Agradável contraste

“O negócio é não ter pressa”, afirma Luisa Maita, cantora paulistana de 26 anos que terminou seu primeiro disco em fevereiro deste ano e aguarda/estuda propostas para lançá-lo provavelmente no começo de 2009. Apesar da pouca idade, Luisa pode considerar-se uma veterana. Filha de Amado Maita, baterista de samba & jazz falecido em 2005, e da produtora musical Myriam Taubkin, cujo trabalho mais recente é o livro e DVD Violeiros do Brasil, Luisa cresceu em um refinado ambiente musical. A começar pelos tios, Daniel Taubkin, compositor e cantor de carreira internacional, e o pianista Benjamim Taubkin, criador do selo Núcleo Contemporâneo.

Com ar de moça fina, o que contrasta de maneira agradável com jeito “mano” de falar (“tá ligado?”), Luisa Maita encontrou um caminho próprio na estrada superpovoada de cantoras. Para começo de conversa, compõe. A cantora Virgínia Rosa, por exemplo, incluiu “Madrugada” e “Amado Samba” em seu disco Samba a Dois (2006) para surpresa da própria Luisa, que volta e meia é chamada para colaborar em algum projeto autoral. Acostumada à presença de artistas como Zizi Possi, Rafael Rabelo, Léa Freire, Naná Vasconcelos, Guilherme Vergueiro, Lenine, Dominguinhos, Proveta, aos 17 anos resolveu aventurar-se pelo palco. Em seu primeiro grupo, Urbanda, todos compunham e no único disco que lançaram, em 2003, além de “Madruga” Luisa assinou “A Dama do Lotação”, uma parceria com Eloisa Elena. A exemplo de Mariana Aydar, sua amiga e possível intérprete (está gravando o segundo disco), Luisa mambembou bastante antes de arriscar uma carreira solo. O estilo era o samba, o forró, que já há algum tempo passou a ser mania de universitário. O curioso é que o olhar de Luisa a leva para longe das tradições, floreios e clichês do gênero. É como se ela mantivesse o espírito, a força, a magia do samba apenas no discurso, na interpretação e na levada.
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Assim, seu disco, co-produzido com Rodrigo Campos, companheiro do Urbanda, sob direção de Paulo Lepetit, não tem a instrumentação típica do samba. A maioria das faixas traz Rodrigo nas cordas e Lepetit no baixo, com a percussão sintetizada. A exceção vai por conta da participação dos bateristas Kuki Storlarski e Sérgio Reze, e dos percussionistas Théo da Cuíca e Jorge Neguinho. No mais os convidados foram Siba na rabeca, Fabio Tagliaferri na viola, Swami Jr. no violão e o vocal de Mariana. Moderno e econômico. Sua agenda incluiu uma apresentação no Prata da Casa, projeto do Sesc Pompéia, no dia 25 de novembro. O show serviu para definir o repertório, os arranjos e a formação da banda, com Rodrigo, Lepetit e o baterista Marcelo Effori. Um sucesso!


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