Níveis elevados de poluição são comuns em cidades da China. Foto: Flickr _Francisco_Anzola
Níveis elevados de poluição são comuns em cidades da China como Tianjin, na foto de Francisco Anzola/Flickr.

A ciência está produzindo dados novos para comprovar a percepção de que os efeitos dos poluentes não respeitam fronteiras. É o que mostra um estudo publicado na quarta-feira, 29, pela revista científica Nature. Depois de analisar dados de poluição e mortalidade de 2007, os pesquisadores concluíram que nesse ano houve 3,45 milhões de mortes prematuras ao redor do mundo associadas aos poluentes ambientais suspensos na atmosfera na forma de partículas muito finas.

No estudo, a equipe avaliou estruturas cerca de 20 vezes mais finas do que um cabelo humano. Elas foram geradas a partir da queima de combustíveis para produção de energia pela indústria, pelo setor de transportes e na agricultura. Transportadas pelo vento, podem ser inaladas em locais distantes do ponto em que surgiram e causar sérios danos ao organismo. Porém o que mostra o estudo coordenado pelo químico Qiang Zhang, da Universidade de Tsinghua, na China, é que 12% das vidas perdidas relacionadas à poluição em 2007 estavam ligadas ao impacto de poluentes atmosféricos emitidos em uma região do mundo diferente daquela em que ocorreu a morte. Segundo o pesquisador, seus resultados revelaram que os impactos transfronteiriços da poluição sobre a saúde estão associadas ao comércio internacional e são maiores do que aqueles vinculados ao transporte atmosférico a longa distância. 

Os pesquisadores também conseguiram traçar uma associação entre os serviços e produtos gerados em uma região e consumidos em outra em 22% desses casos. “Por exemplo, a poluição produzida na China em 2007 está ligada a mais de 64.800 mortes prematuras em outras regiões, incluindo a Europa Ocidental e Estados Unidos”, afirmou Qiang.  

Para chegar a esses resultados, a equipe de Qiang Zhang analisou o número de mortes relacionadas com as partículas finas do ar produzidas em 13 regiões do mundo, em 2007. O ano foi selecionado por oferecer maior quantidade de dados para estudo. A data coincide com o lançamento, pelo governo da China, de um programa de estudo dos impactos e estratégias para enfrentar as crises climáticas.

O artigo na Nature informa que as exportações da China estão associadas a um número maior de mortes por poluentes do em qualquer outra região do globo. Os pesquisadores relacionam 64. 800 mortes provocadas pela poluição do ar na China.

Como reduzir a destas partículas finas no ar? “Há tecnologias avançadas para controlar a poluição do material particulado de 2,5 micrômetros vindo de centrais elétricas, fábricas, caminhões e carros”, disse o pesquisador Steven Davis, um dos autores da pesquisa. O custo dessas intervenções, no entanto, tornaria os bens produzidos mais caros, desloca a produção para locais com menos restrições ambientais. Na China, a maior parte da poluição é atribuída à queima de carvão para produção de electricidade. 

Outra pesquisa, publicada na semana passada,  pela revista Nature Climate Change mostrou que a cidade de Pequim, na China, sofreu um aumento de 10% na sua poluição atmosférica no período entre 1982-2015.  O trabalho avaliou também a concentração dessas partículas em 30 cidades chinesas em janeiro de 2013, ano em que o governo apresentou planos para conter a poluição do ar, do solo e da água. Nesse período, a capital Pequim atingiu 500 microgramas de partículas cúbicas no ar (com 2,5 micrômetros). Segundo a Organização Mundial daSaúde (OMS), quantidades acima de 150 microgramas de partículas cúbicas são nocivas à saúde, Dados do relatório Global Burden of Disease, da OMS, informam que, nesse ano, a poluição atmosférica teria sido a causa da morte prematura de 5,5 milhões de pessoas no mundo.  

 


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