caminho. O dono do barco não quis retornar à capital. Em um igarapé próximo, a família conseguiu socorro e Raiane chegou a Macapá às 14 horas. Pouco depois, estava na sala de cirurgia, sem parte do couro cabeludo, da orelha e da sobrancelha esquerdas. Ao citar pais que abandonam filhos acidentados, Maria José ressalta que esteve o tempo todo ao lado da filha. “Na verdade, abandonei o mais novo”, afirma. “Desmamei para cuidar de Raiane.” Quando a repórter anota no bloquinho o nome do menino – Clebison –, Raiane finalmente fala: “É com K!”.
Maria do Socorro Damasceno, 30 anos
Socorro é uma guerreira. Vítima de um escalpelamento brutal aos 7 anos, ela jamais se conformou com a ideia de ficar segregada do resto do mundo. Tinha 24 anos quando soube de um caso similar ao seu e procurou contato. Com o gesto, começou um movimento que tirou já 117 pessoas do isolamento social. “Tenho vontade de reconstruir as minhas sobrancelhas e as orelhas”, diz. “Se eu não conseguir, não vou ficar magoada. Essa é a minha identidade.” Como já perdeu as contas de quantas cirurgias fez, Socorro sabe que a medicina tem limites. Sabe também de suas conquistas. “Eu não me olhava no espelho, não me pintava”, conta, maquiada, com as sobrancelhas desenhadas a lápis. Em seguida, chora muito ao relatar o acidente, no barco de pesca no qual os pais ganhavam a vida, em companhia dos nove filhos. “Eu era a única que tinha cabelão. Era loiro, loiro mesmo”, conta. “Levantei as tábuas que protegiam o motor para ver como funcionava.” Hoje, casada com um vendedor de frutas, Socorro mora em Macapá e, de tempos em tempos, enfrenta períodos de depressão. “Mas já conquistei muito”, ressalta. “A única barreira é que eu não consigo passar na frente de colégio com crianças na porta.”
Rosinete Serrão, 34
Atual presidente da associação de vítimas de escalpelamento, Rosinete acredita que só pode amenizar um pouco as marcas do acidente que sofreu aos 20 anos. “Como foi escalpelamento total, não dá para fazer muita coisa”, afirma. “Não tenho direito de andar com a cabeça descoberta”, completa, sinalizando que não pretende jamais tirar a peruca em público. Apesar dessa determinação, ela se apega à força interior para encarar o cotidiano: “A gente continua bonita. Só mudou a aparência física.” Logo depois do acidente, Rosinete teve muita dificuldade em aceitar a realidade. Abandonada pelo namorado, trocou por Macapá a comunidade em que vivia com a família e trabalhava como professora. Durante um ano, ficou hospedada na casa de uma enfermeira: “Nessa época, eu só pensava em me matar. Pegava a faca, mas não tinha coragem de enfiar no corpo.” Mais tarde, grávida do “primeiro que apareceu”, criou a filha sozinha, trabalhando, no começo, como doméstica. Depois, passou a vender roupas e bijuterias em consignação. Hoje, faz Pedagogia com bolsa concedida por uma faculdade particular. “Quero trabalhar na gestão de uma escola”, adianta. Com o novo namorado, integrante da associação que preside, Rosinete planeja formar família e construir uma casa de alvenaria. O terreno já foi comprado.
Deuzane Cortes de Souza, 32 anos
Tomar banho no rio é o maior desejo de Deuzane. Há 11 anos ela não mergulha, por vergonha de mostrar a cabeça parcialmente escalpelada. “O mais importante é o cabelo”, diz. “Quero fazer uma cirurgia reparadora para ficar mais normal.” O acidente que mudou a vida de Deuzane aconteceu depois de uma festa que tinha ido com o irmão mais velho. De madrugada, navegando de volta para casa, ela deitou-se em cima de um banco. “Escorreguei e o meu cabelo, que era bem preto, ficou preso no eixo em movimento”, lembra. Quando desligaram o motor, parte do couro cabeludo e a sobrancelha esquerda haviam sido arrancadas. Logo depois do acidente, o namorado de Deuzane a deixou. “Eu não tinha vontade de nada”, conta. “As pessoas faziam caçoada de mim.” Quando completou 23 anos, a situação começou a mudar. Primeiro, ela conheceu Benedito, que trabalha com extração de açaí, e desde então estão juntos: “Ele me apoia muito”. A vida de Deuzane, porém, era restrita à casa na ilha de Tucunaré (PA), onde mora. Poucos anos atrás, ela soube pelo rádio que existiam outras mulheres como ela em Macapá. Não hesitou em deixar a ilha para conhecer as “meninas”. Desde então, faz o trajeto de seis horas de navegação quase todos os meses: “Agora tenho amigas”.
