Argentinos começam a chegar a SP para jogo decisivo

Foto: Camila Domingues/Palacio Piratini
Foto: Camila Domingues/Palacio Piratini

Setenta mil argentinos são esperados em São Paulo para o jogo desta terça-feira (1º), quando o país enfrenta a Suíça pelas oitavas de final da Copa do Mundo. A prefeitura preparou dois espaços na cidade para abrigar os torcedores: 500 vagas estão disponíveis no Sambódromo do Anhembi e 110 no Autódromo de Interlagos. Motorhomes e trailers já começam a estacionar na capital paulista. Também há espaço para montar barracas. Muitos estão viajando desde o início do mês, seguindo a seleção pelo país.

“Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo. Já foram mais de 6,2 mil quilômetros rodados”, contabilizou Facundo Mocoroa, 29 anos, de La Plata, na província de Buenos Aires. Em um trailer, estacionado no Anhembi, ele viaja com cinco pessoas, que conheceu no Facebook para encarar o desafio de vir para o Mundial. “Planejamos a viagem uma semana antes de sairmos. Não, não, um mês antes”, brincou. Os recém-amigos iniciaram a aventura no dia 11 de junho. “Até agora está tudo tranquilo. Só não estamos acostumados com tantos morros nas estradas”, apontou.

Desde que chegaram ao país, apenas Mocoroa viu os três jogos que classificaram a seleção. “Para terça-feira, estou em tratativas”, disse. Um deles conseguiu, por US$ 600, pouco mais de R$ 1,3 mil, o ingresso para assistir ao jogo no Maracanã contra a Bósnia, seleção já eliminada. “Ele teve que comprar na rua, arriscando mesmo”, contou Mocoroa. Caso não consigam entrar na próxima partida, os amigos devem ir à Fifa Fan Fest, no Vale do Anhangabaú. Ele estima que, em média, cada viajante esteja investindo cerca de US$ 4 mil, aproximadamente R$ 8,8 mil.

Também estacionados no Sambódromo, nove amigos chegaram hoje em um ônibus adaptado. “Construímos o coletivo com nossas próprias mãos”, disse orgulhoso o contador Alvaro Gaba, 29 anos. Há 23 dias, eles dormem, fazem refeições e tomam banho no motorhome, que foi todo decorado em azul e branco. Mesmo planejando a viagem há dois anos, eles só conseguiram ingressos para ver o jogo no Maracanã. “Estamos tentando comprar, mas são muito caras”, lamentou. Nesta terça-feira, 20 mil argentinos são esperados na Arena Corinthians, o Itaquerão.

Além dos que estão viajando pelo Brasil nessas casas ambulantes, turistas continuam chegando de avião. É o caso do policial Claudio Bustos, 33 anos, de Córdoba. “A ideia foi vir para cá pela festa fora dos estádios. Não consegui ingressos na Argentina e muito menos aqui”, declarou. Ele esteve no Anhembi, no início da tarde de hoje, para compartilhar com outros argentinos a alegria de ver a seleção na fase final da Copa do Mundo.

No estacionamento, Claudio encontrou o chefe de cozinha Rodrigo Gomez, 28 anos, que está na estrada desde o dia 10 de junho. “Toda a viagem foi feita de ônibus. Argentina, Paraguai, depois Rio de Janeiro. Foram três  dias”, relembrou. Com um amigo e mais um companheiro de viagem, que se juntou a eles no Paraguai, os jovens acampam em cada cidade em que chegam. “Temos uma barraca pequena e somente um saco de dormir. Deitamos no piso”, apontou. Apesar da maratona das últimas semanas, eles dizem que seguem com disposição de torcer pela Argentina.

Rodrigo lamenta apenas a falta de chuveiros no Sambódromo. “Tivemos que ir à rodoviária para tomar banho”, reclamou. De acordo com a São Paulo Turismo (SPTuris), os viajantes estavam avisados de que não haveria chuveiro no local, somente sanitários. No estacionamento em Interlagos, no entanto, os turistas terão onde tomar banho. A prefeitura destacou, que, além da disponibilização do local, foram providenciadas segurança e ambulância para atendimento dos torcedores.


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