Arte contemporânea sem fronteiras

A 18ª edição do Festival de Arte Contemporânea SESC Videobrasil, em cartaz no SESC Pompeia a partir desta quarta-feira (6), celebra os 30 anos do Festival. A mostra comemorativa conta com uma videoinstalação dos melhores momentos desde 1983. Enquanto a mostra competitiva Panoramas do Sul reúne 106 obras de 94 artistas diferentes. “Há 30 anos, tínhamos o papel de legitimar o vídeo, ainda pouco usado, como um suporte para a produção artística. Hoje, o Videobrasil busca dar voz a novos artistas do eixo geopolítico Sul”, explica Solange Farkas, fundadora, diretora e curadora do Festival.

A videoinstalação que comemora os 30 anos de Videobrasil, ocupa o galpão do SESC e é formada por 234 monitores que exibem 16 horas de imagens que buscam exemplificar as três décadas de experimentação do festival. Além disso, o público terá acesso à Videoteca do Festival com cerca de 1300 vídeos no próprio galpão da mostra. Quase todo o conteúdo produzido ao longo das 17 edições estará disponível, de obras que fizeram parte da competição Panoramas do Sul a registros de performances e making ofs. Outro destaque da exposição são os troféus criados por grandes artistas plásticos como Tunga, Rosangela Rennó e Guto Lacaz para premiar os vencedores das edições anteriores do Festival.

Já a mostra competitiva Panoramas do Sul ocupa segundo andar do conjunto esportivo, um espaço inédito para o Videobrasil no SESC Pompeia, onde foi construída uma cidadela para abrigar 84 obras em todos os formatos, não só vídeos, mas também desenhos, fotografias, pinturas e esculturas. Como a escultura Sobre humano (2012), do artista pernambucano Carlos Mélo, que discute o lugar do corpo no mundo (foto). 

Sobre Humano, Carlos Mélo (2012).
Sobre Humano, Carlos Mélo (2012).

Além disso, 22 vídeos que integram a competição serão exibidos no CineSESC. Os artistas selecionados vêm de 32 países, sendo nove da América Latina, sete da África, cinco do Sudeste Asiático, quatro do Leste Europeu e dois da Oceania.

A seleção para o Panorama Brasil foi feita a partir de uma chamada aberta que recolheu mais de 2 mil trabalhos. Então, as obras foram divididas em macrotemas e ficaram apenas aquelas que melhor respondiam às questões colocadas. “Foi importante não estabelecer problemas, temas e especificações antes do contato com a obra. Queríamos de fato ouvir o que os artistas estavam colocando e trabalhar a partir daí”, explica Juliana Rebouças, uma das colaboradoras do Videobrasil, curadora do Instituto Inhotim e cocuradora da 9ª Bienal do Mercosul.

Desta seleção, surgiram temas como a relação entre natureza e sociedade, na qual a natureza se torna artificial e cidade é um espaço de criação e oportunidades, a questão da identidade, não só individual, mas também como instrumento de interpretação de territórios e lembranças coletivas, o problema migratório em um tempo quando as fronteiras geográficas são rarefeitas, mas as políticas e culturais são cada vez mais concretas e, por fim, a questão da memória num tempo de transitoriedade e o papel da imagem nesse momento.

Segundo Farkas, uma das grandes novidades da 18ª edição do Videobrasil são os programas públicos: um conjunto de atividades educativas que abordam a mesma temática das mostras 30 Anos e Panorama Brasil. A programação inclui discussões que vão além do campo da arte e propõe tanto encontros e debates, quanto releituras performativas e ações de interação. Os programas públicos serão divididos em oito focos: o primeiro, já na semana de abertura do Festival, falará das práticas experimentais de vídeo dos anos 1980, o segundo, debaterá os temas que norteiam as mostras em cartaz nesta edição e o terceiro tratará das residências artísticas – parte da premiação da competição. Já o quarto foco, falará de performances e incluirá apresentações de Cão e Luiz de Abreu, selecionados da Panoramas do Brasil, e uma reedição das performances históricas de Alexandre da Cunha e Chelpa Ferro.   

No sexto foco, o Festival sairá do galpão do SESC Pompeia para ocupar outros espaços de cultura na cidade: o Pivô e a Casa do Povo. No primeiro, o tema será o papel do vídeo na relação entre cinema e arte visuais e na segunda, a produção artística e a construção da memória. No penúltimo foco, curadores e artistas convidados irão propor reinterpretações das exposições que fazem parte do Festival. O último e oitavo foco, À luz dos 30 Anos, discutirá a história do Festival Videobrasil, seu papel político durante a redemocratização do País, a legitimação do vídeo como suporte para a arte, a abertura para novas linguagens na última edição e a busca por novos artistas neste espaço geopolítico.  

Serviço
18ª edição do Festival de Arte Contemporânea SESC Videobrasil

SESC Pompeia – Rua Clelia, 93
Cine SESC – Rua Augusta, 2075
Pivô – Avenida Ipiranga, 200
Casa do Povo – Rua dos Três Rios, 252
De 6 de novembro a 2 de fevereiro de 2014
Mais informações

*Em destaque na home, a obra Galho (2012), do mineiro Alexandre Brandão.


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