Armários e casamentos

Eu vos declaro marido e???
Eu vos declaro marido e???

Caros, impossível não acompanhar o drama do personagem Gerson, vivido por Marcello Antony na novela Passione, que eu só assisto pelo site. Hoje, divulgaram imagem do casamento do pobre coitado com Diana, na realidade Carolina Dieckmann, em uma super-produção gravada sábado no Mosteiro de São Bento em São Paulo. Imaginem se a multidão de gays que vieram a São Paulo soubesse que os atores da novela estariam bem no centro da cidade, lindíssimos, vestidos à rigor e tudo? É novela, sei disso, a trama é muito bem-elaborada por um excelente autor como Silvio de Abreu, e os atores estão ótimos em seus papéis, mas prestem atenção ao roteiro: o noivo, gay enrustido, está se casando com uma mulher que ama outro homem, Mauro, vivido por Rodrigo Lombardi (ninguém a culparia…), e isso acreditando que ela poderá mudar sua vida, ou seja, que o tornará um heterossexual feliz, resolvendo a questão de sua sexualidade. É mole? Não, não é mole não, e sequer é ficção de outro mundo, pois acontece todos os dias. O mínimo que se pode dizer é que é muito triste. Quantos gays desesperados tentam essa saída extrema para fugir de uma realidade a qual não se foge, e da qual não precisariam fugir. Mulher nenhuma consegue transformar a essência de um homem dessa forma, e o resultado de um casamento desses será sempre a infelicidade, a não ser que os dois estejam agindo de comum acordo, e topem o teatro por quanto tempo durar.

Já falei de minha melhor amiga aqui, lésbica assumida, linda, raspa a cabeça e tudo. Quando estávamos os dois solteiros e encalhados, brincávamos que, se batesse o desespero, casaríamos um com o outro, ela ficaria com a copeira e eu com o motorista. Ela já se casou, com outra mulher linda, está feliz da vida, e eu ainda procuro a cara-metade, mas não no altar. Armário é coisa séria, é a dura prisão de um homossexual que pode ser feliz fora dele. Lógico que cada um é cada um, e resolve a própria vida com a devida cautela, mas estou rezando para que um craque como Silvio de Abreu consiga, até o final da novela, dar ao Brasil inteiro um belo exemplo de como uma situação dessas pode ter um final feliz. Abraços do Cavalcanti.


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