Apesar de tudo o que se falou contra os brasileiros nordestinos, quem reelegeu Dilma foi o Brasil, e não o Nordeste. Feitas as contas lá no insuspeito jornal O Estado de S.Paulo, as conclusões mostram que Dilma “tacou-lhe pau” em todas as cinco regiões do Brasil. Isto é, não teve, em nenhuma delas, menos de 40% dos votos, segundo as contas do Estadão.
Está certo que onde foi feita a foto desta página, com as bênçãos da senhora Iemanjá, na mágica Bahia, Dilma teve mais de 70% dos votos. Bem mais que os 64 e poucos por cento que Aécio teve em São Paulo, de onde partiram a maior parte e os mais abjetos impropérios contra os brasileiros do Nordeste.
Ela ganhou de Aécio Neves até em Presidente Tancredo Neves, município baiano com pouco mais de 27 mil habitantes. Apertado, mas ganhou. Teve 50,20% dos votos.
Uma boa parte dos brasileiros sudestinos, inconformada com o resultado das eleições, não se controlou e nem se poupou. Algo de se envergonhar. Nordestinos isso, nordestinos aquilo. Melancólicas propostas de secessão e de impeachment vieram se juntar às barbaridades disparadas na Passeata do Cashmere, ridícula demonstração de intolerância, que saiu do Largo da Batata e percorreu a Avenida Faria Lima, em São Paulo, dias antes da derrota.
Preconceito, que é muito ruim, não é como jabuticaba, que é muito bom, e só tem no Brasil. Preconceito tem na América, tem na África, tem na Europa. O sul da Itália, por exemplo, é chamado de norte da África pelos italianos do norte. E isso, para eles, não é elogio.
Por falar em norte da Itália é lá, em Veneza, que mora o colunista da Globo News Diogo Mainardi, que destilou seus usuais comentários sobre o Brasil. Creditou o resultado das eleições – no caso debitou – ao Nordeste, para ele, uma região atrasada, pouco instruída e cujos votos são “bovinos”. Também singela foi a análise do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, digamos, sentou de novo na cadeira e disse que o PT tem os votos dos “menos informados”.
Nascido em Campina Grande, na Paraíba, o atacante Hulk, do Zenit São Petersburgo e da Seleção Brasileira, mirou a medalhinha do colunista veneto-brasileiro e, com elegância, mandou bala: “Morando tanto tempo fora do Brasil, o jornalista Diogo Mainardi não demonstra conhecimento pela importância do Nordeste ao País e principalmente respeito com a população nordestina. Já que ele fala também de cultura, será que ele sabe a importância destes homens para o Brasil: Graciliano Ramos, Rui Barbosa, Glauber Rocha, Jorge Amado, Suassuna, Renato Aragão, Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Wilker e Chico Anísio. Cito dez importantes nomes nascidos no Nordeste em vários períodos que contribuíram para a evolução do Brasil. (…) Infelizmente, o Mainardi demonstra ignorância e arrogância quando critica o Nordeste. (…) Mainardi, respeite o Nordeste!”.
Golaço!
Essa eleição, vencida por Dilma Rousseff, escancarou as portas dos armários onde se escondia toda a arrogância e o preconceito de boa parcela dos brasileiros que, como em uma manada, desembestaram sem rumo. O preconceito e a arrogância não são novidades. Estão aí desde D. João VI. Já o ódio, este sim, surpreende, espanta. Como um estouro de boiad
Deixe um comentário