Ao som de Carimbó e outros ritmos do mundo, Belém vibra e faz vibrar

A cidade de Belém do Pará abriga o Fórum Social Mundial de 2009, o oitavo encontro de grupos, entidades, movimentos com anseios diversos, sociedades não reconhecidas, jovens universitários e a imprensa de todo o mundo. O primeiro aconteceu em 2001 na cidade de Porto Alegre, como uma resposta ao Fórum Econômico Mundial de Davos. Desde então, todo ano o encontro configurou-se como um processo mundial de buscas por políticas alternativas, excluindo a edição de 2008, em que houve uma tentativa de um Fórum descentralizado.
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No entanto, a tradição do Fórum acontecer sempre em cidades de países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos não foi quebrada. Não foi à toa que a cidade escolhida para 2009 tenha sido Belém do Pará e o tema central a Pan-Amazônia. A capital paraense pode ser considerada a metrópole amazônica, por sua proximidade, história e potência.

Costumeiramente vista por olhos de fora como selva, polo de doenças e subdesenvolvida, a úmida Belém transforma-se na semana do Fórum e abre-se muito acolhedora a todos, com seu charme caótico. Pelas ruas da Cidade Velha, do centro, ou da periferia, onde ficam as duas principais universidades do Estado e sedes do Fórum, vê-se um trânsito caótico, ônibus lotados, bares cheios e muita gente em busca de atividades. Fora a dificuldade de chegar a tempo de participar dos múltiplos eventos, o calor úmido e as diárias pancadas de chuva, o Fórum e Belém exalam vida.

O acontecimento mexe com a cidade inteira. Comerciantes, ambulantes, motoristas de ônibus, taxistas, todos de alguma forma se veem diante desse grande encontro, de diversas culturas. Encontro um pouco desregrado, é verdade, e no qual aleatoriamente muitos e diversos buscam saídas, ou apenas contestam o mundo existente com bandeiras, que caminham juntas na marcha pela cidade, mas pouco se ligam neste mundo globalizado. O Fórum talvez seja essa busca pela união de bandeiras por um outro mundo possível.

Há também a força da cultura paraense, com seus pratos típicos, o tacacá, tucupi, maniçoba, o açaí, a influência indígena. No seu mercado popular Ver-o-Peso, nas ruas estreitas e sem calçada, nas favelas construídas em igarapés, ao ritmo do Carimbó ou da aparelhagem de tecno-brega, Belém é uma cidade com marcas muito próprias, com um movimento fotográfico próprio, com seus grandes rios, sua arquitetura europeia do século XVII que resistiu.

A forte economia da pesca, o centro histórico vivo e lugares onde ainda resiste um resto de floresta em meio à cidade que não para de crescer, naturalmente a cidade pulsa. E, com mais de cem mil pessoas de todos os cantos do País e do mundo, a cidade ferve. Ferve e eleva suas dificuldades a mil também, com horas perdidas no trânsito tão caótico quanto o de São Paulo, os riscos de assaltos que o governo paraense tanto vem temendo, já que mancha a imagem de sua capital. Mas, o povo de Belém é vivo e responde aos novos estímulos e a essa grande onda de novidades e culturas que vem e se vai da cidade em manada.


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