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Com o intuito de evitar que o planeta aqueça em um nível que ameace a existência humana, países do mundo todo se reuniram na Cúpula do Clima da ONU (COP 21) para fazer um acordo universal (Acordo de Paris), visando à diminuição das emissões de gás carbônico na atmosfera. O documento final foi considerado o mais importante desde a criação do Protocolo de Kyoto, em 1998, quando se iniciou a campanha pela qualidade do clima. O Acordo de Paris envolve 195 países e está previsto para entrar em vigor em 2020.

O objetivo é chegar a um aquecimento global de, no máximo, 2ºC até lá. Mas há a expectativa de limitar em 1,5ºC. Em termos práticos, a partir de 2020, cada país ficará responsável por apresentar dados, a cada cinco anos, sobre as ações feitas durante o período para atualizar as metas.

O acordo prevê ainda que as ações sejam financiadas por fundos disponibilizados pelos países desenvolvidos, cujo valor mínimo é de US$ 100 bilhões anuais R$ 320 bilhões). A questão será como transferir o financiamento dos subsídios dos combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural, que, em conjunto, somam mais de US$ 470 bilhões (R$ 1,3 trilhão) por ano, para bancar as propostas. No entanto, o documento não traz uma data inicial para o pagamento desses valores. Marcio Astrini, diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil, diz que o documento é importante. “Essa é a primeira vez que 195 países se unem para lutar contra as mudanças climáticas.”

O Brasil chamou a atenção durante a conferência ocorrida no mês passado, em Paris. Foi o país que mais reduziu as emissões de gás carbônico na atmosfera nos últimos seis anos. A taxa anual de desmatamento legal, de acordo com os dados do governo, também caiu de 27.772 km² para 5.015 km², de 2013 para 2014. Em outras palavras, foi preservada uma área equivalente a duas vezes o território das Ilhas Malvinas, no Oceano Atlântico.

Responsável por 4,17% das emissões globais de gás carbônico, segundo pesquisa realizada em 2014 pelo The Climate Change Performance Index, o Brasil pretende reduzir em 37% as emissões até 2025, chegando a 2,63%, e em 43% até 2030, chegando a 2,38% de emissões. Se conseguir atingir a meta, ficará próximo de países como Alemanha e Indonésia.

Se por um lado o Brasil está fazendo bonito, distanciando-se dos países mais sujos do mundo (China e Estados Unidos lideram o ranking), por outro também está longe de se tornar um exemplo. Os países mais limpos do globo são os nórdicos, com Islândia aparecendo em primeiro lugar.

Mas o governo brasileiro está com força de vontade. Pretende zerar o desmatamento legal e restaurar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 (área equivalente ao tamanho da Inglaterra). Para Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, organismo científico nacional criado pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, o País precisa se esforçar para cumprir as metas. “Demoramos 20 anos para fazer um acordo climático global. Agora o País precisa se empenhar para cumprir suas metas. É importante intensificar a fiscalização do desmatamento, incentivar energias renováveis e criar punições contra os combustíveis fósseis.”

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Com esses objetivos, o Brasil entra para a “coalizão de alta ambição”, grupo que busca compromissos mais ousados para conter o aumento da temperatura do planeta. Segundo Andrea, os países precisam avaliar as propostas durante a trajetória de cinco anos e atualizar os projetos para que os combustíveis fósseis cheguem ao fim.

Em nota oficial, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o acordo define nova fase da luta contra as mudanças do clima. “O acordo é justo e ambicioso, fortalecendo o regime multilateral, atendendo aos legítimos anseios da comunidade internacional.”

Apesar dos avanços, Astrini, do Greenpeace, ainda tem dúvidas sobre o cumprimento da meta estabelecida para o aquecimento. “As promessas de cortes de emissões feitas pelos líderes, ainda que cumpridas integralmente, nos levarão a um aquecimento entre 2,7º C e 3,5º C. Isto é, só vão alcançar a metade do necessário.”

O Brasil apresentou um conjunto de propostas ambiciosas. Paralelamente, lançou um plano nacional de energia. De acordo com o governo, 70% dos investimentos na área serão destinados aos combustíveis fósseis nos próximos dez anos.

O clima também é assunto no Vaticano. Meses antes da COP 21, o papa Francisco divulgou uma carta, dizendo que as mudanças climáticas acarretam prejuízos diretamente à população, sobretudo, às dos países mais pobres. Ele reafirma que, se nada for feito em relação a esse problema, a desigualdade social tende a aumentar.

A questão da poluição climática também afeta a saúde das pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o aumento global da temperatura pode implicar o desenvolvimento de doenças graves, como a malária, além de favorecer a multiplicação do mosquito Aedes aegypty, transmissor do vírus da dengue, da chikungunya e do zika, que podem atravessar a fronteira brasileira e chegar a outras regiões do mundo, como o continente europeu.

A OMS assegura que os efeitos sobre a saúde serão desproporcionalmente maiores nas populações vulneráveis, o que inclui crianças, idosos e aqueles que já têm a saúde comprometida.

Os líderes mundiais deram um passo importantíssimo em Paris. Países desenvolvidos assumiram posição de responsabilidade para ditar um novo ritmo. Já está comprovado: caso as promessas não se tornem reais, várias cidades serão atingidas até 2050. O Rio de Janeiro poderá ter parte de sua beleza engolida pelo aumento do nível do mar, a italiana e charmosa cidade de Veneza corre risco de ficar coberta de água. Em uma perspectiva ruim, milhares de pessoas ao redor do mundo ficarão desabrigadas e vão ter de criar alternativas para se adaptarem a uma nova forma de viver em uma temperatura cada  vez mais quente. 


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