Meus caros, sobrevivi a mais um dia dos namorados só como Jó, eis que família consanguínea não conta. Não cortei os pulsos, nem achei cruel o Criador, por me manter aquecido por um (maravilhoso) aquecedor a gás, e não pelo corpo de um namoradão. Já estou assim há quatro anos, acho que me costumei. Alguns se jogaram na balada dos solteiros, com as melhores intenções, e os melhores resultados. Nesse aspecto, a nova e maravilhosa casa de André Almada, The Society, foi imbatível, já soube de boas fontes, mas não tive pulmões para tanto, o bronquitão atacou pesado, Deus tem lá suas maneiras de controlar a vida dos velhos baladeiros. Só não me digo absolutamente sozinho, pois Mingau, um belo gato, loiro, e de olhos azuis, tem dividido a cama comigo. Pena que ele tenha quatro patas, garras afiadas, poucos aninhos de idade, arisco – é um felino de verdade!
Ficar só não é nenhum drama, já escrevi sobre isso, quantos astros e estrelas do firmamento midiático estão assim? Assistindo ao Grande Prêmio do Canadá de Fórmula 1, lá estava um de meus ídolos, Colin Farrell, um dos solteiros mais cobiçados de Hollywood, divertindo-se sozinho nos bastidores de uma das equipes. Ele tem maturidade para viver um tempo sozinho – depois de ter comido metade das mulheres que cruzaram seu caminho, diga-se – Farrell também é um ex-drogado, como eu o fui, recuperou-se, depois de uma bem-feita reabilitação, e nunca mais bebeu nada. Bárbaro! Não é lindo de morrer, é apenas bonitinho, cara de cachorro-que-quer-colo, com um corpinho de arrasar. Meu ídolo, declarado e louvado aqui. Que seja para todos o exemplo que é para mim.
Mas volto ao drama, ou meramente à questão, pois drama para mim não o é. A solidão nos bota em contato conosco, com nossos pensamentos, com nossa realidade. Quem não suporta ficar só está fugindo de algo, de alguém, do passado, de tudo isso. Não é prova fácil, no início, eu mesmo pensei que iria morrer, mas já me acostumei, e hoje tenho até certo trabalho desarmando amigos que querem me arrumar casamentos, com efeitos, malgrado as ótimas intenções, sempre desastrosos.
Como resolver? Só posso dar um conselho, dos simplórios: deixe a vida correr. Queres apressar? Florais de Vivian Lustig, fazem milagres, te ajudam a botar os pés no chão, e resolver a vida como deves. Ficar sozinho talvez seja uma bênção, em certos momentos. Podes sempre pedir por Colin Farrell, deseja-lo é humano, receber é milagre. Ademais, nunca se soube de ele militar em nosso sindicato (gay…), nem por boato. Existe vida sozinho, eu e Colin somos provas vivas e testemunhas. Abraços do Cavalcanti.,
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