Marcilene Mendes Rodrigues, 25 anos
Quando criança, Marcilene adorava pentear os cabelos diante do espelho. Até hoje ela ainda passa horas contemplando o próprio reflexo, mas agora se preocupa em disfarçar as perdas sofridas em uma ilha perto de Breves (PA), onde morava. Aos dez anos, ela jogava futebol na beira do rio quando o barco do pai “fugiu”. Marcilene e o irmão mais velho entraram no rio e recuperaram a embarcação. O irmão ligou o motor e Marcilene se agachou para tirar a água que entrara no barco pouco antes. Acabou presa pelos cabelos no eixo do motor. “Meu pai teve que pegar a faca para cortar”, lembra. Além do couro cabeludo, o acidente afetou sua sobrancelha direita e deixou cicatrizes. Há três meses em Macapá, Marcilene encontrou apoio nas “meninas” da associação e usa com charme a peruca que ajudou a confeccionar. Tem muitos planos – voltar a estudar, encontrar um trabalho, buscar os dois filhos que ficaram com uma tia em Belém (PA). Com o humor oscilante, não consegue colocar nenhum dos planos em prática, mas seus olhos brilham ao falar da possibilidade de fazer uma cirurgia: “Se der para ajeitar ao menos a sobrancelha e a cicatriz, já está ótimo”.
Luís Eduardo Freitas Gonçalves, 35 anos
Ainda adolescente, Luís começou a trabalhar em embarcações pelos rios da Amazônia. Em 2005, durante uma inspeção no barco que prestava serviço, um oficial da Marinha discorreu sobre prevenção de acidentes e contou que havia tantas mulheres vítimas de escalpelamento que algumas delas estavam se reunindo em Macapá. “Eu me apresentei a ele e pedi o endereço”, lembra Luís, que raramente tira o boné em público. Só então o oficial percebeu que estava diante de mais uma vítima. Luís tinha apenas três anos e cabelos nos ombros quando a mãe pediu à empregada para buscar uma porção de açaí na geladeira de um parente. “Naquele tempo, a gente não tinha geladeira”, explica Luís, que entrou no barco da família, conduzido pela empregada. Na volta, estava “secando a água” que se formara em torno do motor quando escorregou: “Aí, aconteceu a fatalidade”. Depois de oito meses no hospital, ele voltou para casa, mas jamais se livrou do apelido dado por outras crianças – “Pelado”. “Sou mais conhecido por este nome do que pelo meu. Isso me incomoda muito”, assume. Hoje, piloto de embarcação, Luís não perde nenhuma reunião importante do grupo de vítimas, embora tenha de navegar quase dois dias seguidos de sua casa, na região de Breves (PA), para chegar à Macapá.
Raimunda de Oliveira, 49 anos
Raimunda não esconde a alegria diante do mutirão de cirurgiões plásticos organizado para avaliar, entre outros casos, as sequelas do escalpelamento que sofreu há 12 anos. “Estou muito feliz com todo esse apoio”, diz. “A primeira cirurgia que fiz ajeitou um pouquinho, mas quero melhorar. Meu olho ficou muito repuxado”. Mãe de oito filhos, Raimunda viajava como passageira de um barco entre sua casa, à beira do rio Vila Nova, e a cidade de Mazagão, no Amapá. Como é costume na região, pegou uma cuia e começou a tirar a água que se acumulava no interior do casco. Os cabelos de Raimunda, que batiam na altura da cintura, se enrolaram no eixo do maquinário, provocando um escalpelamento total. Onze meses depois, quando recebeu alta do hospital, o marido tinha saído de casa. “Ele só deixou uma rede”, conta. “Procurei a Justiça e consegui ficar com a casa.” Raimunda terminou de criar os oito filhos com uma dieta à base “do peixinho e do açaí” e com a renda do próprio trabalho – foi servente em uma escola. Uma assistente social contou que em Macapá existiam pessoas com problemas similares: “Foi muito bom saber que eu não era a única”.
Trindade Gomes, 43 anos
“O Zé de Alencar nos recebeu na porta. E o Lula perguntou qual era a minha escolaridade”, conta Trindade, sobre a audiência que teve em Brasília em 2007, no gabinete do então presidente da República. “Só fiz até a terceira série, mas sei me defender.” Na ocasião, ela integrava um grupo de mulheres em busca de apoio para a lei que prevê a proteção do eixo do motor das embarcações. Trindade é daquelas pessoas que aprendeu a se defender à força. Aos 7 anos, ela foi abandonada pelo pai no hospital após se acidentar no barco da família, em Portel (PA). Meses depois, integrantes da comunidade conseguiram interná-la em um hospital público da capital, Belém. Trindade só teve alta aos 14 anos, quando voltou sozinha para casa, cheia de cicatrizes e sem cabelos. Foi rejeitada novamente. Abrigada pela família de um “gringo”, começou a trabalhar e, mais tarde, montou oficinas de costura. Em 2000, após largar um marido violento, mudou-se com suas máquinas e três filhos para Macapá, onde se estabeleceu no comércio e ajudou a fundar a associação de vítimas de escalpelamento. Das discriminações sofridas, a que mais sentiu ocorreu em Teresina (PI): “Estava com um filho num restaurante e o dono pediu que mudássemos de sala. Um cliente dele não queria almoçar olhando para o meu rosto”.
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