Não há como negar. O brasileiro sempre dá um “jeitinho” para se virar no dia a dia. Na maioria das vezes, tal atitude é tão cotidiana que quem a comete nem se lembra que também é uma forma de corrupção. Mas será que a população só considera corrupção quando ocorre algum escândalo no poder público? Recentemente, o Data Popular foi às ruas para saber como os brasileiros se sentem diante de atos ilícitos. Descobrimos que a população não admite que comete atitudes corruptas. Apesar de três em cada dez brasileiros afirmarem que são corruptos, quando listamos uma série de atos ilícitos e que estão presentes no dia a dia, sete em cada dez disseram que já cometeram ao menos uma atitude ilegal.
Vimos que o “jeitinho” brasileiro se estende por várias áreas. Sete em cada dez entrevistados disseram que já compraram algum produto pirata e afirmaram que conhecem alguém que cometeu essa atitude. Na hora de receber o troco a mais, dois em cada dez disseram que não devolveram a diferença, mas cinco em cada dez reconheceram que conhecem alguém que já fez o mesmo. A culpa é sempre do outro.
Sem que o vizinho saiba, três em cada dez brasileiros afirmaram que conhecem alguém que já fez “gato” na TV por assinatura, mas só 11% admitiram que cometeram tal ilegalidade. Para ganhar vantagem na hora de ir ao cinema ou assistir a um show, mais de 22 milhões de pessoas disseram que compraram meia entrada com uma carteirinha de estudante que não era sua ou que era falsificada.
Para escapar das infrações cometidas no trânsito, mais de dez milhões de brasileiros disseram ter pago propina para algum policial ou para um agente de fiscalização. O resultado da pesquisa recém-concluída mostra que para a maioria absoluta da população o corrupto é sempre o outro e que existe grande aceitação para as micro- corrupções diárias.
Cerca de 22 milhões conhecem alguém que já deu informação incorreta para aumentar sua restituição do Imposto de Renda, mas apenas 1,5 milhão admitiu que cometeu esse ato. Essas práticas estão tão naturalizadas em parte da nossa sociedade que não são consideradas ilegais e, infelizmente, na maioria das vezes, são encaradas como parte do dia a dia. Muita gente tenta justificar o erro para obter algum benefício, mas fica inconformada com os atos de corrupção no ambiente público e não encara o desvio privado como atitude ilícita. Só se poderá resolver o problema a partir do momento em que a questão for ensinada intensamente nas escolas.
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