Abaixo a caipirinha (mais ou menos)

A Cîroc, marca francesa de vodca ultrapremium, lançou na quinta-feira (15) dois rótulos de bebida “flavorizada”, com sabor. Coconut e Redberry chegam ao mercado brasileiro – segundo maior da marca, atrás apenas dos Estados Unidos – com uma missão quase impossível: abalar o monopólio da caipirinha nos copos das classes A e B. “A caipirinha predomina em todas as classes sociais, é unanimidade entre os consumidores de destilado brasileiros. Mas só a caipirinha não é suficiente para degustar tudo que a bebida tem a oferecer”, avalia Isabela Abbês, gerente da Cîroc.
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Não se trata de declaração de guerra ao drinque que representa o Brasil mundo afora. Para Isabel “não é crime misturar nada à bebida, independentemente da qualidade”, e vale até servir uma dose da vodca que custa em média R$ 250,00 com energético de R$ 7,00. O protesto é à estagnação de um ramo que ainda não conquistou o reconhecimento dedicado, por exemplo, aos culinaristas. “Depois da criação da caipirinha, nos anos 1950 ou 1960, o Brasil praticamente deixou de lado a criação de coquetéis. O bartender não recebe o reconhecimento que um chef de cozinha tem, e tem menos direito de inovar. É visto até como ‘garçom de luxo’”, aponta Fabrício Marques, embaixador da Cîroc.

Longe de oferecer a acessibilidade financeira da caipirinha, a vodca ultrapremium, tomada pura ou como base de drinques caros, que utilizam ingredientes como o suco de aloe vera, está longe de ser a nova sensação do churrasco de domingo. Mas o contexto conspira a favor da campanha adotada pela vodca francesa para difundir-se no mercado brasileiro: a projeção destacada do País no exterior e a tranquilidade na economia têm elevado os padrões de consumo e facilitado importações.

“Presenciamos, nos últimos anos, a chegada das baladas internacionais ao Brasil. É um público que vivencia sofisticação de ambientes, de atrações culturais e, também, de bebidas. A Cîroc é uma marca intimamente ligada a esse clima de celebração”, pondera Isabela. Há seis anos no Brasil, a Cîroc aposta no amadurecimento do consumo de destilados e na exigência do consumidor por novas experiências etílicas.

Guerra da vodca

De origem francesa, destilada em processo similar ao do conhaque e com uva como matéria prima, a Cîroc enfrentou batalhas mais difíceis antes de entrar na disputa pelo paladar brasileiro. Teve, primeiro, de conquistar o direito de ser reconhecida como vodca. O episódio conhecido como “guerra da vodca” teve início em 2006 na União Europeia. Lá, produtoras de vodca do leste europeu, encabeçadas pela Polônia, tentaram barrar a denominação de vodca para a Cîroc, que, para alguns, é grappa de luxo ou pisco europeu – ambos os destilados também têm como matéria prima a uva; a vodca tradicional é produzida a partir de grãos selecionados ou tubérculos.

Os representantes da bebida, obviamente, rejeitam a ressalva da concorrência. “Ficou acertado, na União Europeia, que a vodca é caracterizada pela alta graduação alcoolica após a destilação. Chega a 92º antes da diluição”, explica Fabrício. “O resultado final mantém as demais características da vodca, como o álcool mais puro que em outros destilados e a manutenção seletiva de um sabor muito característico, mas com mais frescor, devido aos fenóis da fruta”.


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