Arismar e seus múltiplos

Arismar do Espírito Santo está feliz com seu novo disco. O quarto. Dá para notar a partir do título que escolheu Alegria nos Dedos – expressão que ouvia em Santos, São Paulo, onde nasceu, quando na noite alguém se referia a um músico que estava quebrando tudo. E ele está. Nesse CD, todos os temas são seus e Arismar toca vários instrumentos (baixo acústico, bateria, piano, violão de 7 e 12 cordas e guitarra), ao lado dos amigos (Léa Freire, Dominguinhos, Sérgio Coelho, Vinicius Dorin, Daniel D’Alcântara) e da família (a mulher, Eni, na produção, os filhos Thiago, no baixo, Bia, nos vocais, e Maria Júlia, autora das ilustrações da capa). O que difere esse novo álbum dos anteriores – Dez Anos (1998), Estação Brasil (2002) e Foto do Satélite (2005, já produzido pelo filho Thiago) –, é que Arismar se libertou para criar. O disco foi gravado sem clique, o metrônomo que marca os compassos, permitindo sobreposições de instrumentos e é inútil ficar descrevendo as 15 composições. São brilhantes. O essencial é dizer que Arismar tocou à vontade com os convidados, sem arranjos de base e só então colocou o baixo. Por último, pasmem, a bateria. Sem clique. Só no feelling. Perguntado sobre qual a vantagem de tocar tantos instrumentos, Arismar, originalmente um baterista, respondeu do alto de sua boa alma: “É que assim dá para ter vários ídolos”. Valei-me Espírito Santo! Aqui Arismar fala da carreira e, claro, do novo disco.

Foto: Divulgação

“Minha carreira começou em 1974, na Baiuca, templo do jazz paulistano, com Paulo Roberto, Moacyr Peixoto e Nenê Batera. Com a inquietude dos 17 anos, como baterista, corri atrás dos sons: samba, jazz, bolerão. Então, o contrabaixo chegou e muito som rolou no Paddock, Penicilina, Lei Seca, Boca da Noite, Sanja. Nos últimos 15 anos, instituí o tempo música: estudar, criar sem preconceitos, tocar e compor com a liberdade que o pensamento possui. Somos seres harmônicos e compor é um jogo dinâmico em que, olhando de frente, a música se apresenta.”

“Aos 55 anos, tudo é diferente: o sono, o tempo, a percepção das coisas, a fome. Tudo muda, menos a sede de tocar e criar. Esse é o lado lindo da vida do músico: viagens, comidas diferentes, hotéis de camas duras, esperas e trabalhos. Nada tira o gosto de tocar, compor e estudar. O bom de ser multi-instrumentista é trazer para cada instrumento as experiências e linguagens desenvolvidas no piano, no contrabaixo, na guitarra, no violão, na bateria e na percussão. Fazer música é igual prosear: é preciso ter assunto.”

“Alegria nos Dedos é música com ‘GPS’. São 15 temas compostos em viagens, oficinas de música e em casa. Cada um deles traz inspirações de muitos lugares: Boa Viagem (Recife, PE); Valsa Curitibana e Vidão (Curitiba, PR); Marjoriana, Água da Serra e Mais Querida (Guaramiranga, CE); Debaixo do Cajueiro (Jericoacoara, CE); Gafifa e Samba pra Ti (Santos, SP);  La Isla (Argentina); Santos x Corinthians, Alegria nos Dedos, Sonhando Acordado, Haikai e Turmalina (Vila Ida, SP). Tocar e compor é fácil, difícil mesmo é colocar nome nas músicas.”

SERVIÇO
O quê? Lançamento do disco Alegria nos Dedos, produzido pela Gravadora Maritaca.
Quando? 23 de abril
Onde? SESC Consolação, rua Doutor Vila Nova, 245
+ Informações (11) 3234-3000.



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