O ex-ministro e professor emérito da FGV-SP Luiz Carlos Bresser-Pereira afirmou, na abertura do Seminário Os Desafios do Ajuste Fiscal Brasileiro, que existe uma forte reação contra as medidas por parte de setores mais à esquerda da sociedade e em parte do PT, porque o ajuste seria “recessivo e de direita”. Mas, ponderou, o governo expandiu as despesas irresponsavelmente em 2014 e essa arrumação agora é inevitável. Ele ponderou, no entanto, que usar a macroeconomia para distribuir renda é “profundamente equivocado”. Segundo Bresser-Pereira, até Keynes não usava macro para tal objetivo. “Ele queria o pleno emprego”. O que distribui renda, continuou, é salário mínimo, política de impostos progressivos e aumento do gasto social.
José Luís Loureiro, professor-adjunto do Departamento de Economia da UFRJ, também defendeu o ajuste, mesmo que o Brasil esteja em recessão. “Se não fizermos, as consequências serão muito piores.” Para o economista, o debate está errado. Ele admite que o custo do ajuste será alto, mas “se perdermos o grau de investimento, haverá crise cambial e inflação de dois dígitos”, afirmou. Talvez, ponderou, a meta da Fazenda seja muito ambiciosa para este ano. Uma alternativa seria fazer um ajuste mais brando agora e maior no futuro, olhando-se para um intervalo de 2015 a 2018.
Segundo Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV-SP, qualquer economista responsável sabe que déficit em transações correntes e aumento dos juros, que impacta negativamente a dívida pública, como houve em 2013 e 2014, são insustentáveis. “Naquele ritmo, teríamos insolvência externa e interna.” Para ele, é preciso reconquistar a confiança do setor privado e isso, em larga medida, depende da aprovação do ajuste fiscal pelo Congresso.
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