A última novidade

Uma nova petição enviada ao Legislativo, chamada Salvaguarda do Vinho Nacional, aplica rígida política protecionista em relação aos vinhos comercializados no Brasil. Um grupo de produtores brasileiros sediados no Rio Grande do Sul, na grande área de produção vinícola nacional, criou um projeto para, desesperadamente, barrar a importação e o comércio de vinhos de outros países. Para mim, uma pena, por alguns motivos:

• Uma das coisas boas do nosso País é a diversidade de produtos que podemos oferecer no mercado.

• Sempre fui defensora da produção nacional, acho que temos bons produtos e muito potencial. Mas, depois dessa, devo confessar, fiquei decepcionada.

• Podem falar o que quiser, essa é uma medida ditatorial e não engloba todos os produtores, mas um pequeno grupo que tomou a frente dessas questões do vinho no País com um cunho político duvidoso (acho que todos se lembram da celeuma do selo fiscal).

• A grande desculpa para essa medida é a de que, com a crise mundial, países produtores que tiveram diminuição substanciosa em consumo de seus produtos, voltaram suas forças para o Brasil e, dessa forma, assolaram o mercado de produção nacional.

Ora, sabemos que não é bem assim:

• Um dos aspectos de defesa para essa medida ainda conta com a premissa de que os vinhos nacionais são iguais aos de outros países. Se assim fosse, já seríamos um dos líderes em exportação há anos. Nenhum país produz vinhos iguais a outro – nessa verdade reza a beleza do vinho.

• Além do aumento de imposto para a importação, o País poderá começar a trabalhar com cotas. Imagine, podemos ter um colapso no abastecimento do mercado.

Uma das questões sempre colocadas junto a profissionais e consumidores são os preços dos produtos. Observamos que, de modo geral, os vinhos importados chegam ao Brasil quatro vezes mais caros do que o preço em sua origem. Acho que, se observarmos esse balanço, a Salvaguarda já está mais do que formada.

O que levanto aqui é o valor pago pelo vinho nacional por nós brasileiros. É muito caro! A média de preço de custo (valor pago por distribuidores junto ao produtor) de um vinho fino relativamente simples é de R$ 40 no Brasil. Na Europa (a grande zona produtora e agora “rival” da produção nacional), o vinho comprado com as mesmas características sai por R$ 25.

Creio que o embate não deva ser entre governo nacional e governos internacionais. A briga maior deve ser entre produtores nacionais e governo brasileiro. Somente com valores competitivos, poderemos ter a real salvaguarda para os nossos vinhos.

*Graduada em Gastronomia, com especialização em Enogastronomia, e maître-sommelier dos restaurantes D.O.M. e Dalva e Dito, em São Paulo.


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