As mil vidas do doutor Drauzio Varella

Atualizado às 18h15 de 15/8

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SÃO PAULO DE BARESI JÁ É OUTRO TIME

Com exceção do juvenil Casemiro, os jogadores eram os mesmos, a camisa tricolor era a mesma, mas foi um outro time que se viu em campo sob o comando de Sergio Baresi.

São Paulo e Cruzeiro fizeram nesta tarde fria de domingo no Morumbi uma das melhores partidas do Brasileirão até agora. O empate de 2 a 2 premiou os dois times.

Baresi, que veio das equipes de base, teve apenas uma semana para treinar o time e o São Paulo voltou a jogar futebol, olhando sempre para a frente, sem passes para o lado ou para trás, sem medo de buscar o gol.

O São Paulo começou o jogo trocando bolas com rapidez e abriu o placar com um belo gol de cabeça de Casemiro, que fez a torcida esquecer rapidamente de Hernanes. No segundo tempo, o Cruzeiro voltou melhor, virou o jogo, com Wellington Paulista e Tiago Ribeiro. No finalzinho, o São Paulo achou o empate com Ricardo Oliveira.

Mesmo sem ganhar, o torcedor são-paulino voltou a sorrir e a confiar em dias melhores. Demorou para cair a ficha e dispensar Ricardo Gomes, mas agora parece que a sonolenta diretoria tricolor acordou e acertou na escolha do jovem técnico de 37 anos para promover uma renovação geral do elenco.

Foi só o primeiro jogo, e já deu para perceber que agora, pelo menos, temos um time para torcer sem passar vergonha.

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Vida de repórter é uma barra, muitas vezes incompreendida e mal remunerada, nos deixa muito tempo longe da família e dos amigos, não temos hora certa para nada, mas oferece algumas vantagens que nenhuma outra profissão pode nos proporcionar.

Uma delas é poder conhecer de perto a vida de outras pessoas, personagens que servem de exemplo e estímulo para todos nós. Por isso, sempre costumo dizer aos jovens estudantes de jornalismo que esta é a melhor profissão do mundo.

Tive mais uma prova disso ao ganhar a oportunidade de passar uma tarde conversando com o doutor Drauzio Varella, o médico multimidiático mais conhecido e admirado do país, para fazer uma reportagem que será publicada na edição de setembro da Brasileiros.

No caso dele, não se trata de uma vida só. São muitas as vidas vividas ao mesmo tempo por Drauzio, um paulistano do Brás, que chegou aos 67 anos com o pique de quem está começando a carreira, dedicando-se a múltiplas atividades, todas elas destinadas a melhor a saúde dos brasileiros.

Um dos fundadores do Objetivo, o cursinho de vestibulares que se transformou na maior instituição de ensino privado do país, começou a trabalhar cedo, dando aulas ao mesmo tempo em que fazia a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. E não parou mais.

Médico cancerologista e imunologista, ocupou dargos de direção em hospitais públicos e privados anonimamente, até se tornar um pioneiro no combate à Aids, trabalho que o levou, primeiro, ao rádio e, depois, à televisão, onde faz mais de dez anos apresenta séries voltadas à saúde nas noites de domingo no “Fantástico” da TV Globo.

Há duas décadas faz também um trabalho voluntário nos presídios. Começou no Carandiru, experiência que lhe rendeu um livro best-seller, depois levado às telas de cinema por Hector Babenco, e atualmente dedica as manhãs de segunda-feira às presas da Penitenciária Feminina.

Literatura, cinema, teatro, site na internet, a tudo Drauzio se dedica com o mesmo interesse, sem deixar de atender seus pacientes no consultório instalado num prédio em frente ao Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo, quando não está viajando pelo rio Negro, na Amazonia, para pesquisar plantas medicinais, um trabalho que quase lhe custou a vida ao contrair uma febre amarela selvagem.

Ex-fumante, que teve um irmão morto por câncer no pulmão, Drauzio virou um cruzado contra o cigarro, com um trabalho também pioneiro de mostrar que o tabagismo se transformara num grave problema de saúde pública.

Na hora de escrever a reportagem, que ainda não consegui terminar de escrever, não sabia nem por onde começar e achei melhor dividir sua história em capítulos para não confundir a cabeça do leitor.

É tão rica a trajetória da sua vida profissional e pessoal que a gente fica cansado só de ouvir, mas ele ainda tem disposição para correr os 42 quilômetros da próxima maratona de Chicago, na qual já está inscrito. Acorda todos os dias às cinco da manhã para correr antes de ir para o trabalho.

Quem anda desanimado porque ainda não descobriu o que fazer na vida ou cansado por achar que trabalha demais, precisa puxar uma conversa com este incansável doutor Drauzio, que fala sempre como se estivesse dando uma aula sobre como podemos viver melhor.

O único problema é que agora ele não pode mais sair às ruas, ir a uma festa, frequentar qualquer local público, que já vem logo alguém consultá-lo na maior intimidade, como se fosse um médico ambulante com receitas prontas para curar qualquer achaque da saúde. Astro da televisão, perdeu a privacidade, mas em compensação sente-se recompensado a cada dia com o resultado do seu trabalho.

Para quem sempre quis ser médico desde criança, não há nada melhor do que fazer o que gosta na vida e, com seu trabalho, ajudar milhões de pessoas a ter uma vida mais saudável. Em setembro, não percam a história completa das mil vidas do doutor Drauzio Varella, um brasileiro do bem.

Bom domingo a todos.


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