O Majestoso, certamente, perdeu seu encanto. São Paulo e Corinthians, dois dos clubes mais vitoriosos do futebol brasileiro, nessa quarta-feira se enfrentam em uma decisão sul-americana, ocasião que deveria ser especial na história do confronto, porém, pelo atual momento das duas equipes e pela nova conjuntura do futebol nacional, o jogo vale apenas uma breve respirada e o adiamento de uma possível crise…
Se analisarmos com calma, as últimas grandes soberanias do futebol brasileiro foram comemoradas justamente pelos torcedores de São Paulo e Corinthians.
Antes veio a fase do Tricolor Paulista de Muricy Ramalho, que, em 2005, conquistou o Campeonato Paulista, a Copa Libertadores da América e o Mundial Interclubes. Com um futebol “chato”, porém, muito competente e objetivo, o São Paulo reinou durante um bom tempo e confirmou isso vencendo três Brasileiros na sequência em 2006, 2007 e 2008.
O tão sonhado tetra da Libertadores não veio durante esse período, Muricy Ramalho foi embora e com ele o respeito que o São Paulo um dia impôs em seus adversários. Desde então, o Tricolor vai aos trancos e barrancos. “Achou” o título da Copa Sul-Americana do ano passado, que o credenciou para a disputa da Recopa Sul-Americana, graças ao genial Lucas, que carregou o time nas costas. O menino craque se foi na primeira oportunidade. Não é bobo para ficar e afundar junto com a Nau dos insensatos comandada pelo insano Juvenal Juvêncio, atual presidente (aliás, faz tempo) do time, apontado pela torcida como um dos principais culpados pela fase.
Assim que caiu, o São Paulo viu a ascensão do seu grande rival Corinthians. Alavancado pela sua massa fanática e uma gestão muito profissional do bem relacionado Andrés Sanchez, o Timão apostou no marketing para se impor como nunca havia acontecido em toda a sua história e, em 4 anos, saiu da série B para conquistar o mundo. Em 2009 veio a Copa do Brasil, em 2010 vieram craques como Ronaldo Fenômeno e Roberto Carlos, que ajudaram ainda mais no crescimento da “marca Corinthians”, em 2011 mais um “Paulistinha” pra grande coleção, mas foi 2012 o ano de ouro, o apogeu, a morte de uma das mais famigeradas piadas do futebol brasileiro: o Corinthians, enfim, para o delírio de sua fiel torcida, conquistou a Libertadores. No final do ano, só para fechar o ciclo, o Timão conquistou o mundo no Japão.
Andrés Sanchez saiu e parece que o clube perdeu a mão. No começo, ainda ressacado de tanto comemorar, o torcedor relevou os tropeços na Libertadores de 2013 e do início do Brasileiro, porém, até para a mais fanática torcida do Brasil, paciência tem limites, afinal de contas, o Fiel Torcedor sempre perdoou tropeços, até mais, crescia de maneira absurda nos piores momentos do Timão, porém, apatia nunca foi tolerada e até o craque Alexandre Pato começa a ser contestado.
Enquanto os dois gigantes entram em campo para a final do torneio dos campeões da América, o Atlético Mineiro, outro grande clube do Brasil, porém, fora do eixo Rio-São Paulo, que sempre monopolizou o futebol nacional, disputa a primeira final de Libertadores de sua história e vive um dos melhores momentos de sua gloriosa trajetória de 105 anos. Hoje o Galo é, sem sombra de dúvidas, o melhor time do futebol brasileiro e, pelo o que vem mostrando na Libertadores, independente de derrota ou vitória, da América também. Quem sabe muito bem disso são os são-paulinos, eliminados nessa edição da Libertadores pelos mineiros com um placar agregado de 6 a 2.
Ao mesmo tempo em que Corinthians e São Paulo se pegam na batalha dos desesperados, o Atlético Mineiro defende a soberania brasileira no continente, e o faz de forma muito contundente, bonita, um show de futebol! É Ronaldinho, é Bernard, é Tardelli, é Jô… Como joga esse time!
Do outro lado, o perigoso Olímpia, do Paraguai, que nessa edição da competição só pegou “barbada”, com exceção do Fluminense, nas quartas de final. Por outro lado, a equipe é copeira, tem muito mais tradição e experiência que o próprio Atlético Mineiro na Libertadores, e já conquistou o torneio em 3 ocasiões.
É difícil fugir da pieguice nesse momento, mas o Galo é, com certeza, o campeão moral antecipado da Libertadores. E, pelo bem do futebol, fica a torcida para que o virtual se concretize. Esqueça São Paulo e Corinthians, o futebol hoje vai ser jogado pelo Galo. Pelo futebol que os paulistas vêm apresentando, é muito provável que até tricolores e corintianos acabem se enchendo e troquem o canal para a final da Libertadores.
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