1- Experiência na produção
Criada por jovens empreendedores brasileiros, a startup Widbook é uma plataforma para ler, escrever, compartilhar e publicar livros. E se já falamos de Netflix dos livros, este seria o YouTube, já que é possível comentar e colaborar com outros autores para criar um livro digital. A rede social acumula 36 mil usuários. No momento, existem cerca de 1.500 livros publicados e mais de 6.500 livros em produção.
Recentemente, a rede recebeu aporte de capital da W7 Brazil Capital, empresa de participações dedicada ao segmento de internet. Widbook existe na web há mais de um ano e agora acaba de lançar sua versão para Android.
2- Netflix para livros
Uma startup chamada Oyster decidiu realizar o que parecia óbvio – e o sonho de muita gente – oferecer acesso por streaming a mais de 100 mil livros. Pagando cerca de 10 dólares por mês, o usuário tem acesso a uma biblioteca em formato digital, com títulos em todas as categorias, incluindo biografias, novidades e clássicos (clique aqui)
O aplicativo também funciona como rede social, informando o que cada pessoa já leu e quais livros ela recomenda. Por enquanto, está disponível nos EUA, para iPhone e iPod. Estamos aguardando.
Quem não tem os brinquedinhos da Apple, pode baixar o Wattpad (gratuito, para IOS e Android), que dá acesso a uma biblioteca com mais de 10 milhões de títulos e permite aos usuários publicarem suas próprias histórias. Iniciativas como estas podem estimular uma nova maneira de consumir e, até, de produzir literatura. É o que dizem.
3- Só clássicos
Se você tem um iPad é a hora de experimentar o aplicativo Clássicos da Literatura, criado pela alagoana Ilhasoft, dos jovens Leandro Felizardo, Daniel e Bruno Amaral. São 111 livros completos de 20 autores, todos de domínio público, como Machado de Assis, Euclides da Cunha e Fernando Pessoa.
O leitor tem a sensação de ler um livro antigo, ao passar com os dedos na tela – eles brincam com a textura. Mais de 15 mil pessoas já utilizam o app, que está disponível na AppleStore por US$ 0,99 (aqui).
4- Formação de público e mercado
Compartilhar gratuitamente, criar audiência e torcer por retorno financeiro. Estes são objetivos do site Outros Quadrinhos. A ideia é dos brasileiros Fabiano Denardin, Érico Assis, Rodolfo Muraguchi e Giovani Faganello, que, desde junho, conseguiram reunir dez autores de quatro nacionalidades diferentes, numa plataforma de publicação online.
Elaborado num formato que se adapta a qualquer tipo de tela, o site tem uma média de 80 mil visitas mensais de fãs de HQs. Tudo é disponibilizado gratuitamente e de forma seriada (algumas atualizadas diariamente). “Nosso foco são os quadrinhos de uma forma ampla. Temos planos para publicação de HQs originalmente brasileiras”, afirma Fabiano Denardin, editor do site.
É uma outra alternativa para os criadores de quadrinhos, numa outra dinâmica, aproximando a audiência do processo criativo. Por exemplo, o experiente quadrinista norte-americano Eddie Pittman, que já assinou trabalhos na Disney como Lilo & Stitch (2002), cedeu uma história para a plataforma: O planeta ruiva. A história foi criada para o formato on-line e já contabilizou cerca de 2 milhões de acessos.
5- Kindle Words
Em agosto, a Amazon lançou a plataforma Kindle Worlds, para a venda das chamadas fanfictions – ficção reescrita pelos próprios fãs. A gigante obteve licença de alguns títulos da Warner Bros. como como Gossip Girl, The Vampire Diaries e Pretty Litlle Liars, além de alguns escritores de best-seller. A ideia é que o leitor poderá fazer o upload de sua versão, mudar título, capar, mudar o rumo do seu personagem favorito e VENDER a história, disponível em todos os formatos digitais. As fanfics receberão por sua obra – que será comercializada por até US$ 3,99. Se ele alterar no mínimo 10 mil palavras do roteiro/texto original, a ‘editora’ pagará até 35% dos royalties.
Para entender a dimensão e dinâmica desse mercado conversamos com Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e do Creative Commons no Brasil, que explica que a plataforma tem aspectos positivos, como uma “tentativa de capturar parte do valor produzido por essas atividades, ao mesmo tempo em que tenta formalizá-la, fazendo com que o direito autoral passe a ser aplicado para essas práticas até então amadoras”.
Porém, esta tentativa de monetizar, poderia acabar engessando a brincadeira feita entre fãs, já que a parte mais legal da história é vetada: fazer “cross-obras” – ou a criação de histórias que misturem os universos de autores diferentes. Lemos pondera: “se só livros licenciados puderem ser reescritos, praticamente só a Amazon e grandes empresas vão controlar esse mercado, com o potencial de destruir boa parte do seu caráter amadorístico, que é de onde justamente surgem experiências imprevisíveis e bem-sucedidas.”
Você encontra mais sobre o mercado editorial e suas perspectivas, todo mês, no Caderno Literatura da Revista Brasileiros.
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