Agradecemos a Henrique VIII

Ele só era um mau marido...
Ele só era um mau marido…

Caríssimos, acompanhei pela televisão a chegada do Papa à Escócia, primeira parada da visita oficial à Grã-Bretanha. Esperei por violentos protestos nas ruas, contra a visita desse fascista, mas só o que se viu foram bandeirinhas, gaitas de foles, e uma recepção até que calorosa. Onde estão os gays escoceses? É a primeira visita desse Papa ao reinado de minha querida Lilibeth, onde os homossexuais têm conseguido grandes avanços, e onde a maioria religiosa é de anglicanos, benza Deus Henrique VIII, que cortou a cabeça das esposas, é verdade, mas liberou os súditos da obrigação de obedecer a Roma. Foi ele quem bateu o punho na mesa e se nomeou Guardião Constitucional de Igreja Anglicana, cujos pastores podem se casar, podem até ser gays em paz, não que se imaginasse isso no século XVI. Desde que a visita foi marcada, a militância local prometeu choro e ranger de dentes. Vai ver que na Inglaterra os protestos serão mais eloquentes, espero que sim. Ironia do destino, é que o Papa vai beatificar o cardeal John Newman, notório homossexual, que morreu em 1890. Ratzinger não merece passar impune em canto algum, não se pode ceder ao frenesi de que a presença de um Papa causa, vimos isso aqui em São Paulo, antes do escândalo da pedofilia crescer e botar o Vaticano em palpos de aranha. A próxima parada será Londres, onde ainda está o cepo no qual muitas cabeças católicas foram cortadas, mais uma não faria mal algum, mas tudo isso foi há muito tempo. Se eles não jogarem um ovo que seja, ficarei muito triste. De dramático, até agora, apenas o (horroroso) chapéu da rainha, que recebeu o patife, afinal os dois são chefes de Estado, mas já voltou para sua residência de verão, não quer nem deve se envolver demais com ele. Ingleses queridos, façam alguma coisa!

Os europeus viveram a Segunda Guerra Mundial, e testemunharam o ponto baixo a que chegou a humanidade com o holocausto dos judeus, que foi cuidadosamente acobertado por outro Papa, Pio XII, que era italiano, mas trabalhou abertamente pelo anti-semitismo enquanto celebrava as concordatas (tratados) do Vaticano com os países europeus, antes da guerra. João Paulo II, polonês, cujos conterrâneos sofreram na pele os efeitos do nazismo, não deixou barato, abriu os arquivos do Vaticano e provou que seu antecessor foi um monstro. É muito história, e das mais complexas, para pouco território. Não há afresco de Michelangelo que dê conta. Abraços do Cavalcanti.


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