Ainda novo e de novo

Flávio Basso, gaúcho, quarentão, é um barato. Como vocalista da banda Cascavelettes, um clone do RPM, barbarizou na virada dos anos 1990 ao cantar na televisão “Eu Quis Comer Você”. Angélica, então apresentadora do Clube da Criança, da extinta Rede Manchete, sem perder a pose, comentou: “Olha só, que barato!”.

Hoje, conhecido como Júpiter Maçã, Flávio é identificado pelo público da MTV como o compositor de “Um Lugar do Caralho”, sucesso do conterrâneo Wander Wildner. Psicodélico até a medula, ele acaba de lançar no Brasil o disco Uma Tarde na Fruteira (Monstro Discos), lançado também na Espanha no início do ano. A primeira faixa já dá uma idéia da abordagem caleidoscópica desse cara. “As Mesmas Coisas” é uma valsa adornada por flautas para ser cantada com sotaque português: “Nós gostamos das mesmas coisas… mas, meu amor, a gente junto não rola”. Sabe-se lá, pá?
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Foi com A Sétima Efervescência (1997) – álbum que deverá ser “recatalogado” até o fim do ano – que ele adotou o novo nome, Júpiter Maçã. Mudaria para Jupiter Apple a partir de Plastic Soda (1999), calcado em bossa nova mas cantado em inglês, e o experimentalismo radicalizou-se com Hisscivilization (2002). No ano passado, de novo como Júpiter Maçã, lançou Bitter, um tanto eletrônico. Flávio, ou Júpiter, atendeu ao telefone com Nina Simone ao fundo, e disse, entre outras coisas, que hoje está mais para beatnik do que para psicodélico. O som dele não tem preconceito, não é qualquer coisa, mas todas as coisas. Algo atraente nestes dias em que, citando Bob Dylan, sempre que colocamos um disco no player, ouvimos… estática.


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