Meus caros, foi aberta na quarta-feira (14) no Paço Imperial, centro do Rio de Janeiro, uma imperdível exposição sobre o trabalho do fotógrafo brasileiro Alair Gomes, que por mais de 30 anos registrou imagens maravilhosas do corpo masculino, captadas de homens e rapazes lindos e anônimos, nas praias do Rio de Janeiro, assim como de esculturas de grandes artistas, como Michelangelo e Canova. Sua obra é marcada por um forte e inegável conteúdo homoerótico, tendo por único objeto e tema o corpo masculino. A exposição, denominada “Uma nova viagem sentimental”, estreou este ano na Europa, e reúne cerca de 130 imagens, selecionadas pelo também fotógrafo Miguel Rio Branco.
Pelas belas imagens registradas, é fácil traçar um paralelo entre o trabalho de Alair e o de Bruce Weber, fotógrafo norte-americano que, durante os mesmos 30 anos, desnudou homens e quebrou paradigmas, trazendo para a grande mídia a sensualidade de belos corpos masculinos. É de Bruce Weber a foto do modelo Thomas Hintnaus, curiosamente nascido no Brasil, vestindo apenas a tradicional cueca básica Calvin Klein, que ocupou a mesma fachada de vários andares em Times Square, onde esteve Gisele Bündchen anos depois. A foto mostra um jovem, com um corpo apolíneo, a genitália delineada, e mudou a forma como se expôs o corpo masculino pela mídia. Os homens jamais foram vistos da mesma forma depois daquela foto. Sofrem em academias até hoje por conta dela.
A diferença entre Alair e Weber é a própria figura do fotógrafo, e o uso que faz de seus registros. Weber, ainda vivo hoje, adora ser estrela, é milionário, responsável por grandes campanhas publicitárias, e não saí da mídia. Alair sempre buscou o anonimato, era um voyeur, tão anônimo quanto os meninos desconhecidos que fotografava da janela de seu apartamento. Em sua viagem à Europa em 1983, ele apaixonou-se pelo Davi, de Michelangelo, no que concordo com ele, confessando ciúmes. Já escrevi aqui que o Davi resgatou a virilidade do corpo masculino para a civilização ocidental. Michelangelo, Canova e Rodin, fotografados por Alair, trabalharam o lado artístico do corpo masculino. Weber e Alair não tiveram pudor em buscar nele o erotismo, a sensualidade, cada um à sua maneira. A obra de Alair ficou por muito tempo guardada em arquivo, mas um belo livro foi lançado agora, editado pela Cosac Naify, e é uma festa para os olhos.
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