Nos últimos dias, comecei a receber e-mails de amigos comuns me perguntando se não iria escrever nada sobre os 80 anos do Audálio Dantas. Como sabem, aqui no Balaio o leitor é também pauteiro.
Nem eu, que sou amigo e parceiro deste grande jornalista e cidadão desde os anos 60 do século passado, sabia da iminência de tão importante efeméride.
Sabia que Audálio há tempos tinha passado dos 70, ainda em plena e produtiva atividade, mas não que estivesse próximo de se tornar um octogenário.
Para quem não sabe ou não se lembra, ele foi o líder dos jornalistas paulistas na resistência à ditadura militar e teve papel fundamental na resistência à ditadura militar naqueles trágicos dias do assassinato de Vlado Herzog. Foi dirigente sindical e deputado federal, mas nunca deixou de ser um repórter eternamente com ânimo de principiante.
Atualmente editor da revista Negócios da Comunicação, poderia escrever milhares de caracteres sobre a sua brilhante carreira, com passagens marcantes nos bons tempos das revistas O Cruzeiro e Realidade, ou como autor de um monte de livros, mas fiquei com aquela dúvida na cabeça: ele já vai mesmo fazer 80 anos?
Achei melhor consultar primeiro sua mulher, a onipresente e dedicada Vanira, mas ela também não me ajudou muito com sua enigmática resposta:
“Você me perguntou se ele vai fazer 80 anos (no dia 8 de julho). A resposta é não e sim. E aí é melhor que ele lhe explique ou lhe confunda mais”.
No dia seguinte, Audálio resolveu desfazer o mistério escrevendo-me de próprio punho a verdadeira história sobre a sua idade.
“Pois então, resolvo a questão. Confusão desse tipo é coisa lá de cima, tá aí o Lula que não me deixa mentir.
Seguinte: lá no Tanque d´Arca, onde nasci, tinha cartório, escrivão e tudo mais, porém meu pai, homem de muito capricho, achou que para o menino ficaria melhor um registro em Maceió, portentosa capital do Estado de Alagoas.
Foi deixando, foi deixando, e quando resolveu eu já estava taludinho e, segundo várias testemunhas, muito inteligente. Merecia até estudar.
Andava pelos 7 anos e, garantiam, poderia ter um brilhante futuro na Marinha Brasileira, onde poderia estudar de graça. E foi para apressar a possibilidade de ingresso na Escola de Aprendizes Marinheiros que me botaram mais três anos nas costas.
Assim, meu caro, tenho duas idades: a oficial, no papel, e a verdadeira, mas só consta da tradição oral, familiar.
Escolha aí a que você prefere festejar. Aceito presentes em duplicidade. A conclusão desta história é: a Marinha perdeu a oportunidade de contar com a minha contribuição.
Lá eu seria, no mínimo, capitão-de-mar-e-paz. Quem sabe, até um almirante daqueles cobertos de galões e medalhas. O mais provável, porém, seria pegar uma cana por considerar legítima a Revolta da Chibata
Taí, escolha as armas.
Do seu amigo e ex-quase marujo
Audálio”
Seja como for, meus parabéns antecipados, velho amigo Audálio, homem bom de briga e de festa, grande contador de histórias.
A novela do cigarro
Numa terra onde tudo vira novela sem data para a acabar, informo aos leitores interessados que já mudou tudo de novo na cruzada da lei antifumo.
Nesta terça-feira, o juiz Valter Alexandre Mena, da 3ª Vara da Fazenda Pública, anulou a proibição de fumódromos em São Paulo, como determinava a lei antifumo do governador José Serra, que deveria entrar em vigor no começo de agosto.
“Além de permitir os fumódromos, a sentença de Mena desobriga donos de bares e restaurantes de chamar a polícia quando alguém estiver fumando e também suspende a aplicação de multas”, informa a Folha.
Ou seja, volta tudo a ser como antes e os fiscais da lei antifumo ficam temporariamente desobrigados de caçar os infratores com o cigarro na boca.
Luiz Antonio Guimarães Marrey, secretário de Estado da Justiça, já anunciou que o governo vai recorrer da sentença e que a lei será mantida.
“Já temos decisão do Supremo Tribunal Federal no sentido de que o Estado pode legislar sobre o fumo”.
Ah, bom. Então, podemos ficar tranquilos. Outra vez, o STF vai decidir o final de mais esta novela.
Balaio número 300
Nem me tinha dado conta, mas hoje descobri que chegamos a 300 textos publicados no Balaio desde setembro do ano passado, sem recorrer ao copia-e-cola, nem a abobrinhas e ajudantes.
Nunca escrevi tanto e com tanta frequência em nenhum outro lugar onde já trabalhei, mas o mais importante foi constatar que também nunca tantos leitores comentaram meus textos.
Melhor ainda: a cada semana, fico mais orgulhoso não só com a quantidade, mas com a qualidade destes comentários, que transformaram o Balaio num belo fórum de debates, quase sempre de alto nível, em que os leitores discutem todo tipo de assunto. Discutem tanto que até criaram uma filial no Google, o Boteco do Balaio.
A cada dia fica mais prazeroso meu papel de moderador de comentários.
Meu muito obrigado a todos os balaieiros.
Vida que segue.
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