Durante o mês de junho, a Brasileiros publicou em seu portal a série “Direito de Escolha”, com textos sobre autismo e psicanálise. No primeiro artigo, falamos sobre o Centro de Referência da Infância e Adolescência e sobre o Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública. No segundo texto o assunto foi o Transtorno de Espectro Autista (TEA); e no terceiro artigo, abaixo, falamos sobre a reavaliação do atendimento ao TEA em São Paulo. A série se encerra com uma reportagem na edição 72 da Brasileiros, em julho.
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A Secretaria Municipal de Saúde quer saber como os 24 Centros de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS) está lidando com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). As equipes de profissionais da saúde mental, que lidam diretamente com os pacientes e seus familiares, foram convocados a responder um questionário de 12 perguntas, entre elas: Qual a concepção do TEA? Quais dispositivos e abordagens terapêuticas conhece e quais são aplicadas? A equipe considera a família integrante do projeto terapêutico da criança?
“Os dados serão tabulados para termos um diagnóstico preciso sobre sobre como este atendimento está sendo realizado em toda a cidade”, afirma Marcia Innocêncio Moreno, assistente técnica de saúde mental da Secretaria do Município de São Paulo. Ela é formada em Terapia Ocupacional e trabalhou durante 12 anos no CAPS Infantil da Moóca, na populosa Zona Leste da capital paulista “Em contato direto com pacientes e mães, percebo que o autista provoca nos outros sensações de estranheza, desconhecimento e até mesmo impotência, inclusive nos profissionais de saúde”, diz ela.
A Secretaria Municipal de Saúde pretende capacitar os profissionais de saúde para lidar com o TEA. “O paciente com TEA deve ser atendido em todas as idades, seja um bebê, uma criança, um adulto. E outro foco importante é preparar as equipes para fazer a detecção precoce, antes dos três anos de idade, o que amplia as possibilidades de a criança se estruturar psiquicamente e com isso melhorar sua qualidade de vida em todas as fases do desenvolvimento”, diz a assessora. Ela reconhece a sintonia do trabalho da Saúde Mental do Município com o Movimento da Psicanálise e Autismo Saúde Pública (MPASP): “Acredito que essa articulação está em consonância com a ‘Linha de Cuidado para a Atenção Integral as Pessoas com TEA e suas Famílias’, uma diretriz do SUS, que pretendemos alinhar no município de São Paulo e que também norteia o MPASP”.
A Linha de Cuidados prevê que o atendimento seja realizado por equipes multidisciplinares, nos dispositivos que já existem. “Queremos atuar em rede, fazendo a integração dos dispositivos de saúde, com os da educação, da cultura, da assistência social e não segregar os pacientes com TEA em serviços específicos”, diz Marcia. Até o final do ano, está previsto que entrem em funcionamento mais oito novos CAPS Infantis e um CAPS Infantil 24 horas, um serviço de emergência que ainda não existe na cidade.
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