O Brasil, agora, é alvo dos tabloides ingleses. Sinônimo de jornalismo sensacionalista, tabloides são publicações especializadas em escândalos. Notório espécime foi o The News of the World – propriedade de Rupert Murdoch – que, em um escândalo digno de manchete de tabloide, foi acusado pelo uso de práticas bastante distantes daquelas que deveriam ser as aceitáveis para o exercício do jornalismo. O jornal inglês, entre outras baixarias, contratava investigadores particulares para bisbilhotar a vida das pessoas e também grampeava telefones. Alguns de seus executivos foram para a prisão, e Murdoch fechou o tabloide em 2011. O caso News of the World provocou uma grande discussão pública na Inglaterra sobre a imprensa e suas responsabilidades, ou, no caso, a falta delas.
Mas eles continuam aí. Em dezembro passado, o Daily Mirror publicou uma manchete sobre o Brasil. Alertava o torcedor que pretendesse viajar à “Homicida Manaus” para a Copa do Mundo, que iria assistir a um jogo de futebol em um dos lugares mais mortais do mundo. Em outro jornaleco, o Daily Mail, o torcedor inglês era avisado de que em Manaus iria enfrentar tarântulas, escorpiões, cobras e insetos venenosos.
À maneira de seus conterrâneos e, com motivos outros que não vender jornal, tanto The Economist como Financial Times têm reservado insistentes espaços para destilar ironia, provocações e ataques ao Brasil. O alvo no caso é a economia.
A revista inglesa publicou uma página com o título The 50-year snooze (Uma soneca de 50 anos), e no subtítulo lia-se: “Os trabalhadores brasileiros são gloriosamente improdutivos. Para a economia crescer, eles têm de acordar de seu estupor na melhor das hipóteses”. Não sabemos qual é a pior das hipóteses, mas de qualquer maneira o que é claro é que estamos todos por aqui sendo chamados de vagabundos.
Já o Financial Times, que vira e mexe faz mudanças no Ministério (não, não é no Ministério inglês que eles mudam ministros, eles se arvoram a sugerir trocas por aqui mesmo, aqui no Ministério brasileiro), assim se referiu à presidenta da República do Brasil: “Pobre Dilma Rousseff. A presidenta do Brasil projeta a tediosa aura de eficiência de Angela Merkel, exceto que o que ela entrega é a dos Irmãos Marx”.
Não quero propor aqui nenhuma competição para ver quem trabalha mais ou quem trabalha menos, mas não acho que ingleses, com todo o respeito, sejam exemplos de trabalhadores. Haja vista a família real. Já que falei em respeito, esta não é especialidade dos ingleses do Financial Times, eles passam ao largo dessa singela regra de educação.
Não se trata de competição mas o momento é propício para o futebol, afinal uma invenção britânica. Apesar disso eles só ganharam uma Copa do Mundo, a de 1966 e com um gol duvidoso contra a Alemanha, diga-se de passagem, como diz o Neto, comentarista da Band. E, nos confrontos com os brasileiros, tiveram um bom resultado que foi um empate de 0 a 0, em 1958, na Suécia. Parabéns! Nos outros três confrontos, apanharam por 3 a 1, no Chile, em 1962, por 1 a 0, no México, em 1970, e por 2 a 1, em 2002.
Na economia, sabemos que ainda temos muito a caminhar. Somos um País jovem e perto dos ingleses então, nem se fala. Somos uma criança. Mas com os nossos trancos e barrancos, estamos andando. E andando para frente. No mais recente ranking do Banco Mundial, os ingleses estão classificados como a nona economia mundial. A nona. O Brasil é a sétima. Sétima.
Sabemos que temos muito, mas muito mesmo a melhorar. E estamos trabalhando para isso. Longe de qualquer soneca de 50 anos.
Isto não é para inglês ver. Diga-se de passagem.
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