Meus caros, achei maravilhoso o protesto dos gays catalães contra o Papa, em Barcelona. Ao invés de qualquer ação violenta, um beijaço, lindo e pacífico, iniciado no momento em que o papamóvel passava. A coisa foi muito bem organizada, com convocação prévia pela internet, e a polícia não pôde fazer nada para impedir, pois a lei não proíbe, e, além do mais, era impossível saber, entre tanta gente, quem realmente iria aplaudir o homem, e quem iria beijar. Duvido que o papa tenha visto qualquer coisa, pois fica fechado dentro daquele mínimo veículo, o mesmo que utilizou no Brasil, e passa rápido, acenando suavemente, com seu sorriso de Dick Vigarista. Mas as fotos que se espalharam pela mídia mostram vários casais se beijando, ele verá depois. A manifestação foi pacífica, ninguém foi ferido, e não se pode mais alegar que a visão de casais de homens ou de mulheres se beijando ofenda ninguém. Vale lembrar que, na Espanha, o casamento de homossexuais é permitido por lei, e que Barcelona é uma das cidades mais receptivas aos gays em toda a Europa. O Papa não aprova? Azar o dele. Ele acabara de consagrar a catedral da Sagrada Família, obra maior do arquiteto catalão Gaudí, que nunca foi totalmente terminada, mas que é um dos maiores monumentos de toda a humanidade. As imagens de dentro da catedral, durante a missa, são lindíssimas, e isso é que deveria chamar a atenção: aquele templo deslumbrante, consagrado à sagrada família, e os gays também são parte dessa família, queira sua santidade ou não. Na Espanha, a Igreja já perdeu a luta contra nós, o reino de Sua Majestade Juan Carlos I é laico, e temos plena igualdade de direitos. Tem mais é que se beijar nas ruas, sim.
É impressionante como a ideia de dois homens se beijando, um ato de amor, possa chocar alguém, em pleno século XXI. Resquícios da idade das trevas, a ser combatido com manifestações como essas. Já fizemos coisa igual por aqui, os franceses fizeram várias vezes, em diferentes cidades, e o efeito de mídia acabou sendo positivo. É aquela evolução da humanidade em que eu continuo a crer, sempre otimista. Não existe volta para isso, mas o avanço é lento. Quem sabe não nos beijamos em prol da PL 122/06 ?. Razões não nos faltariam, vamos lá. Abraços do Cavalcanti.
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