Fotos reprodução
Há 33 anos a ideia é a mesma: vai quem quer. O que mudou, com o passar do tempo, é que cada vez mais gente quer ir atrás do Vai Quem Quer (VQQ), um dos mais tradicionais blocos de rua da cidade de São Paulo. Se nos primeiros anos, na década de 1980, o grupo reunia algumas poucas dezenas de foliões, hoje o bloco lota as ruas de Pinheiros e Vila Madalena com gente de todos os cantos da cidade (e de fora dela). No ano passado, por exemplo, o VQQ reuniu cerca de 5 mil pessoas por dia de cortejo, e a expectativa para 2013 é ainda maior.
Em meio a retomada do Carnaval de rua de São Paulo, portanto, o VQQ é um dos maiores destaques, fortalecido pela tradição que criou nestas três décadas. “Acho que o crescimento do VQQ é um pouco anterior a esse ‘boom’ de blocos da zona Oeste. Porque ele sempre esteve lá, e quando teve um salto de qualidade era natural que crescesse”, diz um dos atuais organizadores do grupo, Pedro Gonçalves Janequine.
O salto de qualidade a que Gonçalves se refere tem a ver com algumas mudanças na organização do bloco, que atualmente promove atividades e encontros não só na época do Carnaval, mas também em outras épocas do ano. A prática (adquirida nos últimos dez anos) de contratar uma banda para acompanhar o cortejo, por exemplo, foi fundamental na melhoria da qualidade musical do VQQ, e acaba atraindo um público maior.
Além disso, a aproximação de jovens músicos nos últimos anos também mudou a cara do bloco, que ao reunir mais compositores e instrumentistas possibilitou uma diversificação no repertório de marchinhas. “Nos 15 ou 20 primeiros anos do bloco tinha bem menos canções, pois quase não havia músicos na formação inicial do grupo”.
História desde os anos 1980
Gonçalves tem 33 anos (a mesma idade do bloco), e conta algumas das histórias que ouviu da boca dos membros mais antigos. Antes de começar, ele faz questão de ressaltar: “Cada um conta de um jeito e sempre tem contradições e polêmicas, mas é mais ou menos isso”.
Pois bem. O Vai Quem Quer foi formado por dois jovens professores do supletivo do Colégio Santa Cruz, Pato e Guga, ainda no período da Ditadura Militar. “Acho que essa questão de ser um supletivo gratuito colaborou com o caráter democrático do VQQ, porque tinha gente de diferentes classes sociais”, diz Gonçalves.
Inconformados por terem sido barrados no Carnaval da Avenida Tiradentes, ainda no fim dos anos 1970, os dois professores decidiram montar um plano um tanto audacioso: fazer um bloco aberto para melar o Carnaval oficial. “A ideia era juntar a massa e invadir a Tiradentes”, conta Gonçalves, rindo. “Claro que o ‘Exército de Brancaleone’ fracassou, mas o bloco ficou”, completa.
Reunindo estudantes e amigos, o VQQ se estabeleceu aos poucos nas ruas de Vila Madalena e Pinheiros, saindo todos os anos nos quatro dias do Carnaval. De algumas dezenas, o grupo passou a reunir uma ou duas centenas de foliões a cada dia de cortejo. No ano de 2007, os organizadores calculam que havia uma média de 500 pessoas por dia, e em 2012 o número pulou para 5 mil.
Mas o fato é que, 33 anos depois do surgimento, se a cara do VQQ mudou, o espírito ainda permanece o mesmo. “A questão do ‘Carnaval para todos’ sempre norteou o Vai Quem Quer. E a ideia de um Carnaval épico também, porque o bloco sai nas quatro noites. Não sei de outro bloco que sai todos os dias em São Paulo”, diz Gonçalves.
Para quem está interessado, o VQQ inicia seu trajeto todas as noites de Carnaval (de sábado até terça) na praça Benedito Calixto (Pinheiros), entre 20h e 21h. Se quiser, vista a fantasia, coloque a máscara e leve confete. Se não quiser, não tem problema, vai quem quer, como quer…
Leia aqui a letra do tema deste ano:
33 anos, promovendo o bacanal
É o Vai Quem Quer, é Vai Quem Quer no carnaval
33 anos, promovendo o bacanal
É o Vai Quem Quer, é Vai Quem Quer no carnaval
Saí pelado
Aprontei todas
Fumei a guimba que o capeta dispensou
Vem se perder
No Vai Quem Quer
Não tem pecado, brinca a sapa e o viado
Já que os Maias, erraram a conta
No carnaval do Vai Quem Quer, a gente apronta
Se o Niemayer, já fez a curva
Nessa muvuca, minha razão está ficando turva.
DIZ 33 … DIZ 33 … DIZ 33…
Deixe um comentário