Na esquina das ruas Dr. Seng com Rocha, no bairro do Bixiga, no centro de São Paulo, alguma coisa está fora da ordem. Sob o nome do logradouro, com a mesma letra, mas com menor destaque, lê-se: Bacia do rio Saracura. Que rio é esse? Bem, a placa é apenas um dos sinais do conjunto de iniciativas em torno da água que se espalha pela cidade, em especial depois do colapso hídrico de 2014.
Elas são a matéria-prima de uma nova narrativa que está nascendo a partir de intervenções de artistas, geógrafos, arquitetos, coletivos, organizações e simpatizantes de todas as idades. Uma das ações mais conhecidas são os festivais da Praça Homero Silva, rebatizada de Praça da Nascente, no bairro da Pompeia, na zona oeste de São Paulo, realizados anualmente pelo coletivo Ocupe & Abrace, que reúne moradores e ativistas. Com música, comida e grande diversidade cultural, o evento deu visibilidade ao movimento que recuperou o local e criou laguinhos com plantas e peixes, aumentou a segurança, a frequência e fez aparecerem, enfim, recursos públicos para uma reforma.
A água também é o alvo de grupos com nomes sugestivos como Aqui Passa um Rio, Rios (In)Visíveis, NascenteSP, Hortelões das Nascentes e Existe Água em SP, entre outros, e de blocos carnavalescos, como Peixe Seco e Água Preta (segue o percurso do rio homônimo). E não é só em São Paulo que as águas estão em evidência. Belo Horizonte, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife têm seus movimentos de revitalização dos rios.
Voltando à placa da Dr. Seng com a rua Rocha, o adendo não é obra do poder público, que evitou sancionar um projeto para agregar esse tipo de dado. A observação sobre a Bacia do Saracura chegou ali na forma de um adesivo – impresso pelos ativistas Luiz de Campos, geógrafo, e José Bueno, arquiteto – fixado durante uma expedição guiada pela dupla que percorreu a região em busca de fontes e córregos sob o asfalto. “Essa é uma área repleta de nascentes que se encontram para formar os córregos Saracura Pequeno e Grande. Eles se unem na altura da Praça 14 Bis e formam o rio Saracura, escondido sob a avenida 9 de Julho”, explica Campos. É a tal Bacia do Saracura.
“FOMOS EDUCADOS PARA NÃO VER ÁGUA EM SÃO PAULO, MAS EXISTE MUITA ÁGUA AQUI” – LUIZ DE CAMPOS, geógrafo, da iniciativa Rios & Ruas
“Não falta água em São Paulo, o que falta é a percepção dela”, assegura o arquiteto Bueno. Em 2010, ele conheceu Campos e ficou muito impressionado com as revelações sobre a rica rede de rios subterrâneos da cidade. Bueno, que também é educador e mestre de aikidô, viu aí uma oportunidade para vivenciar o aprendizado e a emoção em tempo real. “Sério que São Paulo tem mais de 300 rios escondidos? Rola de ir até um deles?”, perguntou. Campos levou-o para dar uma volta pelos arredores do local onde mora, no Butantã, com a intenção de acompanhar o trajeto de um pequeno córrego, da nascente à foz.
“Estudo o assunto desde 1995, quando ouvi de um colega de faculdade que havia muito mais água aqui do que se podia imaginar. Não acreditei e fui pesquisar”, diz o geógrafo. Durante o passeio, Campos foi explicando ao amigo novato que precisava educar o olhar para ver a natureza por baixo do asfalto – as ruas sinuosas, as vielas, os bueiros, as pequenas matas de taioba que crescem em terreno molhado, indícios de um rio coberto. Num dado momento, o geógrafo enfiou a mão na terra úmida, virou, mexeu e achou um veio do Iquiririm (rio silencioso, em língua tupi). “Encontramos a primeira nascente a 300 metros da minha casa, e depois muitas outras”, conta Bueno. Quatro anos depois, os dois voltaram à região com um mutirão para abrir o veio d´água, plantar em volta, colocar peixes. Com a mudança, sapos e pássaros retornaram ao lugar, que se transformou em uma área de piquenique e passeio. “Agora, vamos fazer calçadas”, diz Campos.
Em 2010, o arquiteto e o geógrafo fundaram a iniciativa Rios & Ruas, que procura religar os paulistanos com as águas da cidade e sua história promovendo atividades prazerosas. Vale colar adesivo em placa, fazer expedições, documentários, escavações de nascentes e até correr – em 2014, a dupla inventou um circuito de corrida de rua que passa pelas nascentes do rio Ipiranga, pelo centro histórico, Vale do Anhangabaú e margens do Tietê. A prova está na terceira edição. “Fomos educados para não ver água em São Paulo, mas existe muita água aqui”, diz Campos. Outro conceito que norteia a dupla é a necessidade de trazer os rios à tona, para serem usufruídos, e assim mudar o mapa da cidade. “Mas, antes, os rios têm que ficar limpos na cabeça das pessoas”, diz Bueno.
