Ações apontam existência de grupos de extermínio na PM

Foto: Diogo Moreira/Fotos Públicas (21/11/2014)
Foto: Diogo Moreira/Fotos Públicas (21/11/2014)

As imagens de câmeras de segurança e de celulares que mostram dois suspeitos de roubo sendo mortos por policiais militares no Butantã, zona oeste da capital paulista, no feriado de 7 de setembro, e as recentes chacinas nas cidades de Osasco e de Barueri, na Grande São Paulo, que deixaram 19 pessoas mortas, evidenciam a existência de grupos de extermínio dentro da Polícia Militar (PM). A afirmação foi feita nesta terça-feira (15), pelo ouvidor da PM, Julio Cesar Fernandes Neves.

Segundo o ouvidor, uma evidência forte da existência de grupos de extermínio é o fato de que, no ano passado, 801 pessoas foram mortas em supostos confrontos com policiais militares e civis. Os dados são da própria Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

De acordo com Julio Cesar, os números vêm crescendo: em 2013, foram mortas 440 pessoas em confrontos e, neste ano, até agora, 421 pessoas. “É um número que foge da normalidade”, disse Neves. Ele ressaltou que não dá para acreditar que, entre os autores dessas execuções, não estejam pessoas que se organizaram de alguma forma, seja em grupos de extermínio, ou não. “Existem grupos que estão matando gente por aí e de forma organizada”, afirmou Neves.

“São situações que vêm acontecendo há muito tempo, mas que os órgãos oficias não reconhecem de maneira alguma, e as coisas vêm perdurando”, acrescentou o ouvidor. Nesta terça, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, e o governador Geraldo Alckmin, em diferentes no estado, negaram a existência de grupos de extermínio na polícia paulista. Para o governador, o que existe são “maus policiais”, que responderão a processo.

Para o ouvidor, os grupos de extermínio continuam existindo dentro da polícia paulista porque não há punição por esses crimes. Neves informou que, no ano passado, 129 policiais foram demitidos da corporação e 177, expulsos e, neste ano, os demitidos já são 63 e os expulsos, 94. Ele considera o número pequeno diante do número de ocorrências e processos administrativos abertos para investigar a atuação policial. “Para evitar [esses grupos de extermínio], o principal é punir”, afirmou o ouvidor, que defende mudança na postura da Polícia Militar, baseada “em uma cultura de guerra”. “O policial já sai [para as ruas] como se estivesse em um campo de batalha.”

Na opinião do ouvidor, esta não é a polícia que a sociedade gostaria de ter em São Paulo. “A realidade mostrada nessas filmagens é muito forte porque, até então, a maioria da população acreditava que as mortes eram em confrontos policiais, um atirando para cá e outro para lá. E, quando se vê a verdade estampada assim, vê-se uma situação lamentável”, ressaltou Neves.

O ouvidor destacou a importância de as pessoas denunciarem os crimes cometidos por policiais. Um dos canais para isso é a própria Ouvidoria, que mantém em sigilo a fonte. “Garantimos o sigilo. A denúncia pode ser feita até no anonimato, caso a pessoa não queira colocar seu nome. Pode-se mandar carta, documento, telefone mesmo [0800-177070], e-mail [ouv-policia@ouvidoria-policia.sp.gov.br] ou até pessoalmente [Rua Japurá, 42. Bela Vista}, indicando as provas que a Corregedoria, o DHPP [Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa] e o Ministério Público podem colher por meio da Ouvidoria.”


Comentários

3 respostas para “Ações apontam existência de grupos de extermínio na PM”

  1. Avatar de Claudia Cruz
    Claudia Cruz

    A polícia não aguenta mais prender bandido hoje pra ser solto amanhã. Eu fico aqui querendo matar bandido. Imagine o policial que todo dia vê o que essas porcarias fazem. Os agressores de idosos, mulheres, animais e crianças, deveriam entrar na lista dos exterminados. Direitos humanos? Quem defende o meu?

  2. Avatar de Welbi Maia Brito
    Welbi Maia Brito

    A função de um ouvidor não é ficar dando declarações com informações genéricas. É de receber denúncias, encaminhar e acompanhar as investigações. Mas parece que ele está mais preocupado em criar polêmica e fazer acusações genéricas pela imprensa. Isso não ajuda em nada. Pelo contrário, só cria mais animosidade. Pois, generalizar a conduta das polícias, só prejudica a maioria que agem de maneira correta.

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