Meus caros, imagino que poucos de vocês estejam acompanhando, mas quase todos os sites e blogs gays do mundo deram a notícia de que Sir Elton John, certamente um dos reis da música pop no mundo, tentou adotar uma criança ucraniana de 14 meses, soropositiva, mas teve o pedido negado. As autoridades daquele país declararam não reconhecer o casamento de dois homens – ele é casado com David Furnish – e também registraram, sem a menor misericórdia, que, com 62 anos de idade, ele já é muito velho para a adoção. A comunidade gay mundial rapidamente acusou os ucranianos de preconceituosos, e desceu-lhes a lenha, dando o exemplo de vários países ocidentais onde os gays se casam e adotam crianças. Quase todos mencionaram a incomensurável fortuna do cantor, que ficaria para o adotado, mas poucos comentaram a cruel menção a idade do cantor, que, no dia anterior à recusa, declarou em uma entrevista que não sabia exatamente como criaria a criança, pois viaja muito em suas turnês mundiais.
Eu amo Elton John. Meu chuveiro não aguenta mais me ouvir cantando I’m still standing, e eu ainda o considero superior ao falecido Michael Jackson. Quando ele, gay escandaloso que parece seguir o mesmo figurino de Hebe Camargo, recebeu da Rainha Elizabeth o título de Sir, toda a comunidade gay mundial se sentiu agraciada. Ele e David Furnish foram um dos primeiros gays a se casarem na Inglaterra. Ninguém o contesta como ícone pop e gay. Mas, permita-me meu ídolo, neste episódio, se eu obviamente não concordo com uma decisão que desconsidera o casamento gay, tampouco posso concordar com um pedido de adoção que me pareceu estapafúrdio. O próprio astro disse que sua vida é atribulada demais e que não sabe cuidar de uma criança. Lógico que ele pode contratar um exército de babás, mas dificilmente daria um lar a ela. Ser filho de milionário não é garantia nenhuma de felicidade, lembrem do triste exemplo de Cristina Onassis. Quanto à idade, não teríamos aí a adoção de um filho, mas de um neto. As autoridades ucranianas foram sábias ao somar as duas razões, ausência de casamento válido e idade, para justificar a sua negativa, e não me pareceram delirantes não.
Pop por pop, lógico que surge a comparação com Madonna, que descobriu na África um país chamado Malawi, do qual, fora da ONU, poucos tinham ouvido falar, e lá adotou duas crianças. Questão gay à parte, pois Madonna é hétero até a medula, ela está muito mais habilitada a adotar uma criança. A começar pelo fato de que já tem uma família formada por dois filhos, a simpaticíssima Lourdes Maria e o sempre hilário Rocco, e David, já adotado em Malawi em 2006, e cuida muito bem deles. Em todos os DVDs de suas turnês, ela aparece cuidando da prole. Não resisto a mencionar que, depois de adotar as crianças africanas, levou do Brasil um garoto chamado Jesus, de apenas 22 anos, mas, como este já se tornou, recentemente, maior de idade, vamos deixar este capítulo para outro post.
Sacha Baron Cohen não perdeu a deixa, e deu a Bruno, seu mais recente e obsceno personagem, uma criança negra e africana. Por mais que seja Bruno, a tirada é pertinente. Adotar criança é coisa séria, e eu acho que quem quer constituir uma família deve fazê-lo com o mínimo alarde. Não acho que a derrota de Sir Elton John seja uma derrota para os gays no mundo, sequer acho que seja um capítulo da luta dos gays por seus direitos. Sejamos otimistas, pelo menos este capítulo serviu para chamar a atenção para crianças soropositivas, que outros casais podem adotar. Sir Elton certamente dará uma contribuição milionária para eles, e a coisa deve ficar por aí. Não vamos nós, gays, embarcar na histeria da mídia e gastar bons argumentos à toa. Sorry meu ídolo.
E vocês, acham que a adoção de crianças pobres ou doentes por celebridades é positiva? Os ucranianos estão certos ou foram preconceituosos?
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