“EM VEZ DE TERMOS 80 % DE UMIDADE RELATIVA DO AR, O QUE SERIA NORMAL, EM SÃO PAULO AS ILHAS DE CALOR FAZEM A UMIDADE CAIR A 15%” – TÂNIA PARMA, arquiteta e urbanista
Além da revitalização das nascentes e dos rios, os defensores das águas se empenham em fazer vir à tona as informações sobre os cursos d’água e as redes de abastecimento e tratamento de esgotos. “Antes de 2012, quando a prefeitura publicou o primeiro mapa atualizado da rede hidrográfica, não havia nada. A gente desenhava o percurso dos rios a partir de mapas mais antigos e do que via”, conta o geógrafo Luiz de Campos. Desse mapa oficial constam 286 cursos d’ água nomeados dentro do município.
Hoje, porém, Campos acredita que podem existir mais de 600 córregos e rios em São Paulo. A necessidade de compartilhar tudo que aprenderam em seis anos de atividade levou Bueno e Campos a se aproximarem de dois artistas especializados na criação de ambientes interativos para museus e mostras educativas. O videoartista Charles Oliveira e o cineasta Alexandre Gonçalves, do Estúdio Laborg, estavam há mais de um ano juntando fotos, vídeos, documentos e muitas histórias sobre águas que o tempo levou. Bueno e Campos ajudaram a amadurecer a compreensão de tantos dados e viraram parceiros da exposição Rios Des.Cobertos, com estreia marcada para o final deste mês de setembro, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.
A obra é integrada por uma maquete que reproduz em detalhes a geomorfologia da área central da cidade. Sobre ela, que pesa quase 300 quilos, serão projetados vídeos, mapas e fotos, ao som de depoimentos, histórias, músicas. Nesse clima de imersão, o visitante poderá ver como os veios d’ água escorrem pelas encostas da avenida Paulista para formar rios canalizados que deságuam no Tietê ou no Pinheiros. Poderá também se surpreender com a influência das águas nos nomes dos bairros. “Ibirapuera quer dizer madeira podre”, conta Charles, que, lendo, descobriu uma infinidade de bicas no centro da cidade. “Algumas ainda estão lá”, diz. O cineasta Alexandre também ficou tocado pelo trabalho. “Procurando água sob o asfalto, achamos uma cidade com morros, várzeas e cachoeiras que desapareceu junto com os rios, mas começa a ser redescoberta”, diz ele. “A metrópole é uma obra aberta, e tudo o que acontece aqui é por vontade das pessoas.” Verdade. E essa vontade muda. Premissas que pareciam modernas e adequadas aos engenheiros da década de 1950 – como remover das cidades toda água de rios e córregos e abrir grandes avenidas para acolher a expansão automobilística e imobiliária – hoje são questionadas pela urgência em melhorar a qualidade de vida nas cidades do século XXI.
O casal de arquitetos Tânia Parma e Massafumi Yamato, de São Paulo, destina parte do seu tempo ao estudo de soluções para tornar a vida urbana mais sustentável. Desde 1999, eles investigam o traçado das nascentes e dos rios de São Paulo junto com o geógrafo Guilherme Schultzer. Seu objetivo com esse levantamento é encontrar meios de reverter a ocorrência das ilhas de calor, uma alteração climática que se manifesta, especialmente, nos períodos mais frios quando há longa temporada sem chuva. “Onde se forma uma ilha de calor há uma elevação de temperatura de cerca de 7º Celsius, em média. Mas a diferença pode alcançar 10º ou 12º em relação a áreas menos povoadas e com mais vegetação na periferia da cidade”, explica Yamato, que ensina Urbanismo na Escola da Cidade, em São Paulo.
Essa variação traz outros danos. Com a elevação de temperatura, partículas em suspensão no ar são atraídas, o que aumenta a poluição e leva à queda da umidade relativa do ar. “Em vez de termos 80% de umidade relativa do ar, o que seria normal e bom para a saúde humana, em São Paulo as ilhas de calor fazem essa umidade cair a 15%, o que é muito ruim. Isso ocorre em locais como o Pari, a Lapa, o Bixiga, entre muitos outros bairros”, explica a urbanista Tânia. O alcance estimado desse fenômeno, que é influenciado também pelos ventos, é de 30 quilômetros ao redor do ponto mais alto da cidade, a avenida Paulista. A saúde é duramente afetada. “Nesses períodos, os pronto-socorros ficam lotados de crianças e adultos com problemas respiratórios”, atesta o médico Igor Polônio, chefe do ambulatório de Pneumologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Dessa categoria fazem parte as rinites, sinusites, gripes, bronquites e a pneumonia.
