A cada ano, de 3.000 a 5.000 crianças nascem com Síndrome de Down em todo mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Como a sociedade recebe essas pessoas? Como as veem e as incluem? Mesmo no campo legislativo, ainda temos que romper algumas barreiras em relação ao estigma, segregação, infantilização e falta de igualdade de oportunidades que normalmente estas pessoas enfrentam.
Estamos falando de um círculo imperceptível de exclusão que pode começar cedo, considerando que muitas crianças podem ter seu direito à educação inclusiva negado desde a educação infantil, seja pelos argumentos da falta de formação dos profissionais, falta de estrutura e apoio nas creches ou escolas e até pelo receio e insegurança da própria família.
Esta prática, que se dá de forma muito comum, é sustentada por uma visão que coloca em cheque o potencial da pessoa com Síndrome de Down, dando lugar ao estigma de uma pessoa fragilizada, sem autonomia. Por isso, a principal estratégia para enfrentarmos essa situação é proporcionar oportunidades ao indivíduo desde o início de sua vida, no intuito de estimulá-lo para que desenvolva suas habilidades e competências. Este novo olhar permitirá que pessoas com Deficiência Intelectual estejam na escola regular, no mercado de trabalho, que participem da vida política e, principalmente, que seus desejos e expectativas sejam percebidos e considerados não só pela sociedade e como pela sua própria família.
A Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2006, trouxe, de forma contundente, o rompimento da visão segregadora e assistencialista sobre a pessoa com deficiência, especialmente às pessoas com Síndrome de Down, muitas vezes percebidas como incapazes de viverem com autonomia e independência.
Felizmente, a deficiência vem sendo encarada no mundo como uma questão de direitos humanos e o trabalho cada vez maior de conscientização das famílias no sentido de se afirmar que a pessoa com Síndrome de Down tem os mesmos direitos e deveres de qualquer cidadão, foram e são fundamentais para quebrarmos os estigmas do passado. Todavia, ainda há muito que fazer. É preciso levar em conta a multidimensionalidade da deficiência, trabalharmos, prioritariamente, para que as políticas sociais sejam, de fato, inclusivas. É necessário que os serviços ofertados atendam às necessidades destas pessoas, a fim de garantir o melhor nível de independência e qualidade de vida. É preciso ressignificar o olhar que temos sobre estas pessoas.
Neste 21 de março, data em que comemoramos o Dia Internacional da Síndrome de Down, podemos dizer que um mundo equitativo, justo e inclusivo, que celebre a diversidade, livre de discriminação, e que ofereça oportunidades iguais para todos, é possível! São as atitudes que transformarão as diferenças em igualdade de oportunidades, e é isso que esperamos de toda a Sociedade.
*Aracélia Lúcia Costa é superintendente da Apae de São Paulo
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