Azeredo diz que é “inocente”

Após ser acusado pelos crimes de peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro na Ação Penal 536, conhecida como o mensalão mineiro, o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e ex-governador de Minas Gerias se defendeu e afirmou hoje à Folha de São Paulo ser tão inocente quanto o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, ao se referir a Ação Penal 470. Esta seria uma das estratégias para blindar o PSDB das acusações.

Na sexta-feira (7), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) – através do Ministro Roberto Barroso, relator da ação penal – a condenação do deputado em 22 anos de prisão, pelos crimes de peculato (três vezes) e lavagem de dinheiro (seis vezes). 

O parlamentar é acusado de ter autorizado o desvio de R$3,5 milhões do Banco do Estado de Minas (Bemge), da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia Mineradora (Comig). O desvio era destinado a um esquema que financiou sua campanha a reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.   

Segundo a procuradoria, o então candidato teria se beneficiado de recursos oriundos de um esquema que envolvia a empresa SMP&B, de propriedade do publicitário Marcos Valério, condenado na Ação Penal 470. 

O caso constrange os tucanos por atingir uma figura importante na legenda — Azeredo foi presidente nacional da sigla e senador — e por envolver Valério, condenado como operador do mensalão petista. 

O ex-tesoureiro do PSDB Claudio Mourão é apontado pelo procurador por ser autor de uma lista que discrimina os valores dos patrocínios forjados. Mourão seria o responsável por controlar os “fluxos de capitais utilizados na campanha à reeleição de Azeredo, cuja veracidade foi atestada em perícias realizadas pelo Instituto Nacional de Criminalística”, como consta na denúncia.

Tal lista, revelada em 2007, consta o total de repasses, o equivalente a 10,8 milhões de reais a parlamentares de 11 partidos. Incluindo o PT, mas onde reinam soberanos o PSDB e o PFL, atual DEM. Mourão sempre tentou negar a veracidade da lista, mas foi obrigado a reconhecer sua assinatura no papel depois de ser desmentido por uma perícia da Polícia Federal. 

Rodrigo Janot afirmou nas alegações finais encaminhadas ao STF que Azeredo “participou ativamente” das decisões de sua campanha derrotada à reeleição em 1998. Ainda de acordo com o procurador-geral, Azeredo teria atuado na coordenação financeira da própria campanha, e, em momento posterior (a partir de 2002) participou do movimento para tentar impedir que os fatos chegassem ao conhecimento das autoridades competentes. 

O ex-governador de Minas Gerais afirmou que não autorizou os repasses para as empresas de Marcos Valério. 

O relator do caso deve abrir prazo de 15 dias para a defesa de Azeredo apresentar as suas alegações finais. 


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.