A origem das ilhas de calor urbanas está na concentração de grandes populações em áreas muito adensadas, repletas de prédios, com vegetação escassa, excessiva impermeabilização do solo (asfaltamento e calçadas) e poluição. Pensando numa maneira de reverter essa situação, os arquitetos decidiram se concentrar no bairro do Bixiga, que soma todas essas características. A ideia era gerar um modelo a ser aplicado em outras áreas, ajustado conforme suas especificidades. Com os mapas na mão, Tânia e Yamato perderam a conta de quantas vezes subiram a ladeira da rua Rocha, que identificaram como parte de uma grota – espécie de anfiteatro natural onde estão as nascentes que irão alimentar os rios Tietê e Pinheiros e as que formam o córrego Saracura Pequeno, que foi canalizado. O coração do projeto é criar ali um pequeno parque de recuperação ambiental urbano, com cerca de dois quilômetros de extensão.
Os arquitetos propõem a abertura das nascentes, a renaturalização do córrego (removendo a canalização para que volte a correr a céu aberto) e a manutenção de uma intensa vegetação nas encostas do rio (a mata ciliar). O efeito desse rearranjo é potente. “Essa mudança promove um aumento da retenção das águas das chuvas e maior infiltração no solo, o que controla os pontos de alagamento, reduzindo o potencial para enchentes, que chamamos de áreas críticas ambientais. O aumento de permeabilidade, retenção e arborização restaura a evapotranspiração das plantas, devolvendo a umidade do ar”, explica Tânia.
Tudo isso leva a temperaturas mais amenas, melhorando a qualidade do ar e a saúde respiratória. “A soma de pequenas ações, como a renaturalização do córrego no Bixiga, pode dar excelentes resultados”, diz a arquiteta. “Se você fizer isso com todas as nascentes que vão para os rios Tamanduateí, Pinheiros e Tietê, teremos uma reversão do processo.” Em 2014, uma versão mais encorpada do projeto foi uma das oito propostas premiadas no concurso Ensaios Urbanos, organizado pela prefeitura e o Instituto dos Arquitetos do Brasil para a discussão de mudanças na lei de zoneamento da cidade e seu plano diretor. Além do estudo do caso do Bixiga, o projeto adaptou o modelo para os bairros da Pompeia, Aclima- ção e Cambuci e incluiu a proposta de criação de microáreas de preservação ambiental urbanas. “Não adotaram exatamente o que sugerimos, mas o projeto serviu de referência para uma mudança que elevou de 15% para 25% a taxa de permeabilidade do solo”, explica Yamato.
Significa que 25% do terreno dos projetos de construção aprovados a partir de 2016, quando foi publicada a lei, deve ser de piso permeável para garantir que a água possa se infiltrar no solo. A medida não pareceu incomodar construtoras que atuam na zona oeste da cidade. “A lei de zoneamento é dinâmica, e vai se aprimorando ao longo do tempo”, diz Yamato, que espera ver a proposta integralmente implementada.
Em suas múltiplas formas, o ativismo em defesa das águas tem também uma ala que prefere atuar de maneira anônima. É uma turma que sai pela cidade em busca de nascentes para serem abertas e transformadas em laguinhos e fontes, mas quer distância da imprensa. Esse pessoal só concordou em falar à Brasileiros com a garantia de que não publicaríamos seus nomes. “É uma medida preventiva. Queremos evitar que o deslumbramento da microfama corroa a relação entre os envolvidos”, resume um dos integrantes, um professor de escola pública de 40 anos. Na Vila Romana, por exemplo, eles escavaram perto de um morro até achar uma fonte que vivia apenas na memória de moradores mais antigos. Restaurada, ela virou ponto de encontro. Histórias como essa podem ser lidas no site desses ativistas anônimos, o hezbolago.wordpress.com. Ali, eles registram cada passo de suas ações e discutem a cidade que temos e a que queremos. “Em vez de sofrer São Paulo, precisamos viver São Paulo”, diz um dos anônimos caçadores de nascentes.
AQUI PASSAVA UM VIADUTO. E ELE FOI IMPLODIDO
O descaso com os rios não é privilégio brasileiro. Dados da Comissão Mundial das Águas apontam que os 500 maiores rios do planeta estão poluídos. Porém há exemplos inspiradores de investimento na limpeza e revitalização de rios como o Sena (França), o Tâmisa (Reino Unido), o Tejo (Portugal) e o Reno, que cruza seis países europeus. De todos esses, talvez seja a renaturalização do rio Cheong Gye Cheon, em Seul, na Coreia do Sul, a que guarda mais semelhanças com o que acontece em São Paulo. Na década de 1950, todo o esgoto de cerca de dez milhões de pessoas era despejado diretamente no rio Cheong Gye Cheon, que representava um grande problema de saneamento e foi canalizado.
