Britânicos de novo? Sim, não é surpreendente como eles geram assunto? Desta vez não vou falar sobre gays no exército britânico e na igreja anglicana. Para nos dar mais inveja, eles têm David Beckham, jogador de futebol fantástico e lindo como Narciso. Heterossexual, é verdade, mas ninguém é perfeito. Poucos heróis britânicos desta virada de século souberam explorar sua inegável beleza e sensualidade publicamente, com bom gosto e bom humor. “Sou lindo, e daí?”, pode dizer ele, e é. Joga futebol muitíssimo bem, isso é fundamental, mas rompeu com o padrão bruto e rude dos atletas em geral. Testosterona e beleza podem andar juntos e fazer gols, ele é a prova viva disso, para deleite da mídia, que chama de metrossexualismo. Tatuou até as bem torneadas nádegas de atleta, e os colegas de time no Milan, onde joga, não perdoaram: transformaram a bunda do bretão em amuleto da sorte, e passam a mão nela sem pudor algum, no maior bom humor, e Beckham dá risada.
Só alguém absolutamente tranquilo quanto à própria sexualidade pode se expor assim, fazendo propaganda de cosméticos, usando brincos de brilhantes e roupas de grifes, com muito bom gosto, diga-se. Ele se casou com uma mulher linda e teve 3 filhos iguais a ele (obrigado Jesus!), dois dos quais afilhados do ícone gay Elton John. Semana passada, para apoiar uma campanha de levantamento de recursos para causas humanitárias, Beckham fez o inimaginável: gravou um esquete no qual ele e um comediante gordão encenam um casal gay, com direito a cenas românticas na cama e na banheira. Qual jogador de futebol, na terra de Pelé, teria coragem de se passar por gay num filme para televisão, sem medo disso? Homossexualidade no futebol brasileiro é confinada ao assédio nos vestiários, ou entregue à violência das torcidas, não pode sequer ser mencionada pela imprensa esportiva. Homem brasileiro é assim, nem brinca de ser gay, em hipótese alguma. Afinal, o que podem pensar?
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