Em um encontro casual, no Festival de Cinema de Brasília de 1969, Júlio Bressane e Rogério Sganzerla se conheceram pessoalmente.
Em janeiro de 1970, criaram a produtora Belair Filmes. Sganzerla defendia um cinema “livre e péssimo” e, ao unir-se a Bressane, levou o propósito de inquietar a plateia às últimas consequências.
Em quatro meses, foram calados pelos militares, que certamente concluíram que, por trás da “empresa”, havia a disposição de levar adiante a clássica sentença do “anormal em busca da verdade”, o Bandido da Luz Vermelha: “Quando não se pode fazer nada, a gente avacalha e se esculhamba”.
O curto período de vida da Bel-Air foi marcado por compulsão criativa. Rogério dirigiu três filmes: Copacabana, Mon Amour, Sem Essa, Aranha e Carnaval na Lama. Bressane assinou outras três fitas: A Família do Barulho, Cuidado, Madame e Barão Olavo, o Horrível. Rodado em super 8, A Miss e o Dinossauro foi dirigido por Sganzerla, Bressane e Helena Ignez. Multifacetada em papeis de mulheres fatais, ela atua em todos os filmes da Belair.
Em junho de 1970, há exatos 40 anos, Rogério, Júlio e Helena, se exilaram em Paris, levando as latas que continham esses filmes. Em 2009, a filha de Júlio, Noa Bressane, lançou o documentário Belair, com a codireção de Bruno Safadi. O filme motivou novas discussões sobre a importância da produtora. No começo de junho de 2010, foi a vez do Itaú Cultural, em São Paulo, ser tomado pela Ocupação Rogério Sganzerla, mostra de filmes e exposição de objetos pessoais, roteiros e documentos do diretor, morto em 2004. A exposição fica aberta até 18 de julho e reitera que esses filmes impetuosos e anárquicos, produzidos em tempo recorde, resistiram ao tempo e deixaram lições perenes para as novas gerações.
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