Apito vermelho na Europa

A 198 dias da Copa do Mundo da África do Sul, o futebol europeu vive estado de alerta nos bastidores. No milionário futebol do Velho Continente, dois episódios mexeram com o noticiário local e mundial. A jogada de basquete de Thierry Henry, no lance que deu o gol da vitória da França contra a Irlanda e que classificou a França para o Mundial da África, foi até episódio pequeno diante de mais um escândalo de manipulação de resultados desvendado, um terremoto com epicentro no futebol da Alemanha, mas com consequências em mais oito países do continente.
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O escândalo em pauta é a nova descoberta de manipulação de resultados de cerca de 200 jogos disputados em 2009, na Europa. O caso foi investigado e descoberto pela Promotoria da cidade de Bochum, na Alemanha, e 13 pessoas já foram presas. Segundo a investigação, partidas da segunda divisão alemã, três confrontos da Liga dos Campeões e mais 12 da Liga Europa podem ter sido manipulados.

Esse não é o primeiro escândalo de manipulação de jogos envolvendo apostadores, jogadores, árbitros e dirigentes na Europa. Na temporada 2005/2006, a Itália foi manchada por um grande esquema de placares arranjados e nem mesmo o título na Copa do Mundo de 2006 abafou o caso. Os responsáveis foram punidos, um deles a campeã da temporada, a Juventus de Turim, que além de perder o título italiano acabou rebaixada para a série B. No episódio, também houve muitas prisões de árbitros e dirigentes. Diferente do que aconteceu em caso semelhante no Brasil, o da Máfia do Apito, que teve o árbitro Edílson Pereira de Carvalho como protagonista. A investigação foi arquivada em 2009 e ninguém foi preso ou processado. Lamentável.

Além da bomba do esquema de resultados na Alemanha, a mão de Henry também esquentou de vez o clima no mundo da bola. Em partida realizada há uma semana, valendo uma vaga direta para a Copa do Mundo, um erro grotesco acabou classificando a França para o Mundial e a revolta foi estabelecida. Na partida em questão, a França enfrentava a Irlanda em Paris, com a vantagem do empate. A Irlanda, precisando vencer, partiu pra cima e logo abriu o placar. Após a vantagem, os irlandeses se seguraram bem e levaram a partida para a prorrogação. Quando tudo indicava uma decisão por pênaltis, Henry, ou melhor, sua mão, foi responsável por puxar e ajeitar uma bola que estava quase fora para depois cruzar para seu companheiro Gallas, que só teve o trabalho de cabecear para fazer o gol injusto da classificação francesa. O lance gerou a revolta de todos os envolvidos com o futebol, e a tristeza de todos os apaixonados pelo esporte. A Copa do Mundo já começa com o pé esquerdo, ou melhor, com a mão esquerda.

Os dois casos, na Alemanha e na França, levaram a entidade máxima do futebol a convocar reunião extraordinária para o dia 2 de dezembro. As duas polêmicas serão os principais assuntos no encontro do Comitê Executivo da Fifa. Na reunião, serão discutidos meios para evitar mais escândalos de manipulação de jogos envolvendo o futebol, além de possíveis meios tecnológicos capazes de preservar a integridade dos resultados no futebol e para ajudar os árbitros a decidirem com mais tranquilidade lances como o da mão de Henry. É a primeira vez que a Fifa abre espaço para discutir o uso de imagens e recursos tecnológicos em partidas de futebol. Um avanço, sem dúvida.

Mesmo assim, a pouco tempo da Copa do Mundo, o futebol europeu não tem muito o que celebrar.


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