Aos 32, Ronalducho ressuscita de novo

O homem é mesmo duro na queda. Três vezes dado como acabado para o futebol, ao sofrer contusões gravíssimas, o Ronaldinho menino prodígio, que virou Ronaldo Fenômeno, o melhor do mundo, e agora o Ronalducho, ele ressuscitou pela terceira vez neste domingo.

Em seu segundo jogo pelo Corintians, bastaram alguns minutos no segundo tempo para este raro talento de 32 anos dar novamente a volta por cima ao empatar com um gol de cabeça, na prorrogação, o jogo que seu time estava perdendo por um a zero para o Palmeiras, em Presidente Prudente.

Uma bola na trave, um drible como nos velhos tempos, um passe sob medida na cabeça de André Santos, e o gol no sufoco – tudo a ver com a trejetória do menino pobre do subúrbio carioca, que conquistou o mundo e depois não soube mais o que fazer com a sua fortuna, e o time que lhe deu a camisa para voltar a ser feliz.

Mais do que o próprio gol, esta terceira ressurreição foi marcada pelo pique de moleque que ele deu, pulando alucinado as placas de propaganda, agarrando com força o alambrado, em direção à torcida do Corinthians, para comemorar junto com ela a sua volta ao futebol, sua alegria e razão de viver.

Ainda anteontem, conversando com amigos num bar, um deles me perguntou o que levava Ronaldo, que não precisa mais disso, e já garantiu a sobrevivência até a terceira geração dos seus descendentes, a se sacrificar tanto para voltar a jogar bola, ralando nos treinos e tomando porrada de tudo quanto é lado pela vida que leva fora dos gramados.

Ao ver no final do jogo a sua cara feliz de quem voltou a fazer o que mais lhe dá prazer, a única que sabe fazer na vida e o diferencia do resto dos mortais, que é marcar gols, encontrei a resposta que meu amigo procurava.

Não é questão de vaidade nem dinheiro. O cidadão Ronaldo Nazário não precisa mais correr atrás de fama e fortuna, mas não consegue viver longe deste mundo do futebol, o único lugar onde ele é reconhecido e aplaudido sem ter que dar satisfações a ninguém.

Basta ouvir o estádio gritando seu nome para ele voltar a ser o fenômeno menino, que encanta a torcida e se irmana com ela, ainda mais sendo esta torcida a do Corinthians.

Se alguém, como eu, ainda tinha alguma dúvida de que este cara nasceu para brilhar e voltaria a jogar bola, contrariando toda a lógica, este domingo foi o dia dele dar a resposta.

Ronaldo ressuscitou de novo e não importa quanto tempo dure o seu amor eterno com a torcida desta vez. No gramado, seu palco, mesmo para um são-paulino, foi bonito vê-lo novamente fazendo o que mais gosta e sabe, como se fosse a sua estréia no futebol.

O futebol brasileiro estava precisando viver um momento de superação como este para voltar a acreditar nele mesmo, como aconteceu com Ronaldo Nazário. Pelo menos, ele ajudou a melhorar a auto-estima dos gordos


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