Em 1968, a área por onde ele corrria se tornou um centro comercial e seu leito cedeu lugar a um viaduto gigantesco, com seis pistas. Trinta e cinco anos depois, a cidade passou por um importante processo de reurbanização. E ainda que alguns moradores lamentassem o fim das vias expressas, o viaduto foi implodido em 2003 para que as águas do rio voltassem a correr a céu aberto. Em quatro anos, o rio foi completamente limpo e hoje é uma das mais belas paisagens de Seul, com praças, luzes, fontes, peixes, exposições e até gente lavando roupa. A recuperação dos 5,8 quilômetros desse rio custou cerca de US$ 370 milhões e veio associada à implementação de uma nova política de transporte público e a criação de parques lineares, para aumentar a quantidade de áreas verdes. Como consequência da intervenção, a temperatura da cidade caiu 3,6°C.
Nos Estados Unidos, a reabertura do rio Saw Mills, que fica em Yonkers, um subúrbio de Nova York, também revigorou a região. Fechado em galerias na década de 1920, 70 anos depois o rio havia se tornado um depósito de metais pesados, como cádmio e mercúrio, despejados pelas indústrias ao redor. Em 2010, porém, também como resultado de uma intervenção urbana e de pressão da comunidade, voltou a correr ao ar livre por 250 metros, configurando uma disputada área de lazer e moradia. Evidentemente, ações como essas dependem do comprometimento do poder público com mudanças ambientais. Mas tudo começa pelo entendimento do poder transformador que o resgate dessas águas pode ter nas nossas vidas.
COMO ABRIR NASCENTES
Em geral, elas estão em lugares altos ou terrenos inclinados, como barrancos. Mas, para encontrá-las e se certificar de que o achado é mesmo um veio de água, é preciso que reúnam algumas características. Caso contrário, existe a possibilidade de que a água escapando da terra seja o vazamento de cano. Para evitar esse dissabor, o geógrafo Luiz de Campos, da iniciativa Rios & Ruas, tem dicas importantes: “Uma nascente tem um fluxo de água mais ou menos constante chegando à superfície. Quanto à temperatura, você terá a sensação de que ela está fresca em dia quente e morna em dia frio. Outro indício é a presença de musgo ao redor dessa água. A água tratada e clorada impede que o ele cresça.
“A existência de plantas como a taioba e a taboa, que preferem terrenos encharcados, também sugere a proximidade de uma nascente”, diz Campos. Todas essas pistas devem estar presentes. A etapa seguinte é a abertura da nascente. É importante observar se não há uma rede de drenagem sob a água e ver por onde a água da nascente será escoada. “Toda água que entra tem que sair”, diz Campos. E é bom arrumar o local antes do fim da escavação, para conquistar a comunidade. Enquanto uns cavam, outros fazem o paisagismo e colocam peixes para comer as larvas de mosquito. A medida é essencial em tempos de dengue, zika e chikungunya.
ÁGUAS RESGATADAS
O ativismo em defesa das águas está mudando a cara da metrópole paulistana. Conheça algumas situações
PRAÇA DA NASCENTE, POMPEIA
Em 2013, a área começou a ser revitalizada por um coletivo de moradores e ativistas, o Ocupe & Abrace. Onde antes havia lixo e relatos de violência, surgiu um laguinho ao redor da nascente do córrego Água Preta. Hoje, o lugar tem intensa atividade cultural e social
BICA DA VILA ROMANA
Guiados pelas dicas de antigos moradores, ativistas encontram na rua Bárbara Heliodora, na Vila Romana, uma bica que passou décadas enterrada. A perfuração teve início em junho de 2015. A população local passou a cuidar da fonte, que virou um ponto de visitação
LAGOS DA VILA SÔNIA
As nascentes que formam os sete lagos criados na Praça José Oria, na Vila Sônia, em 2015, são de um córrego desaparecido dos mapas oficiais desde 1930. Trata-se de um afluente canalizado do Pirajussara, um dos rios mais importantes da cidade e que corre sob a avenida Eliseu de Almeida, no Butantã
PARQUE DA FONTE DO PEABIRU
No Morro do Querosene, a 30 minutos da avenida Paulista existe um terreno de 39.000 m2 em estado de abandono. Ali há resquícios de Mata Atlântica e as nascentes do rio Peabiru. A luta pela criação de um parque para preservar esse tesouro mobiliza a comunidade há mais de 15 anos
CÓRREGO DO JARDIM BOTÂNICO
Canalizado por décadas, o córrego Pirarungáua, afluente do histórico Riacho do Ipiranga, foi reaberto em 2008. A construção de uma passarela e a recuperação da vegetação nativa transformaram-no na mais nova atração do Jardim Botânico de São Paulo
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