África: perto daqui

A bordo de um carro típico para safáris, turistas observam animais na savana africana. Os elefantes são bastante comuns e fáceis de serem encontrados, ao contrário de leões e leopardos – Foto: Steve Lawrence
A bordo de um carro típico para safáris, turistas observam animais na savana africana. Os elefantes são bastante comuns e fáceis de serem encontrados, ao contrário de leões e leopardos – Foto: Steve Lawrence

Com mais de 45 milhões de habitantes que se fazem entender entre 11 idiomas oficiais, além do inglês, a África do Sul, no extremo sul do continente, guarda encantos e curiosidades. Cercado pelos oceanos Atlântico e Índico, o país tem três capitais: Pretória é a administrativa, Bloemfontein, a judiciária, e Cidade do Cabo, a legislativa e a maior das três. Joanesburgo é a maior cidade do país e o principal núcleo urbano, industrial, comercial e cultural.

A África do Sul reserva ainda surpresas no turismo, que vão da prática de montanhismo e trilhas em cenários paradisíacos (como os que se apresentam ao longo da Panorama Route) a mergulho em gaiola rodeada de tubarões (na Cidade do Cabo, onde a água do mar é gelada), bungee jumps (o maior do mundo, segundo o Guinness Book, fica na Bloukrans River Bridge, a 180 quilômetros de Port Elizabeth) e, claro, os safáris.

Neste ano, dois importantes eventos são lembrados no país: os 90 anos do Parque Nacional Kruger, a maior área protegida da fauna e flora, e os 40 anos do Levante de Soweto, o subúrbio em Joanesburgo que foi palco de um dos mais sangrentos episódios do regime de apartheid – em 1976, estudantes protestaram contra a introdução de ensino africâner e a repressão do regime causou cerca de 500 mortes. Boa parte dessa história pode ser vista no Museu do Apartheid, que fica no bairro. Com duas entradas que simulam o regime de segregação racial – uma só para brancos e outra só para negros –, é um espaço que denuncia a política segregacionista que durou até 1994, quando Nelson Mandela foi eleito presidente do país.

Soweto tem recebido investimentos em infraestrutura e o turismo é grande fonte de renda. Moraram no bairro o próprio Mandela e o arcebispo Desmond Tutu – os dois receberam o Prêmio Nobel da Paz, além de Albert Luthuli (presidiu o Congresso Nacional da África do Sul entre 1952 e 1967 e foi o primeiro negro a receber o prêmio) e Frederik de Klerk (foi presidente do país de 1989 a 1994). Mandela e Tutu foram vizinhos na rua Vilakazi e hoje suas casas funcionam como pontos culturais.

Mas é no Parque Nacional Kruger, que faz fronteira com Moçambique e Zimbábue, que o visitante experimenta a magia da savana africana: o céu recheado de estrelas cobre o som apenas dos animais que vivem ali. Com sorte, é possível ver de perto o movimento dos chamados Big Five: leões, leopardos, rinocerontes, búfalos e elefantes. Mas há girafas, hienas, hipopótamos, crocodilos, impalas. 

Alguns empresários recebem concessão do estado para construir hotéis dentro da reserva. Um deles é o sofisticado e, ao mesmo tempo, simples Singita Castleton Lodgne, que possui seis chalés em plena savana. Da varanda do quarto, dá para observar elefantes e impalas bebendo água no lago e é preciso ficar esperto com o fechamento de portas e janelas para evitar que pequenos macacos ocupem o ambiente.

O hotel oferece toda a infraestrutura para receber os hóspedes: de casacos com capuz e bolsas de água quente para o frio da manhã e do final da tarde na savana a bons vinhos e refeições. A má notícia é que, apesar do controle para manter a fauna e a flora preservadas, ainda existem caçadores no Kruger. No ano passado, segundo dados oficiais, foram mortos 826 rinocerontes no parque – 1.300 em toda a África. Os animais são sacrificados por causa de seus chifres. Um exemplar adulto, pesando de seis a oito quilos pode valer US$ 1 milhão ou mais. Os maiores compradores são os chineses e vietnamitas, que usam os chifres como símbolos de poder.

Aumentar a receita em turismo é uma das apostas do governo sul-africano. No ano passado, o país recebeu 8,9 milhões de turistas estrangeiros, 6,8% a menos do que em 2014. Para Monika Iuel, gerente geral de Marketing Internacional da África do Sul, a queda tem relação com a epidemia do ebola, que matou mais de mil pessoas em uma região da África Ocidental, e acabou afastando também os visitantes que iriam para longe do epicentro da doença – caso da África do Sul.

Com o controle do vírus e a estreia de um voo direto da Latam, única companhia aérea latino-americana ligando São Paulo a Joanesburgo em voos de oito horas, a expectativa é de que o movimento de turistas brasileiros cresça. As vendas dos voos já começaram, mas as viagens só a partir de outubro.

Responsável por cerca de 10% do PIB sul-africano, o turismo é um dos alicerces da economia local – agricultura, pecuária e extrativismo são os demais. Em termos comparativos, o setor representa no Brasil também em torno de 10%, de acordo com o Ministério do Turismo.

O ministro do Turismo, Derek Hanekom, afirmou, durante a abertura da feira Indaba, que “é preciso encorajar as pessoas a visitar o país”. O maior evento de turismo do continente, realizado em Durban no último mês de maio, reuniu mais de mil expositores de 18 países e levou para a cidade litorânea, que tem a brisa fresca do Índico e é considerada a maior concentração de indianos fora da Ásia, uma receita de US$ 21 milhões, segundo os organizadores.


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